24 AUTOMÓVEL zir o peso dos veículos para melhorar a eficiência e a autonomia coloca os plásticos em destaque como substitutos de metais mais pesados. Nos últimos anos, a utilização de plásticos nos automóveis aumentou cerca de 30%, contribuindo para a redução de peso dos veículos. Esta tendência inclui soluções como fundos aerodinâmicos e alojamentos de baterias em plástico, que são mais leves e eficientes. Gonçalo Tomé sublinha que os veículos elétricos exigem soluções aerodinâmicas mais eficientes, com peças plásticas leves que reduzem o arrasto. Os alojamentos das baterias também oferecem uma oportunidade importante, já que os plásticos são mais leves e apresentam menos risco de curto- -circuito em comparação com o metal. Ainda de acordo com o representante da APIP, a redução do peso dos carros contribui diretamente para a melhoria da eficiência energética, enquanto o plástico facilita a reciclagem, permitindo maior incorporação de materiais reciclados nos processos produtivos. Gonçalo Tomé enfatiza também que os plásticos têm um consumo energético relativamente baixo no processo de reciclagem, o que os torna uma opção mais eficiente comparado com outros materiais como vidro ou alumínio. Por todos estes motivos, quanto a este tema, o responsável da APIP remata afirmando que “esta transição, longe de ser uma ameaça, representa uma oportunidade para o setor”. A GESTÃO DE VEÍCULOS EM FIM DE VIDA A reciclagem de peças provenientes de VFV é outro grande desafio. Atualmente, grande parte dos veículos abatidos na Europa não são desmontados, mas compactados e enviados para reciclagem de metais, o que dificulta a recuperação de plásticos. Gonçalo Tomé defende, por isso, que a triagem e separação seletiva de materiais no abate de veículos deve ser uma prioridade para alcançar as metas de reciclagem impostas pela União Europeia. Contudo, este processo exige regulamentação e investimentos em infraestrutura por parte dos Estados-Membros. Além disso, a exportação de veículos usados para fora do espaço comunitário dificulta o controlo do destino final dos materiais. Para mitigar este problema, será necessário reforçar a rastreabilidade ao longo do ciclo de vida dos veículos. IMPACTO ECONÓMICO O setor de plásticos representa cerca de 20% do volume de negócios da indústria portuguesa de componentes automóveis, que atingiu 14,3 mil milhões de euros em 2023. Isso demonstra a relevância do setor para a economia nacional, mas também destaca a necessidade de apoiar as empresas na transição para modelos mais sustentáveis. Embora a maioria das empresas portuguesas já tenha adotado medidas para reduzir a pegada carbónica, a incorporação de plásticos reciclados poderá aumentar os custos de produção. Estes custos, associados às exigências de certificação e ao acesso a materiais reciclados, poderão impactar a competitividade no mercado global. TRANSIÇÃO SUSTENTÁVEL Apesar dos desafios, Gonçalo Tomé acredita que o setor está bem posicionado para lidar com estas mudanças. “Muitas empresas já alcançaram a neutralidade carbónica em âmbitos como o uso de energia renovável e o aproveitamento de materiais reciclados”, afirma. Com o apoio de políticas públicas e a colaboração entre diferentes agentes do setor, a transição para uma economia circular poderá impulsionar a competitividade da indústria portuguesa e contribuir para a redução do impacto ambiental do setor automóvel. “A transição energética, longe de ser uma ameaça, representa uma oportunidade para o setor”, afirma Gonçalo Tomé
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