BP19 - InterPLAST

51 RECICLAGEM Em contrapartida, a reciclagem química decompõe os plásticos a nível molecular. Os óleos de pirólise produzidos são enviados para os crackers a vapor (steam cracker, em inglês) e substituem as matérias-primas à base de combustíveis fósseis. Os crackers a vapor produzem os monómeros que são subsequentemente polimerizados para criar novos plásticos que substituem as matérias-primas à base de combustíveis fósseis. De acordo com a Universidade de Ghent, o rendimento dos monómeros produzidos nos crackers a vapor a partir de óleos de pirólise obtidos a partir de plásticos reciclados é semelhante ao das matérias-primas de origem fóssil. Os recentes avanços na tecnologia de pirólise da reciclagem química permitem um processamento mais eficiente de resíduos mistos selecionados para produzir plásticos reciclados de qualidade alimentar, com os mesmos níveis de segurança e desempenho que os plásticos fabricados a partir de combustíveis fósseis. Combinando a pirólise com a gestão de contaminantes e a conversão molecular, a Honeywell UOP desenvolveu um processo de pirólise que converte os resíduos plásticos de baixa qualidade em matéria-prima que pode ser utilizada para produzir novos plásticos de qualidade virgem. COLABORAÇÃO CRÍTICA Importa dizer que a reciclagem mecânica e a química não concorrem entre si, pelo contrário, devem complementar-se mutuamente. Quando os resíduos são adequados, a reciclagem mecânica oferece um método simples e de baixas emissões para devolver os plásticos à utilização. Quando o plástico está contaminado, é complexo ou de má qualidade, a reciclagem química evita que acabe em aterros ou incineração e pode reduzir radicalmente a necessidade de plásticos virgens. Tal como as duas tecnologias podem trabalhar em conjunto para nos aproximarmos de uma economia circular dos plásticos, o mesmo acontece com a colaboração entre todos os intervenientes no sistema de gestão de resíduos: transformadores, recicladores, processadores, retalhistas e fabricantes de bens de consumo. Um dos principais obstáculos à reciclagem dos plásticos tem sido a desconexão e as incoerências entre estes players e as suas abordagens à reciclagem. A este respeito, a Honeywell propôs- -se a ligar os diferentes intervenientes, trabalhando com empresas de gestão de resíduos para licenciar a sua tecnologia de processo UpCycle, facilitando assim a adoção de mecanismos de reciclagem avançados. Por outro lado, é também vital que todas as partes envolvidas eduquem o público consumidor sobre a forma como estas mudanças devem afetar os hábitos de reciclagem e defendam as alterações necessárias nos esforços de recolha. As marcas têm um papel fundamental a desempenhar neste domínio, uma vez que podem ajudar comunicando aos consumidores as alterações nos materiais de embalagem e as novas práticas de reciclagem. Embora esta colaboração já esteja a ganhar força entre as empresas, ainda há muito trabalho a fazer na reciclagem e na produção. No entanto, a atenção deve também centrar-se nos consumidores, encorajando-os a reciclar e, acima de tudo, facilitando o mais possível a sua ação através da redução de barreiras, como a necessidade de separar diferentes materiais. Para que isto funcione e, em última análise, para alcançar a economia circular desejada pela indústria, pelos governos e pelos cidadãos, será necessário utilizar toda a gama de ferramentas e tecnologias disponíveis. n “A sociedade precisa de uma abordagem holística para conseguir uma maior reciclagem de plásticos, o que significa adotar toda uma nova série de tecnologias”, diz Kevin Quast

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