50 RECICLAGEM Rumo à circularidade dos plásticos De todo o plástico fabricado entre 1950 e 2017, sete mil milhões de toneladas transformaram-se em resíduos, uma quantidade que continua a aumentar. Atualmente, o mundo produz o dobro do plástico que produzia há duas décadas, e oito milhões de toneladas por ano acabam nos oceanos. Em 2050, poderá haver mais plástico no mar do que peixes, segundo a WWF. Kevin Quast Global Business Lead Honeywell Plastics Circularity Business No entanto, é pouco provável que a necessidade de produzir plástico desapareça a curto prazo. Os plásticos desempenham um papel importante na conservação dos alimentos ou na proteção dos produtos médicos, por exemplo. A nossa sociedade continua a precisar deles para manter e aumentar os padrões de vida saudável, moderna e segura. Este facto desafia os decisores a implementar soluções realistas e eficazes para reduzir os resíduos de plástico. OS GOVERNOS TÊM DE TOMAR MEDIDAS Em todo o mundo, as agências governamentais estão a trabalhar para reduzir os resíduos de plástico. Estas medidas podem assumir a forma de restrições ou proibições de plásticos de utilização única, como os sacos de supermercado. Em Portugal, a proibição de comercialização de alguns plásticos de uso único entrou em vigor a 1 de novembro de 2022. Já este ano, estava prevista para 1 de junho a proibição do uso de sacos de plástico ultraleves, especialmente utilizados no retalho para colocar fruta, legumes e pão, mas o Governo português decidiu alterar a norma e passar a taxar estas embalagens. O documento final está em fase de preparação. No entanto, a legislação, por si só, não resolverá o problema. A sociedade precisa de uma abordagem holística para conseguir uma maior reciclagem de plásticos, o que implica a adoção de uma série de tecnologias. PARA DESAFIOS COMPLEXOS, TECNOLOGIA COMPLEXA Atualmente, as tecnologias de reciclagem mecânica processam a maior parte do plástico que é desviado do fluxo de resíduos. Neste processo, o plástico é transformado em pellets que são utilizados para criar novos produtos, um método que está muito difundido devido à sua acessibilidade, eficiência energética e relação custo- -eficácia. Os novos desenvolvimentos também alargaram a gama de plásticos que podem ser reciclados mecanicamente para além do politereftalato de etileno (PET), incluindo materiais mais difíceis, como as embalagens flexíveis. No entanto, a reciclagem mecânica tem as suas limitações. As propriedades físicas do material degradam-se durante o processo, os plásticos reciclados por este método têm um leque limitado de aplicações e acabam muitas vezes por ser utilizados na produção de mobiliário de jardim ou de tecidos. Além disso, alguns plásticos - como os filmes, os mistos e os plásticos coloridos -, são difíceis de processar por este tipo de reciclagem. Ao mesmo tempo, a regulamentação restringe o conteúdo de plástico reciclado que pode ser utilizado em determinadas aplicações, como as embalagens que entram em contacto com os alimentos, que exigem uma esterilização ou descontaminação adicional antes de poderem ser utilizadas.
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