30 SUSTENTABILIDADE resíduos, entre muitos outros), o consórcio considera essencial promover a criação de um ecossistema de inovação capaz de envolver todos estes agentes económicos, assim como os consumidores, no sentido de endereçar os desafios que a economia circular apresenta. Apoiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), esta agenda verde é uma das 53 agendas mobilizadoras para promover a inovação empresarial rumo a uma operação mais sustentável. Presente na apresentação, Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, sublinhou a importância do foco nos resultados. “Claro que o investimento é importante porque sem investimento é difícil desenvolver um conjunto de atividades, mas o mais importante no meio das agendas mobilizadoras são os PPS, os chamados produtos, processos e serviços, que cada agenda mobilizadora consiga alcançar e que, na realidade, cria uma sociedade mais verde e mais sustentável”. Neste caso, o projeto está estruturado em quatro Work Packages (circuFilipe de Botton, chairman da Logoplaste, empresa que lidera o consórcio, salientou que a indústria “perdeu completamente a guerra da comunicação”. laridade pelo design de material, circularidade pelo design de produto, circularidade pela reciclagem e circularidade pelas matérias-primas alternativas), pelos quais se distribuem 14 projetos em andamento (os chamados PPS), todos eles feitos da colaboração de diferentes stakeholders. Por exemplo, o PPS 1 está a estudar a forma de substituir materiais fósseis por derivados de milho para produzir objetos de cutelaria como copos e taças; o PPS 6 visa potenciar a reciclagem de cápsulas de café, desenvolvendo um material já pensado para a reciclagem; já o PPS9 está a desenvolver uma espécie de passaporte digital a incorporar nas embalagens plásticas, que vai permitir acompanhar todo o seu percurso de vida, incluindo onde foi vendida e quem a adquiriu; ou o PPS 13 que está a desenvolver um composto baseado em amido de milho para criar novos sacos para acondicionar fruta e legumes no supermercado. Neste sentido, Pedro Dominguinhos sublinhou a importância da colaboração para alavancar a mudança: “As agências mobilizadoras têm uma particularidade relevante, que é de potenciarem e desenvolverem uma cultura de cocriação entre empresas, entre instituições do sistema científico e tecnológico, entre associações empresariais, comerciais e de outra natureza. E isto é particularmente relevante porque os Work Packages existem, mas Work Packages per si fazem pouco se não estiverem integrados numa cultura mais global da própria agenda mobilizadora”. Para além disso, é preciso ganhar a opinião pública. Neste sentido, Filipe de Botton, chairman da Logoplaste, empresa que lidera o consórcio, salientou que a indústria “perdeu completamente a guerra da comunicação”, pois deixou que se criasse uma má imagem dos plásticos. Defendeu que é preciso de facto medir o real impacto dos produtos no ambiente e que o plástico vence muitas vezes quando comparado com outros materiais. E exemplificou com os copos de papel que, para conseguirem manter a água, são forrados a plástico por dentro – “o pior que pode acontecer para a circularidade”. Assim, para Filipe de Botton, “não se vive sem plásticos. Se dissermos ‘acabemos com o plástico’, instantaneamente deixamos de ter telemóveis, por exemplo. É mesmo impossível vivermos na sociedade que estamos e desenvolvê-la sem plásticos”. Até dezembro de 2025, esta agenda verde deverá envolver cerca de 427 recursos humanos altamente qualificados nos domínios das ciências, engenharias e tecnologia, promover mais de 80 ações de formação e permitir criar novos postos de trabalho. O montante de investimento global envolvido ronda os trinta e nove milhões de euros, devendo a agenda estar concluída e com resultados concretizados até 31 de dezembro de 2025. n C M Y CM MY CY CMY K
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