BP19 - InterPLAST

ENTREVISTA 20 No caso concreto do nosso setor, a tudo isto acresce a má reputação dos plásticos. Quando dizemos que trabalhamos nesta indústria, muitos olham-nos como se fossemos os grandes inimigos do planeta. As pessoas nem se apercebem da quantidade de plástico que têm em casa, nos automóveis, nos eletrodomésticos, nem de como seria a sua vida sem o plástico. Não faz qualquer sentido voltarmos a ter de transportar embalagens de vidro, por exemplo. É óbvio que há um caminho a fazer para aumentar a reciclagem e reutilização. Na Europa temos dado passos importantes nesse sentido, que ainda não se verificam em outras partes do mundo. Enquanto isso não mudar, a imagem do plástico não mudará. Em relação às necessidades do setor, penso que a principal é mesmo a de mão de obra. Muitas empresas têm vindo a apostar na automatização, como forma de compensar a falta de pessoal. Vemos estas soluções em diversos pontos das linhas: no manuseamento da peça, no controlo de qualidade, no embalamento, entre outros. E, de que forma está o setor a evoluir, depois da montanha russa dos últimos anos? Acho que ainda estamos na montanha russa. Um dos principais indicadores disso mesmo é o estado da indústria de moldes que, nesta fase, ainda não tem trabalho suficiente para ocupar o aumento da capacidade instalada nos últimos anos. Isto é reflexo, por um lado, da deslocação de muita produção para países da Europa de Leste e para o México. A incerteza que afeta os mercados e o facto de estarmos na ponta da Europa, com as consequentes dificuldades logísticas, não ajudam. Seria importante, por exemplo, termos uma forma de colocar os produtos no centro da Europa através de ferrovia, um meio de transporte rápido e mais ecológico que o tradicional camião. Esta evolução reflete também mudanças nos principais setores cliente? Em que fase está, por exemplo, a indústria automóvel? Eu diria que está numa fase estranha. Por um lado, vemos que há imenso potencial nas inovações que os fabricantes têm vindo a apresentar, como as novas formas de alimentação, a condução autónoma ou a própria evolução na iluminação LED. Destes projetos deveriam sair novas tecnologias de injeção e mais peças para incorporar eletrónica e sensores, por exemplo. Mas, talvez condicionada pela recessão na Alemanha e pelas questões ambientais, que levam muitos consumidores a adiar a compra de carro, a evolução na indústria automóvel não está a acontecer com a velocidade que esperávamos e Portugal estará também a sentir isto. Neste momento, a situação só pode melhorar. E tenho a sensação que isso já está a acontecer. Falemos um pouco da vossa parceria com a Engel. Como é trabalhar com uma das principais referências mundiais em máquinas de injeção de plásticos? Somos agentes da Engel há quase 30 anos. Esta longa parceria dá-nos muita confiança, mas também muita responsabilidade e exigência, quase como se fossemos uma subsidiária. Isto, acima de tudo, deixa-nos muito orgulhosos e motivados para continuar o nosso trabalho com a marca. Acho que o facto de se tratar de uma empresa familiar tem muita influência. Nós sabemos que, sempre que é necessário, temos do outro lado pessoas com quem falar. Inclusive, participamos em reuniões importantes, de discussão de budget, de vendas, de formação, tal como as subsidiárias da empresa. Existe uma relação de total confiança entre nós. E isso é muito gratificante. A Engel tem vindo a apresentar diversas soluções de software para otimização dos processos de injeção, nomeadamente, com incorporação de reciclado. Este tipo de solução tem tido boa aceitação entre os clientes nacionais? A Engel desenvolveu esses programas para facilitar a vida aos operadores e, de alguma forma, colmatar a falta de mão de obra qualificada. Softwares como o IQ clamp control, o IQ melt control e o IQ temp permitem tirar o máximo partido das máquinas, de uma forma automática. Tal como o IQ weight control, que ajuda a estabilizar o processo de injeção, principalmente com incorporação de reciclado. Qualquer um deles é uma grande mais valia para as empresas. De uma forma geral, os nossos clientes têm recebido bem estas soluções. Muitos têm alguma relutância inicial, já que alguns destes softwares são pagos, mas quando adquirem o primeiro e percebem as vantagens, acabam por comprar outros. Claro que, para tirar o máximo partido destas ferramentas, elas têm de ser realmente usadas, e de uma forma consistente. Por isso, também temos previstas ações de formação nesta área. Além desta, quais são as principais tendências nos equipamentos de transformação de plásticos? Na injeção, o grande desafio é fazer peças com menos consumo de energia e com zero rejeitados, ou seja, fazer da indústria de plásticos uma indústria sustentável. Neste campo, a Engel acaba de ser reconhecida pela Ecovadis como uma das empresas mais sustentáveis do mundo, muito graças ao investimento em equipamentos que respondem a essas exigências.

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