www.interplast.pt 2023/4 19 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Outubro, Novembro, Dezembro 2023 - Nº 19 | www.interplast.pt O mundo ENGEL Eficiência. Fiabilidade. Inovação.
NOVO Mould Track A5950/... - A5958/... ▪ Utilização eficiente dos recursos ▪ Interligação digital dos processos ▪ Otimização do planeamento da produção ▪ Minimização dos períodos de paragem ▪ Melhor garantia de qualidade ▪ Maior flexibilidade A tecnologia de localização interior precisa permite o rastreio e a localização para os moldes de injeção Com a integração de módulos de rádio de banda ultralarga precisos e uma plataforma de software inteligente, este sistema inovador permite uma localização em tempo real com precisão de poucos centímetros. Entre em contacto com o seu técnico comercial www.hasco.com/contact O futuro da localização em espaços interiores
SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_interplast@interempresas.net www.interplast.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127297 Déposito Legal 455414/19 Distribuição total +2.000 envios. Distribuição digital a +1.300 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Nº 19 – Outubro, Novembro, Dezembro 2023 Estatuto Editorial disponível em https://www.interplast.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterPLAST adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 6 EDITORIAL 7 OBRIGADA, PLÁSTICOS 12 Relatório ‘Plastics - the fast Facts 2023’: a quota dos plásticos circulares está a aumentar 16 Entrevista com Hugo Brito, diretor geral da Equipack 18 Projeto LEIMSA antecipa futuro do interior automóvel 22 Consórcio nacional quer alavancar transição sustentável da indústria dos plásticos 26 Embalagem sustentável para transporte de produtos termossensíveis 32 Fabrico aditivo a caminho da sustentabilidade 34 Novas tecnologias de fabrico aditivo definem o rumo para um futuro industrial mais produtivo e sustentável 38 Processamento aditivo de recompostos 42 Fabrico aditivo por extrusão de mobiliário de grande formato 44 Reduza a pegada de carbono da sua empresa com escolhas inteligentes de materiais 48 Rumo à circularidade dos plásticos 50 Entrevista com Manfred Renner, diretor do Instituto Fraunhofer de Tecnologia Ambiental, Segurança e Energia UMSICH 52 Análise quantitativa de um plástico reciclado heterogéneo 56 Comparação de tecnologias: repelletização vs. trituração 58 Potenciais utilizações de diferentes qualidades de materiais reciclados em embalagens de plástico 60 Erema apresenta nova máquina de dupla filtragem para reciclagem pós-consumo 70 OTX: a revolução na secagem 74 Busch apresenta nova geração da MINK MM 76 Extrusão e extrusão-sopro transformam 25 milhões de toneladas de plásticos por ano na Europa 78 Novos standards na produção de tubos compostos de plástico e metal 80
6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Repsol lança gama completa de poliolefinas sustentáveis para cabos Os fabricantes de cabos estão cada vez mais empenhados em conceber produtos e soluções com menor impacto ambiental, de forma a reduzir as suas emissões tanto na fase de produção como na fase de utilização. Para cumprir este objetivo, a Repsol oferece a primeira gama completa de poliolefinas que responde às necessidades de melhorar a sustentabilidade dos produtos dos seus clientes na indústria dos cabos. Para complementar a gama de produtos múltiplos de 42 graus (mPELBD, PEAD, PEBD, EVA, EBA e PP) para cabos, a empresa oferece também alternativas de base biológica e circular e três novos graus que incorporam conteúdo proveniente da reciclagem mecânica de resíduos plásticos. De acordo com a Repsol, os novos materiais da gama Reciclex para cabos não só reduzem a pegada de carbono, como também ajudam a satisfazer a crescente procura de produtos sustentáveis. A gama Repsol Reciclex inclui polietileno de baixa densidade (PEBD) e polietileno linear metaloceno de baixa densidade (mPELBD) com conteúdo mecânico reciclado que varia entre 55% e 70% de resíduos plásticos pós-consumo (PCR) com certificação Recyclass. Para as empresas que requerem certificação ISCC Plus, estão disponíveis três gamas: Poliolefinas 100% circulares provenientes da reciclagem de produtos químicos; Poliolefinas de base biológica de primeira geração a partir de culturas de origem sustentável; Poliolefinas bio-circulares de segunda geração a partir de resíduos orgânicos. Cabopol Polymer Compounds anuncia nova fábrica no México A Cabopol - Polymer Compounds, especialista na produção de compostos termoplásticos e reticulados, está a ampliar a sua presença global com a construção de uma nova unidade de produção em Monterrey, no México. A nova fábrica terá uma configuração inicial de duas linhas, com potencial de expansão e capacidade de produção de 25 mil toneladas por ano. "Este investimento representa o nosso compromisso com o crescimento e a inovação na indústria dos polímeros”, refere a empresa em comunicado. Com conclusão prevista para dezembro de 2023, a nova fábrica estará localizada no coração da zona industrial de Monterrey e ocupará uma área de 10 mil metros quadrados. É a primeira instalação da Cabopol no continente americano, após os investimentos realizados na Sérvia, Marrocos e Portugal. “Equipada com as mais recentes tecnologias e equipamentos, permitir-nos-á produzir compostos poliméricos de alta qualidade a um custo competitivo. Esta expansão irá aumentar significativamente a nossa capacidade de produção, melhorar a eficiência da cadeia de abastecimento e reduzir os prazos de entrega para os nossos clientes nos mercados mexicano e americano”, assegura a empresa.
7 EDITORIAL Aproximamo-nos a passos largos dos prazos definidos pela União Europeia para alcançar as metas de incorporação de reciclado em novos produtos de plástico. Em Portugal, decorrem diversos projetos com o objetivo de aumentar a circularidade dos plásticos - como o ‘Sustainable Plastics’ ou o ‘Embalagem do Futuro’, abordados nesta edição -, em que parte do trabalho passa, exatamente, por encontrar formas de aumentar o teor de reciclado nos novos produtos. No entanto, para que esse processo seja bem-sucedido, é necessário que o reciclado disponível cumpra os requisitos mínimos de qualidade, o que, entre outros aspetos, implica investimento em tecnologia. Nesta edição analisamos em detalhe este tema. Das novas tecnologias de reciclagem disponíveis no mercado, aos métodos avançados para evitar eventuais problemas na incorporação de reciclados, por exemplo, em embalagens de contacto alimentar, e à utilização destes materiais em processos como a impressão 3D. Graças à flexibilidade e poupança de materiais que oferecem, as tecnologias de fabrico aditivo têm vindo, gradualmente, a ganhar terreno na indústria. Se, além de tudo, conseguirmos imprimir peças com base em reciclado, podemos estar perante uma solução interessante para inúmeras aplicações, como a desenvolvida pela representada da Folhadela Rebelo, KraussMaffei, descrita na página 52. A sustentabilidade na impressão 3D foi, de resto, um dos temas em destaque na última Formnext, a feira de FA e tecnologias de fabrico inovadoras, que decorreu em Frankfurt de 7 a 10 de novembro. Leia a reportagem do evento na página 48. O termo ‘inovação’ está presente em muitas outras áreas de fabrico. Mais do que nunca, tornou-se obrigatório na agenda quer dos fabricantes de equipamentos, quer dos transformadores de plásticos. O projeto LEIMSA é um exemplo paradigmático disso mesmo. Antecipando-se aos futuros requisitos da indústria automóvel, o consórcio composto pela Simoldes Plásticos (promotor líder), Celoplás, Universidade do Minho, CEiiA, Bosch Car Multimedia e DTX Colab, desenvolveu dois componentes disruptivos para o interior do veículo, com recurso a tecnologias ‘in mold’ inovadoras. Saiba mais na página 22 deste número. Uma nota final para a entrevista com Hugo Brito, diretor geral da Equipack, empresa que representa em Portugal o fabricante de máquinas de injeção Engel e que este ano comemora o 35º aniversário. Os nossos parabéns e votos de sucesso para o futuro! Esta é a nossa última edição de 2023. Por isso, aproveitamos para desejar a todos os leitores, clientes e colaboradores uma excelente época festiva e que 2024 seja um ano de paz e prosperidade! Palavra de ordem: inovação Engel reforça compromisso com proteção climática A Engel conseguiu, mais uma vez, alcançar o estatuto de Platina da EcoVadis e está agora no ‘Top 1%’ das empresas mais sustentáveis do mundo. “Estamos orgulhosos pelo facto de o nosso trabalho em prol da sustentabilidade ter sido mais uma vez reconhecido”, afirmou Stefan Engleder, CEO do Grupo Engel. “Isto mostra que, como empresa, permanecemos fiéis aos nossos princípios, mesmo em tempos difíceis.” “Conseguimos melhorar muito no campo da proteção climática e somos agora um dos líderes”, diz Alexander Hell, diretor de Gestão de Sustentabilidade da Engel, apontando um pormenor decisivo: a combinação dos objetivos de redução de gases com efeito de estufa com base científica com o grande número de campanhas de proteção climática já implementadas tanto nas instalações da Engel como no portefólio de soluções. A EcoVadis é o maior fornecedor mundial de certificações de sustentabilidade. As classificações atribuídas incluem dados de mais de 90 mil empresas avaliadas e centram-se nas cadeias de abastecimento globais de cada caso. É avaliado o desempenho ambiental, social e ético das empresas.
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Netstal apresenta nova imagem corporativa A Netstal apresentou na Fakuma uma nova imagem de marca. A empresa atualizou todos os seus elementos visuais com um design contemporâneo que tem como objetivo maximizar - de forma sustentável - o valor acrescentado que oferece aos seus clientes nas principais áreas de atuação: embalagens de paredes finas, tampas, pré-formas PET e tecnologia médica. A mensagem da nova marca está expressa no novo slogan: 'Your best choice'. Sobre esta nova identidade, Renzo Davatz, CEO da Netstal e membro da equipa de gestão da KraussMaffei, afirmou: "Quem escolhe a Netstal recebe não só tecnologia de injeção da mais elevada qualidade suíça, mas também uma parceria de confiança. O aumento da eficiência da produção dos nossos clientes é sempre o objetivo mais importante”. O novo slogan tem também como objetivo influenciar novos grupos-alvo: "A escassez de trabalhadores qualificados é um desafio urgente. Mais do que nunca, queremos apresentar-nos como um empregador atrativo, manter os empregados existentes e atrair novos talentos", sublinha Davatz. A peça central do novo design corporativo é o logótipo da empresa, com grafismo atualizado. "Ao modernizá-lo, tivemos o cuidado de respeitar a tradição de longa data da Netstal. A forma familiar de diamante continua a ser claramente reconhecível", afirma Michael Birchler, diretor de Marketing e Comunicação da Netstal. "Em termos figurativos, isto também significa que estamos a abrir-nos a novas oportunidades e desafios, entre eles, o da digitalização e da sustentabilidade ou utilização consciente de material plástico valioso. Ao mesmo tempo, mantemo-nos fiéis à nossa principal competência, que é a máquina de injeção", acrescenta o CEO. O novo design corporativo foi já aplicado ao portefólio atual de máquinas Netstal, equipadas com a última geração de controladores Axos 9. As cores dominantes dos equipamentos são o azul escuro e o branco. Os logótipos tridimensionais com um aspeto de aço cromado sublinham a elevada qualidade das máquinas Netstal. As grandes superfícies de vidro continuam a oferecer uma visão interessante do fascinante funcionamento interno das unidades de fecho de design robusto destas máquinas de injeção, todas elas equipadas com tecnologia de alavanca articulada. IFR defende a utilização de robôs nas PME para mitigar a escassez de mão de obra A escassez de mão de obra tornou-se um dos desafios mais prementes para as pequenas e médias empresas (PME) da indústria transformadora. A Federação Internacional de Robótica (IFR) considera que os robôs oferecem às PME um maior acesso à automatização, o que, por seu lado, pode ajudar a atrair talento. Se puderem escolher, muitos jovens preferem trabalhar numa empresa que utilize tecnologias do futuro. À medida que o robô assume as tarefas de baixo valor acrescentado – simultaneamente mais aborrecidas, sujas, perigosas e difíceis -, a sua utilização torna-se ainda mais atrativa. Os trabalhadores ganham assim mais tempo para desenvolver as suas competências em trabalhos mais interessantes. A nova plataforma Go4Robotics da IFR fornece informações sobre as vantagens da robótica, bem como conteúdos didáticos acompanhados de uma lista de verificação. Desta forma, pretende-se desfazer os mitos sobre estes equipamentos e orientar as empresas na sua jornada de automatização de processos.
9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER K3 r100 vence Green Packaging Star Award Os Green Packaging Star Awards são atribuídos desde 2008, com o objetivo de dar destaque às soluções de embalagem mais amigas do ambiente, bem como a melhorias na produção, logística e distribuição de embalagens. A combinação de cartão/plástico K3 r100, da Greiner Packaging, foi a grande vencedora deste ano. A empresa austríaca Berglandmilch é a primeira a utilizar esta inovação nos produtos das marcas Schärdinger, Tirol Milch e Stainzer. As combinações cartão/plástico não são novidade. Consistem num copo de plástico de paredes finas rodeado por um invólucro de cartão em que, tanto o copo - que pode ser branco ou transparente - como o invólucro em papel são 100% recicláveis. No entanto, até agora, a separação dos materiais dependia em grande medida da cooperação dos consumidores. No caso da K3 r100, os dois materiais separam-se sozinhos, mesmo a caminho da estação de triagem. Desta forma, garante-se que ambos entram no respetivo fluxo de materiais. Ainda assim, o design da K3 r100 mantém o picotado no invólucro em papel, para que o consumidor possa destacá-lo com facilidade, colocando-o de seguida no contentor azul. A K3 r100 foi lançada inicialmente na Áustria, onde, atualmente, o papel e cartão que vão parar ao contentor amarelo são separados com outros materiais interferentes na unidade de triagem e depois encaminhados para valorização energética. Isto resulta numa perda significativa de materiais recicláveis. Para explorar plenamente o potencial da K3 r100, a Berglandmilch e a Greiner Packaging estão a trabalhar no sentido de realinhar os fluxos de triagem naquele país. Baixa procura e elevadas importações ameaçam indústria europeia de reciclagem de plásticos Num comunicado emitido a recentemente, a Plastics Recyclers Europe advertiu que a indústria europeia de reciclagem de plásticos pode estar ameaçada pela baixa procura de reciclados produzidos na UE e pelas elevadas importações de materiais de fora do continente europeu, recomendando um sistema de certificação independente para garantir a transparência e a rastreabilidade. Desde o início do ano, os preços dos materiais reciclados diminuíram cerca de 50%, ao passo que as importações baratas de materiais provenientes de fora da UE aumentaram significativamente. De acordo com a Plastics Recyclers Europe (PRE), todos os materiais foram afetados. As importações de PET para a UE, por exemplo, aumentaram 20% entre o 2.º trimestre de 2022 e o 2.º trimestre de 2023, o que resultou numa baixa procura de rPET da UE. À medida que se aproximam os prazos previstos pela Diretiva relativa aos plásticos de uso único, aumenta a pressão sobre os fabricantes de embalagens PET para aumentar o conteúdo de reciclado nas garrafas de bebidas. No entanto, em vez de satisfazer a procura com rPET produzido na Europa, esta situação deu origem a importações “não transparentes” de países não europeus, alerta a PRE. De acordo com a associação, “a legislação provou ser um dos instrumentos mais eficazes para definir o rumo de um futuro circular do plástico. No entanto, são necessárias medidas de controlo para a sua aplicação efetiva. Sem elas, a Europa arrisca-se a que as importações de plásticos não rastreáveis e não verificadas participem nos objetivos europeus de reciclagem. A introdução de um sistema de certificação independente por terceiros resolveria estes problemas. Paralelamente, ajudaria a evitar declarações não verificadas e promoveria a rastreabilidade, em especial no caso dos materiais que entram em contacto com os alimentos, aumentando simultaneamente a transparência da origem dos plásticos reciclados”. "É o futuro da indústria de reciclagem que está em jogo e é necessária uma ação imediata sob a forma de medidas de coação para evitar o encerramento de fábricas de reciclagem em toda a Europa", comentou Ton Emans, presidente da PRE. “A cessação das atividades de reciclagem teria repercussões no emprego, na economia global da Europa e no ambiente”, acrescentou.
10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER TPEs não reticulados para água fria, morna e quente A Kraiburg TPE anunciou para breve o lançamento de uma tecnologia inovadora: elastómeros termoplásticos (TPE) para aplicações sanitárias e de água potável, em conformidade com a KTW-BWGL, uma diretiva rigorosa que entrará em vigor em março de 2025. Aplicáveis em vedantes, juntas e componentes como cabeças de chuveiro, estes TPEs cumprem os requisitos da UE para produtos finais que entram em contacto com água fria, morna e - pela primeira vez - quente. Os novos TPEs para água quente da série Thermolast DW, apresentados na Fakuma 2023, substituirão os atuais produtos DW e DW/CS a partir de 2024. Não só são os primeiros do seu género para aplicações de água quente, como também fazem da Kraiburg TPE o único fornecedor de TPEs não reticulados neste segmento de mercado. Além de cumprirem as especificações da diretiva KTW-BWGL, os novos compostos Thermolast DW oferecem um melhor comportamento de compressão a temperaturas elevadas e facilitam o processamento graças às propriedades mais elevadas de fluidez e desmoldagem. O espetro de tipos de materiais inclui produtos com dureza variável e adesão assegurada ao PP ou PE no composto direto de dois componentes. Além de insípidos e inodoros, permitem a obtenção de superfícies lisas diretamente do molde, sem necessidade de tratamento adicional. Testes realizados provaram a sua resistência contra o crescimento de microrganismos, de acordo com a norma EN 16421 (anteriormente DVGW W270). O lançamento está previsto para o primeiro trimestre de 2024, altura em que serão disponibilizadas as necessárias homologações para água potável da UE. Arburg apresenta na Formnext 2023 gama completa para fabrico aditivo A divisão de fabrico aditivo da Arburg apresentou na Formnext 2023 uma gama completa para impressão 3D de granulados, filamentos e silicone líquido (LSR). Em destaque esteve a nova freeformer 750-3 X de alta temperatura, bem como duas impressoras 3D da gama InnovatiQ, indicadas para processamento de filamentos de fibra reforçada e LSR certificado. Durante a feira, a freeformer 750-3X (versão de alta temperatura) esteve a fabricar distribuidores de ar com geometrias complexas em Ultem 9085 certificado para aplicações aeroespaciais. Nesta máquina, o espaço de construção pode ser temperado a 200 graus celsius e a plastificação do granulado ocorre até 450 graus celsius. Uma segunda freeformer 750-3X produziu palmilhas ortopédicas até ao tamanho de sapato 50. Graças ao processo APF, certos pontos da palmilha podem ser reforçados individualmente e outros amaciados – seja por uma combinação multimaterial, p. ex., de PP duro e TPE macio, ou através da variação da densidade do recheio. A empresa expôs também uma TiQ 2, da gama innovatiQ, que esteve a fabricar garras sugadoras resistentes e garras mecânicas de PA e PP de fibra reforçada com dedos individualizados para a recolha de componentes, montados em braços de robôs. Finalmente, uma TiQ 5 ‘pro’, equipada com um secador de material e com controlo de temperatura ativo, produziu um componente interessante: uma trotinete aquática de alta velocidade (Highspeed Water Scooter Board, em inglês), impressa em 3D com filamentos de fibra reforçada. Após a impressão, as peças individuais foram laminadas num protótipo funcional. Peças impressas em 3D na freeformer 750-3X, durante a Formnext 2013.
11 ATUALIDADE Lego abandona rPET mas reforça compromisso com a sustentabilidade O Grupo Lego anunciou, no final de setembro, ter abandonado a intenção de fabricar peças em rPET. No entanto, a empresa mantém o compromisso com a sustentabilidade, que passa, por exemplo, por reduzir a pegada de carbono do ABS e pelo uso de outros materiais circulares nas suas peças. "Até agora, testámos mais de 300 materiais diferentes. Alguns foram bem-sucedidos, como o bio-PE, que utilizamos para fabricar elementos e acessórios botânicos. Outros demonstraram potencial, mas não cumpriram os nossos rigorosos requisitos de qualidade, segurança e durabilidade, nem contribuíram para reduzir a nossa pegada de carbono", refere a empresa em comunicado. Um desses materiais é o rPET. "Quando anunciámos um protótipo fabricado neste material, estávamos otimistas quanto ao seu potencial, mas após dois anos de testes, concluímos que as mudanças de tecnologia necessárias provocariam maiores emissões de carbono do que as que temos atualmente. Acreditamos que existem alternativas potencialmente melhores que nos ajudarão a cumprir as nossas ambições de sustentabilidade”, acrescenta a Lego. As possibilidades em estudo passam por melhorar a pegada de carbono do ABS, material usado para produzir a grande maioria das peças Lego, bem como pela integração bioplásticos e de materiais reciclados (que não o rPET). Recorde-se que a Lego estabeleceu o objetivo de reduzir as emissões de carbono em 37% até 2032 e de atingir as zero emissões líquidas até 2050.
12 Os plásticos são o material do século XXI, mas também o material do futuro. Diminuem o peso dos produtos, preservam, protegem e facilitam o seu fabrico. São um aliado da sociedade e continuam a reinventar-se. Nesta secção pode ver novas e curiosas aplicações que só são possíveis graças ao plástico. OBRIGADA, PLÁSTICOS Discos de vinil sustentáveis Para contrariar o elevado impacto ambiental da produção tradicional de discos de vinil, com PVC prensado, a empresa italiana Greenyl procurou uma solução mais sustentável, adequada ao seu processo inovador e de poupança de recursos. Aconselhada pela Albis, optou pelo grau Skypet CR, da SK Chemicals, que cumpria todos os requisitos. Por conter até 99% de resíduos PET quimicamente reciclados, a utilização do Skypet CR resulta numa poupança significativa de 7,1 kg CO2e/kg em comparação com o PVC. Trata-se de uma solução sustentável, uma vez que o material utilizado também reforça a economia circular para além do fim da vida útil do produto: os discos fabricados com Skypet da Greenyl podem, por conseguinte, ser totalmente reciclados. Masterbatches deslizantes Os fabricantes de filmes e embalagens procuram sempre uma funcionalidade eficiente e sem problemas durante a produção de filme. Os aditivos slip permanentes convencionais têm algumas limitações, como a capacidade de deslizamento alcançada e a transferência de agentes ativos para o lado oposto da embalagem. O Ampacet Permslip 1409 supera os masterbatches slip permanentes convencionais ao proporcionar uma reação de deslize reduzida e consistente com um coeficiente de atrito entre 0,20 e 0,25. Quando o filme está em rolo, o aditivo permanece do lado aditivo e não tem influência nas propriedades do lado oposto após o desenrolamento.
13 OBRIGADA, PLÁSTICOS Materiais Sabic ajudam Genbeta a bater recorde de velocidade O automóvel elétrico Genbeta conquistou um novo recorde oficial do Guinness World Records para a maior velocidade atingida por um veículo em recinto fechado. O carro, com peças fabricadas com materiais Sabic, foi levado ao limite pelo piloto Jake Hughes, da NEOM McLaren, que atingiu uma velocidade de 218,71 km/h (mais 55 km/h que o anterior recorde mundial), no formato Duals, usado para a classificação nas corridas da Fórmula E. O Genbeta faz parte do projeto de desenvolvimento e inovação Genbeta live, que visa explorar novos materiais e tecnologias para futuros veículos elétricos de estrada e de competição. A Sabic apoiou a conceção e o desenvolvimento de peças inovadoras para este veículo, que se baseia no modelo GEN3. Tirando partido da sua experiência no desenvolvimento de aplicações e na ciência dos materiais, a empresa ajudou a criar o automóvel elétrico mais rápido, mais leve, mais potente e mais eficiente de sempre, reforçando a sua ambição de acelerar a mudança no sentido da eletrificação e da neutralidade carbónica. Obtenha flocos de elevada pureza para qualquer tarefa de seleção. Maximize o rendimento de plásticos recicláveis de alta qualidade como PET, PP, PE, PVC, PS e muito mais. Com os nossos novos sistemas de triagem INNOSORT™ FLAKE e AUTOSORT® FLAKE, pode aumentar a receita criando frações mono de alta pureza - mesmo a partir de fluxos de plástico mistos contaminados. Veja os nossos separadores de flocos em ação Revolucione a seleção de flocos e o seu resultado final
14 OBRIGADA, PLÁSTICOS Primeiro TPU líquido para a indústria do calçado Pela primeira vez na indústria do calçado, a Huntsman desenvolveu um poliuretano termoplástico líquido (LTPU) que permite o fabrico rápido de entressolas de alto desempenho, alinhado com as ambições de circularidade das marcas que fabricam calçado de desporto e lazer. Mais fácil de utilizar do que outras formas de TPU, que requerem procedimentos complexos como a formação de espuma supercrítica e a moldagem a vapor, o sistema Smartlite O LTPU pode ser processado numa única etapa que utiliza significativamente menos água e energia e gera menos resíduos e emissões de carbono. Mais importante ainda, o sistema Smartlite O LTPU da Huntsman também pode ser convertido e reutilizado em novos materiais, seja na sua forma pós-industrial ou pós-consumo. Ecodesign premiado A CCL Label, especialista em soluções de etiquetagem, segurança e embalagem, e a Henkel ganharam o prémio AWA (Alexander Watson Associates) pelo design sustentável da garrafa de amaciador de roupa Vernel, da Henkel. Para melhorar a reciclabilidade das suas garrafas PET para amaciador na Europa, a Henkel estabeleceu uma parceria com a CCL, que desenvolveu uma nova geração de material de manga retrátil de poliolefina flutuante denominada EcoFloat. Este material de baixa densidade pode ser separado dos componentes das garrafas PET durante o processo de separação por afundamento e flutuação nas instalações de reciclagem. Enquanto o material mais pesado das garrafas se afunda nos banhos de água, o material mais leve das mangas flutua até ao topo, mesmo com tinta de impressão. Isto permite uma separação limpa do PET e do material do rótulo, essencial para uma reciclagem PET de alta qualidade.
15 OBRIGADA, PLÁSTICOS Watch 4 Pro da Huawei inclui nylon reciclado a partir de lixo marinho As artes de pesca, incluindo redes, linhas e armadilhas, constituem mais de 85% do lixo de plástico encontrado no fundo do mar e estima-se que sejam lançadas, anualmente, mais de 640 mil toneladas métricas de redes fantasma aos oceanos. Ciente desta problemática, a Huawei, em conjunto com organizações envolvidas em esforços de recolha de resíduos, criou uma bracelete para o relógio Watch 4 Pro Terra que utiliza cerca de cinco a dez gramas de material compósito feito de nylon reciclável. Além de ajudar a reduzir os resíduos oceânicos, a reciclagem do nylon representa outros impactos ambientais positivos. A produção deste material gera gases com efeito de estufa 300 vezes mais fortes do que o dióxido de carbono, e utiliza uma fonte não renovável. Contudo, o nylon tem a grande vantagem de poder ser reciclado indefinidamente. Benefício que marcas como a Huawei estão a utilizar para reduzir a sua pegada de carbono global e ter um impacto positivo no ambiente. Água até 230 ºC Medição de vazão ultrassónica. Refrigeração por bypass- Aquecedor com garantia eterna. A tecnologia provada dos termorreguladores serie Thermo-5, está à disposição dos utilizadores para aplicaçãos de água de até 230 ºC. O dispositivo de alta temperatura permite a implementação de novos tipos de processo. NETSTAL Ibérica, S.A. 08100 Mollet del Vallès - Spain Phone + 34 93 570 59 50 - Fax + 34 93 570 60 08 comercial@netstal.com www.netstal.com www.hb-therm.com
16 ANÁLISE DE MERCADO Relatório ‘Plastics - the fast Facts 2023’: a quota dos plásticos circulares está a aumentar A Plastics Europe divulgou recentemente dados atualizados sobre a produção de plásticos a nível mundial, numa infografia intitulada ‘Plastics - the fast Facts 2023’. O documento revela que, em 2022, 9,5% dos plásticos processados foram produzidos a partir de materiais reciclados e de matérias-primas de base biológica, um aumento 16 vezes mais rápido em relação aos plásticos de origem fóssil. Pela análise do documento, vemos que, em 2022, a produção mundial de plásticos atingiu os 400,3 milhões de toneladas (um ligeiro aumento face a 2021). No entanto, o mais notável é que, proporcionalmente, a produção de plásticos circulares teve um crescimento 16 vezes mais rápido do que a de plásticos de origem fóssil, atingindo quase 10% da produção global. Prevê-se que esse crescimento aumente a um ritmo ainda mais rápido nos próximos anos. Se restringirmos a análise ao mercado europeu, o panorama da circularidade é ainda mais positivo. A produção de plásticos de origem fóssil diminuiu, enquanto a de plásticos circulares aumentou 29,2 % em relação a 2018, atingindo uma quota de mercado de 19,7 % da produção total de plásticos na Europa em 2022. A aceleração desta tendência, necessária para concretizar o Pacto Verde e as ambições de circularidade da UE, exigirá um aumento muito significativo da recolha, triagem e reciclagem, bem como um maior acesso a matérias-primas circulares de alta qualidade e a energias renováveis. AUMENTA A PRESSÃO SOBRE OS FABRICANTES EUROPEUS Mais preocupante do ponto de vista europeu, é o facto de o relatório confirmar o crescente fosso de competitividade entre a Europa e o resto do mundo. A quota da Europa na produção mundial de plásticos diminuiu de 28% para 14% em 2022, com a América do Norte e a China a representarem 17% e 32%, respetivamente. Além disso, apesar da procura de produtos plásticos por parte dos consumidores europeus se manter estável, a transformação de plásticos na Europa diminuiu em termos absolutos. Os produtores europeus estão sujeitos a pressões concorrenciais significativas por várias razões, incluindo os elevados preços da energia, os quadros regulamentares cada vez mais rigorosos e o acesso às matérias-primas. Se a situação se mantiver, a Europa tornar-se-á cada vez mais dependente das importações, que não cumprem necessariamente as normas de sustentabilidade da UE, para satisfazer a procura de plásticos e atingir os objetivos legais. Este cenário prejudicará igualmente a capacidade de os produtores europeus de plásticos – e de muitos outros setores a jusante, dependentes dos plásticos - investirem na transição para a circularidade e para a neutralidade carbónica. Como consequência, todos estes setores ficarão mais expostos aos choques internacionais. Os dados do relatório ‘The fast Facts’ confirmam igualmente que a China é o líder mundial no que respeita à produção e reciclagem de plásticos de base biológica, seguindo-se a Europa em segundo lugar. Para salvaguardar e restaurar a competitividade europeia, os fabricantes de plásticos necessitam de um quadro político favorável que incentive os investimentos e crie condições de concorrência equitativas através, por exemplo, da adoção de um mecanismo equivalente à Lei de Redução da Inflação dos EUA na UE e da criação de um quadro regulamentar harmonizado e coerente no mercado único. LIBERTAR O POTENCIAL DA RECICLAGEM QUÍMICA A produção mundial de plásticos reciclados continuou a aumentar em 2022, atingindo os 35,5 milhões de toneladas, ou seja, uma quota de
17 ANÁLISE DE MERCADO 8,9% da produção global de plásticos. 21% dos reciclados foram produzidos na Europa. A reciclagem química é essencial para a produção de plásticos reciclados de alta qualidade em quantidade suficiente para aplicações complexas ou com elevados requisitos de segurança, como o contacto alimentar, o setor automóvel e os materiais de construção. Em 2022, a Europa produziu mais de 50% dos plásticos reciclados quimicamente a nível mundial. A indústria já anunciou investimentos de mais de 8 mil milhões de euros em tecnologias de reciclagem química. Assim, a quantidade de plásticos reciclados através destas tecnologias deverá aumentar significativamente nos próximos anos, desde que os decisores políticos aprovem a regulamentação destas tecnologias com carácter de urgência. A Plastics Europe disponibiliza um site dedicado a este tema, com toda a informação disponível acerca dos investimentos anunciados na reciclagem PRODUÇÃO DE PLÁSTICOS NA EUROPA (2022) De origem fóssil De origem biológica (incluindo bio-atribuídos) Reciclados quimicamente (pós-consumo) Reciclados mecanicamente (pré-consumo) Reciclados mecanicamente (pós-consumo) em milhares de toneladas PRODUÇÃO MUNDIAL DE PLÁSTICOS (2022) De origem fóssil Reciclados mecanicamente (pós-consumo) Reciclados quimicamente (pós-consumo) Plásticos de origem biológica (incluindo bio-atribuídos) Com captura de carbono em milhares de toneladas química e do quadro regulamentar necessário para a sua rápida expansão na Europa. Para uma análise mais abrangente e aprofundada da economia circular dos plásticos na Europa, consulte os relatórios bienais da Plastics Europe ‘The Circular Economy of Plastics: A European Overview’. O próximo será publicado no início de 2024. n PRINCIPAIS DADOS ECONÓMICOS DA INDÚSTRIA EUROPEIA DE PLÁSTICOS (2022)1 • Número de empresas: 53.150 • Número de trabalhadores: > 1,5 milhões • Balança comercial: 9,2 biliões de euros • Volume de negócios: > 400 biliões de euros 1 Estimativas da Plastics Europe para 2022 - Dados oficiais do Eurostat disponíveis até 2020 Fonte: Plástics Europe. Fonte: Plástics Europe.
ENTREVISTA 18 HUGO BRITO, DIRETOR GERAL DA EQUIPACK No mercado desde 1988, a Equipack representa em Portugal uma das principais marcas de máquinas de injeção de plásticos, a Engel. Nesta entrevista, Hugo Brito fala da parceria especial entre as duas empresas e dos principais desafios do setor. Entre eles, destaca o atraso nos novos projetos da indústria automóvel e a falta de mão de obra qualificada. Necessidade que a Equipack quer ajudar a colmatar com um novo serviço de formação técnica 'in doors' e com os mais recentes programas de manutenção preventiva da Engel. A Equipack comemora, em 2023, 35 anos de atividade. Como avalia o percurso da empresa até aqui? O percurso da Equipack tem sido um percurso ‘normal’, com altos e baixos, como a generalidade das empresas nacionais. Iniciámos a atividade em 1988, com um convite de um fabricante de máquinas de injeção de plásticos para representar a marca em Portugal, relação que viria a durar cerca de quatro anos. O período mais baixo da Equipack foi, talvez, aquele que se seguiu à decisão dessa empresa de deixar de ter cá um agente. Em 1995, ganhámos então a representação da Engel, que na altura procurava um representante dedicado, que trabalhasse bem o mercado industrial. Felizmente, conseguimos solidificar e manter esta relação até hoje. As restantes representadas foram surgindo com o tempo, com a necessidade e com a oportunidade. Com a exceção da Tool-temp, fabricante de controladores de temperatura e refrigeradores de água, com quem temos uma Hugo Brito, diretor geral da Equipack. “Nas máquinas de injeção, o grande desafio é fazer peças com menor consumo de energia e zero rejeitados” Luísa Santos
ENTREVISTA 19 relação mais antiga, as restantes (a Koch, com os desumidificadores e sistemas de alimentação; a Priamus, com os sensores e sistemas de gestão de qualidade; a MTF, com os tapetes transportadores; a Wanner, com os moinhos; e a Rothfuss, com os apertos de molde) surgiram todas numa fase posterior à Engel. Considerando os altos e baixos que referiu, em que fase está atualmente a Equipack? De facto, tivemos períodos menos positivos e outros muito bons, como o de 2016-2019, mas neste momento eu diria que estamos numa fase ‘normal’. Temos encomendas que nos permitem olhar para o futuro próximo com alguma tranquilidade e a expectativa é que consigamos manter a nossa quota de mercado que, aliás, nunca sofreu grandes alterações ao longo dos anos. Qual é a vossa quota de mercado? Não é fácil termos uma resposta concreta a isso, mas, de acordo com o INE e analisando os últimos anos, em termos de valor total de venda de máquinas, se considerarmos apenas as máquinas europeias e japonesas, a nossa quota ronda os 40-50%. 30-35% se considerarmos também as asiáticas, cujas vendas, nos últimos anos, têm vindo a crescer. Dos investimentos realizados nos últimos anos, quais gostaria de destacar? Um dos mais importantes foi, sem dúvida, o investimento no equipamento para o everQ, o processo de calibração e certificação das máquinas da Engel, em que ajustamos os parâmetros da máquina (como a velocidade, pressão e temperatura), de forma a garantir uma performance consistente e reproduzível. Para tal, usamos um equipamento externo, calibrado e certificado e, no final, emitimos um certificado de calibração. Nos dias que correm, em que os clientes dos nossos clientes são cada vez mais exigentes, este serviço é uma mais valia importante. Entretanto, fizemos também um investimento significativo em obras de qualificação nas nossas instalações, com o objetivo de aumentar a nossa capacidade de resposta, principalmente no campo da formação. Até aqui, temos realizado as formações em casa do cliente (de operação de máquinas e robôs, e de manutenção). A partir de agora, passamos a poder fazê-lo também na Equipack. Temos uma sala, uma máquina e um robô exclusivamente dedicados a este tipo de ação. Que razões vos levaram a realizar esse investimento? Atualmente, uma das grandes dificuldades das empresas é conseguir mão de obra qualificada. Trata-se, aliás, de um problema transversal a todos os setores e a toda a Europa. Neste contexto, parece-me essencial podermos fornecer o serviço de formação ao cliente, principalmente se esta for dada fora do ambiente habitual do operador. Este é um tema a que a Engel está muito atenta. As ações de formação são uma constante diária nas suas instalações, frequentadas por formandos de todo o mundo, e quem pretender pode ir ao site da empresa e inscrever-se na formação em inglês ou alemão. A nossa será ministrada, naturalmente, em português. Para quando está prevista a primeira ação? Talvez ainda façamos alguma este ano, mas queremos arrancar em pleno em janeiro de 2024. Na vossa atividade - de venda de máquinas e periféricos a empresas que trabalham 24/7 -, uma assistência técnica rápida e eficaz é muitas vezes determinante. Esta é também uma aposta da Equipack? O pós-venda sempre foi uma das nossas principais preocupações e uma aposta forte tanto da Engel como da Equipack. Hoje, temos uma equipa de oito pessoas exclusivamente dedicada à assistência técnica, que inclui o arranque das máquinas, a assistência corretiva e preventiva. Nos últimos anos, a Engel desenvolveu um programa de assistência preventiva igual em todo o mundo, o serviço Care, que é cada vez mais exigido pelas OEMs, como forma de garantia de manutenção da máquina. Em Portugal, este tipo de manutenção ainda é pouco valorizado. Num automóvel, os sinais luminosos que nos indicam que é necessário ir à oficina são respeitados. Nas máquinas, que são as que produzem riqueza, isso não acontece. Nós temos vindo a tentar sensibilizar os nossos clientes para a importância deste programa e a verdade é que, atualmente, já utilizamos o Care em cerca de 15% dos equipamentos instalados. Pela sua análise, quais são, neste momento, as principais preocupações e necessidades dos transformadores de plásticos nacionais? Creio que têm, praticamente, as mesmas preocupações que as empresas dos outros setores. Refiro-me à atual instabilidade geopolítica, que causa uma grande incerteza nos negócios, à inflação, que baixa obrigatoriamente o consumo, e ao elevado preço do crédito. A evolução da indústria automóvel tem potencial para transformar o setor dos plásticos, mas está a ser mais lenta do que se esperava
ENTREVISTA 20 No caso concreto do nosso setor, a tudo isto acresce a má reputação dos plásticos. Quando dizemos que trabalhamos nesta indústria, muitos olham-nos como se fossemos os grandes inimigos do planeta. As pessoas nem se apercebem da quantidade de plástico que têm em casa, nos automóveis, nos eletrodomésticos, nem de como seria a sua vida sem o plástico. Não faz qualquer sentido voltarmos a ter de transportar embalagens de vidro, por exemplo. É óbvio que há um caminho a fazer para aumentar a reciclagem e reutilização. Na Europa temos dado passos importantes nesse sentido, que ainda não se verificam em outras partes do mundo. Enquanto isso não mudar, a imagem do plástico não mudará. Em relação às necessidades do setor, penso que a principal é mesmo a de mão de obra. Muitas empresas têm vindo a apostar na automatização, como forma de compensar a falta de pessoal. Vemos estas soluções em diversos pontos das linhas: no manuseamento da peça, no controlo de qualidade, no embalamento, entre outros. E, de que forma está o setor a evoluir, depois da montanha russa dos últimos anos? Acho que ainda estamos na montanha russa. Um dos principais indicadores disso mesmo é o estado da indústria de moldes que, nesta fase, ainda não tem trabalho suficiente para ocupar o aumento da capacidade instalada nos últimos anos. Isto é reflexo, por um lado, da deslocação de muita produção para países da Europa de Leste e para o México. A incerteza que afeta os mercados e o facto de estarmos na ponta da Europa, com as consequentes dificuldades logísticas, não ajudam. Seria importante, por exemplo, termos uma forma de colocar os produtos no centro da Europa através de ferrovia, um meio de transporte rápido e mais ecológico que o tradicional camião. Esta evolução reflete também mudanças nos principais setores cliente? Em que fase está, por exemplo, a indústria automóvel? Eu diria que está numa fase estranha. Por um lado, vemos que há imenso potencial nas inovações que os fabricantes têm vindo a apresentar, como as novas formas de alimentação, a condução autónoma ou a própria evolução na iluminação LED. Destes projetos deveriam sair novas tecnologias de injeção e mais peças para incorporar eletrónica e sensores, por exemplo. Mas, talvez condicionada pela recessão na Alemanha e pelas questões ambientais, que levam muitos consumidores a adiar a compra de carro, a evolução na indústria automóvel não está a acontecer com a velocidade que esperávamos e Portugal estará também a sentir isto. Neste momento, a situação só pode melhorar. E tenho a sensação que isso já está a acontecer. Falemos um pouco da vossa parceria com a Engel. Como é trabalhar com uma das principais referências mundiais em máquinas de injeção de plásticos? Somos agentes da Engel há quase 30 anos. Esta longa parceria dá-nos muita confiança, mas também muita responsabilidade e exigência, quase como se fossemos uma subsidiária. Isto, acima de tudo, deixa-nos muito orgulhosos e motivados para continuar o nosso trabalho com a marca. Acho que o facto de se tratar de uma empresa familiar tem muita influência. Nós sabemos que, sempre que é necessário, temos do outro lado pessoas com quem falar. Inclusive, participamos em reuniões importantes, de discussão de budget, de vendas, de formação, tal como as subsidiárias da empresa. Existe uma relação de total confiança entre nós. E isso é muito gratificante. A Engel tem vindo a apresentar diversas soluções de software para otimização dos processos de injeção, nomeadamente, com incorporação de reciclado. Este tipo de solução tem tido boa aceitação entre os clientes nacionais? A Engel desenvolveu esses programas para facilitar a vida aos operadores e, de alguma forma, colmatar a falta de mão de obra qualificada. Softwares como o IQ clamp control, o IQ melt control e o IQ temp permitem tirar o máximo partido das máquinas, de uma forma automática. Tal como o IQ weight control, que ajuda a estabilizar o processo de injeção, principalmente com incorporação de reciclado. Qualquer um deles é uma grande mais valia para as empresas. De uma forma geral, os nossos clientes têm recebido bem estas soluções. Muitos têm alguma relutância inicial, já que alguns destes softwares são pagos, mas quando adquirem o primeiro e percebem as vantagens, acabam por comprar outros. Claro que, para tirar o máximo partido destas ferramentas, elas têm de ser realmente usadas, e de uma forma consistente. Por isso, também temos previstas ações de formação nesta área. Além desta, quais são as principais tendências nos equipamentos de transformação de plásticos? Na injeção, o grande desafio é fazer peças com menos consumo de energia e com zero rejeitados, ou seja, fazer da indústria de plásticos uma indústria sustentável. Neste campo, a Engel acaba de ser reconhecida pela Ecovadis como uma das empresas mais sustentáveis do mundo, muito graças ao investimento em equipamentos que respondem a essas exigências.
21 No que respeita ao consumo energético, há muito a ideia de que as máquinas elétricas são as mais eficientes, mas não é obrigatoriamente assim. Depende da aplicação. Por exemplo, para produzir uma peça que precise de uma compactação alta, uma máquina hidráulica equipada com o EcoDrive gasta menos energia. Portanto, acho que, apesar de termos cada vez mais elétricas no mercado, as duas tecnologias vão continuar a coexistir. E nos periféricos? A filosofia é muito semelhante. As marcas apostam cada vez mais em equipamentos com alta eficiência energética e com integração nas máquinas e nas células produtivas, de acordo com o conceito da indústria 4.0. Que novidades podemos esperar da Equipack e das suas representadas nos próximos tempos? Todas as nossas representadas estão a apostar bastante nestes dois pontos, da eficiência energética e da indústria 4.0. Por isso, acredito que, nos próximos tempos, sejam lançadas novas ferramentas relacionadas com estas duas áreas. Sempre com o intuito de ajudar os clientes a poupar recursos e a aumentar a produtividade. Numa nota final, com vê o futuro do setor da injeção em Portugal? Nos últimos anos, notamos que há menos projetos de injeção em Portugal. A nossa expectativa, claro, é que essa tendência se inverta. E acho que é isso que vai acontecer. Este mês já notámos alguma aceleração nas vendas, tal como a própria Engel que, inclusive, nos deu conta de um muito bom ambiente de negócios na Fakuma, decorrida a meados de outubro. Esperemos que esta tendência se mantenha e que se encontre uma solução para os atuais problemas geopolíticos que, além da óbvia questão humanitária, não trazem nada de bom para a economia mundial. n A Equipack vai passar a realizar ações de formação nas suas instalações a partir de janeiro de 2024. plastics
22 I&D Projeto LEIMSA antecipa futuro do interior automóvel O consórcio do projeto LEIMSA apresentou, no dia 4 de outubro, no Centro de Ensaios do Grupo Simoldes, os resultados dos trabalhos realizados ao longo dos últimos três anos com o objetivo de integrar tecnologias 'in mould' no desenvolvimento de componentes disruptivos para o interior do veículo do futuro, antecipando a evolução do mercado automóvel. Luísa Santos Tendências como a condução autónoma exigem aos fornecedores da indústria automóvel o desenvolvimento de novos componentes ‘inteligentes’ para o interior dos veículos, que ofereçam ao utilizador novas experiências, mais imersivas e intuitivas. No entanto, a tecnologia ainda não se encontra completamente validada na indústria automóvel, sobretudo no que diz respeito à sua fiabilidade e aos custos associados, que ainda são elevados derivado aos preços das matérias primas, tempos de set-up, scraps e da própria tecnologia associada. No projeto LEIMSA foram integradas distintas tecnologias inovadoras em simultâneo, tais como a decoração no molde por transferência de tinta, labelling de eletrónica flexível e híbrida no molde e conformação a alta pressão. O consórcio do projeto LEIMSA (Lightweight Electronics by Injection Moulding in Seamless Architecture) – composto pela Simoldes Plásticos S.A. (promotor líder), Celoplás - Plásticos para a Indústria S.A., Universidade do Minho, CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, Bosch Car Multimedia e DTX Colab (Associação Laboratório Colaborativo em Transformação Digital) – propôs-se desenvolver uma prova de conceito com o claro objetivo de explorar estas novas tecnologias e ganhar conhecimento para futuras aplicações.
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