11 EVENTOS emÁfrica, Continente com pouca tecnologia de reciclagem instalada, onde vai ser necessário investir. Este aumento da população e a falta de educação para a reciclagem, juntamente com o baixo valor que se dá ao plástico, a ineficiência da recolha em diversas partes do mundo e a falta de uma estratégia global, foram razões apresentadas por vários dos oradores para a quantidade de plástico presente nos oceanos. Na opinião de Hans Axel Kristensen, co-fundador e CEO da Plastix (empresa dinamarquesa que tem vindo a especializar-se na reciclagem de redes e cordas de pesca), mais urgente que tirá-lo de lá, é impedir que ele lá chegue. “O preço de tirar o plástico dos oceanos é muito alto. Temos de evitar que ele lá vá parar”, afirmou. Neste mesmo sentido, Maria Perez Sains, da Nova Pescanova lembrou o projeto que a empresa tem com a Sabic e a Polivouga, que passa por ‘capturar’ o plástico antes de ele chegar ao mar, transformá-lo por pirólise e voltar a usá-lo em novas embalagens. A empresa lançou recentemente uma iniciativa na Malásia, o ‘Ocean bank plastic projet’, que visa precisamente fomentar a recolha de plástico nas margens dos rios. A ideia de "criar uma economia social a partir da reciclagem" foi também defendida por Filipe de Botton. O presidente da Logoplaste acredita que dar uma contrapartida monetária a quem coleta é a melhor forma de garantir a recolha dos resíduos que estão fora do sistema. Mas, neste momento, esta é uma solução apenas para alguns plásticos. Produtos como as embalagens multicamada ou os compósitos com fibra de vidro tornam o processo de reciclagem mecânica praticamente impossível. Nos últimos anos, empresas e centros de investigação entraram numa verdadeira corrida para encontrar soluções para estes desafios. A reciclagem química aparece como uma das mais promissoras. No entanto, Ricardo Pereira, CEO da Sirplaste, adverte que “ainda não estamos lá. Vemos, todos os dias, os designers de embalagem a dizer que não há problema, porque a reciclagem química depois resolve. Temos de ser realistas: a reciclagem química ainda não é a solução”. A CHAVE ESTÁ NA INOVAÇÃO No contexto atual, o ecodesign, ou seja, a conceção do produto com vista à sua total reciclagem, assume-se como uma das principais armas da indústria. Tal como acontece commedidas como o ‘passaporte digital do produto’, que, quando implementado, vai permitir ao reciclador saber exatamente que materiais compõem o produto, facilitando o processo de reciclagem. A Logoplaste vai mais longe e tem em curso um projeto, denominado Singularity, que vai permitir saber exatamente quem comprou determinada embalagem e onde é que a descartou, revelou Filipe Botton. Outra das medidas para aumentar a sustentabilidade dos plásticos é o uso de reciclado em novos produtos. E, de facto, o consumidor tem vindo a exigir isso mesmo, principalmente nos produtos de vida curta, como a embalagem de bebidas, o que fez disparar a procura e o preço do rPET. “Hoje, as maiores empresas do mundo dizem- -nos que não querem reciclado porque é mais caro. Para sermos competitivos nas embalagens com reciclado, temos de ter mais reciclado de qualidade”, afirmou Filipe de Botton. Na opinião de Virginia Janssens, diretora executiva da Plastics Europe, para ultrapassar o entrave do preço a curto prazo, “é necessário que haja legislação que promova/imponha o uso de reciclado”. E o consumidor? Está disposto a pagar mais pelo produto ‘verde’? Segundo Fátima Poças, professora na Universidade Católica, “estudos indicam que sim”. No entanto, “é essencial que a mensagem seja consistente e clara, nomeadamente acerca dos biodegradáveis”, evitando falsas alegações ecológicas. A docente lembra que o chamado ‘greenwashing’ acontece ao longo da cadeia de valor, desde a indústria alimentar ao transformador, e pode minar a confiança do público. Passar uma mensagem clara para o consumidor deve implicar, por exemplo, a realização e divulgação de estudos de impacto ambiental LCA (Life Cycle Assessement). Fausto Freire, professor na Universidade de Coimbra, recorda que, em dezembro de 2021, a Comissão Europeia propôs os métodos Product Environmental Footprint (PEF) Cerca de mil pessoas de diversos países participaram no Plastics Summit Global Event 2023.
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