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4 Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti www.interplast.pt Preço de cada exemplar 10 € (IVA incl.) Assinatura anual 40 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127297 Déposito Legal 455414/19 Distribuição total +2.000 envios. Distribuição digital a +1.300 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Número 15 – Outubro de 2022 Estatuto Editorial disponível em https://www.interplast.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterPLAST adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 5 EDITORIAL 5 Cadeia de valor dos plásticos abre caminho para um futuro sustentável 10 Radiografia da indústria do plástico (2.ª parte) 14 A tecnologia laser no combate aos microplásticos 20 Mais um passo: peças automóvel feitas a partir de redes de pesca recicladas 22 Plásticos biocompatíveis e sustentáveis para aplicações médicas 24 Aimplas desenvolve soluções de soft robotics com sensores integrados através de fabrico aditivo 26 Embalagens inteligentes para produtos farmacêuticos 28 Peças de alta precisão para a indústria médica: um desafio para os equipamentos de medição 32 Portugal 2030 - O que esperar? 36 As competências de inovação em marketing na indústria dos plásticos em Portugal 40 Arburg na Moldplás: eficiência, sustentabilidade e digitalização 44 Motan na K 2022: nova imagem corporativa, nova marca e novos produtos 46 Processos de soldadura de materiais plásticos impulsionam o setor automóvel 50 Formlabs lança a impressora 3D SLS Fuse 1+ 30W, o SLS ‘verdadeiramente rápido’ 52 Formnext Start-up Challenge premeia ideias inovadoras no campo da impressão 3D 54 Simulação integrativa do comportamento mecânico de peças de borracha moldadas por injeção 56 Lubrificantes premium GearOil, GearFluid e Massa lubrificante by Sew-Eurodrive 60 Desafio: eliminar os estrangulamentos na cadeia de abastecimento de conteúdo de plástico reciclado 62

5 Atualidade Sigmasoft apresenta novo design e mais funções na K 2022 A Sigma Engineering apresentou, na K 2022, uma nova versão do software Sigmasoft Virtual Molding que, além de um novo design, inclui novas funções para facilitar o processo de injeção de plásticos. Por norma, o software técnico centra-se em leis e modelos matemáticos e físicos e no cálculo e/ ou simulação corretos. Fatores como a facilidade de utilização e a usabilidade intuitiva são muitas vezes deixados para segundo plano. A Sigma considera que estes fatores devem ser tidos em conta e, por isso, reformulou completamente a interface do utilizador do Sigmasoft, que passa também a contar commelhor desempenho e novos conjuntos de dados de materiais integrados. Embora o Sigmasoft inclua uma grande base de dados de materiais, por vezes a exatidão dos dados não é suficiente para se conseguir uma correspondência completa entre simulação e realidade. As medições subjacentes são muitas vezes antigas e descrevem o comportamento num ambiente de laboratório e não de um ciclo de processo real. Isto significa que os conjuntos de dados disponíveis nem sempre são suficientemente exatos, já que cada material se comporta de forma diferente na realidade, dependendo da peça e do processo. Em cooperação com a KraussMaffei, a Sigma desenvolveu uma nova interface para a importação e exportação direta de dados entre a simulação e a máquina de injeção. A comunicação bidirecional permite optar por duas hipóteses: ou a geometria desejada é selecionada do Sigmasoft DoE e enviada para a máquina através do Sigmainteract, ou os parâmetros do processo do ciclo atual são enviados para o software para a simulação seguinte. Esta transferência de dados tem lugar através da KraussMaffei's socialProduction. Protótipo para exportação de dados com o layout alvo requerido do DoE do Sigmainteract. EDITORIAL A afirmação de Daniela Cordova, do Instituto Tecnólogico de Monterrey, durante o Plastics Summit Global Event 2022, reflete o que já todos sabemos em relação a este tema: a poluição dos oceanos é um problema grave, que tem de ser resolvido rapidamente, mas é, essencialmente, um problema comportamental, agravado pela má gestão de resíduos. Cabe a todos combatê-lo. Da cimeira organizada pela APIP, que resumimos nesta edição, saíram algumas ideias de como fazê-lo. Na indústria, o foco tem estado sempre muito mais no desenvolvimento de produtos do que, por exemplo, na comunicação. E esta parte é fundamental. Temos de aprender a comunicar com os mais jovens, transmitindo-lhes a ideia de missão, com noções claras acerca dos benefícios dos plásticos para a comunidade e de qual o destino a dar ao material em fim de vida. Na esfera pessoal, as palavras de ordem são ‘redução do consumo’, ‘reutilização’ e, claro, ‘reciclagem’. Não restam dúvidas que, no futuro, os plásticos vão continuar a fazer parte das nossas vidas. A diferença é que vamos passar a usá-los de forma mais racional. A Legislação europeia aponta, por exemplo, para a obrigatoriedade de prolongar a vida útil dos produtos. Por outro lado, alguns dos objetos que nos habituámos a usar apesar de não serem necessários, vão provavelmente deixar de existir. E isto não são más notícias para a indústria, já que, em contrapartida, a procura de peças de maior valor acrescentado - para as energias renováveis ou, por exemplo, para a mobilidade elétrica -, deverá aumentar de forma muito significativa. Pelas suas características, os plásticos continuarão também a ser essenciais em áreas como a indústria médica. Neste número da revista dedicamos algumas páginas a aplicações inovadoras para este mercado. Leia ainda a segunda parte do artigo que faz a ‘radiografia’ do setor e que resulta da análise feita pelo conselho consultivo dos expositores da K 2022. A InterPlast esteve em Düsseldorf e podemos confirmar que a indústria de plásticos está mais viva do que nunca. A próxima paragem é na Moldplás, a única feira nacional dedicada às indústrias de moldes e plásticos, que este ano se realiza nos dias 9 a 12 novembro, na Batalha, em simultâneo com a 3D Additive Expo, i4.0 Expo e Subcontratação. Visite-nos no stand 1A16 e leve um exemplar gratuito desta edição. Até lá, boa leitura! “Os plásticos não chegam sozinhos à praia”

6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Inventive investiga novo bioplástico 100 % à base de matérias-primas renováveis No âmbito de uma candidatura ao H2020, a Inventive está a desenvolver um novo bioplástico 100 % à base de matérias-primas renováveis. O projeto, denominado ‘Compostar’, foi distinguido com um Selo de Excelência e conta com um investimento elegível superior a 2,6 milhões de euros. Nos últimos anos, a Inventive tem vindo a trabalhar para encontrar soluções de resposta ao impacto ambiental dos materiais plásticos não biodegradáveis, que passam pela redução e substituição destes materiais, no sentido de garantir um crescimento cada vez mais sustentável. No âmbito da submissão de uma candidatura ao H2020 - EIC Accelerator pilot – SME Instrument - Green Deal, a Inventive foi distinguida com um Selo de Excelência com o projeto Compostar, que permitiu a entrada no Aviso 18/SI/2020 - Projetos Demonstradores Individuais - Selos de Excelência - PT2020. Iniciado em abril de 2021, o projeto Compostar tem como principal foco o desenvolvimento de um novo bioplástico 100% à base de matérias-primas renováveis, recorrendo a materiais como o amido de batata, gorduras, óleos e seus derivados, bem como polímeros sintéticos biodegradáveis. Em comunicado, a Inventive refere que está “no caminho para alcançar com sucesso o objetivo do projeto” e que este irá permitir à empresa “a promoção do seu crescimento no mercado nacional e internacional, através da diversificação e diferenciação do seu portfólio de produtos.” Para o projeto Compostar, a Inventive conta com um investimento elegível de 2.615.356,09 €, que se traduz num apoio financeiro de 1.176.910,24 € do Programa Operacional Regional do Alentejo - Alentejo2020. Ampacet investe na produção de masterbatches de grau médico O especialista emmasterbaches, Ampacet, anunciou que vai instalar salas de ambiente controlado na sua fábrica recentemente inaugurada, em Brembate (BG), Itália. "Há um impacto global significativo do envelhecimento da população, não só em termos de riscos para a saúde dos indivíduos, mas também no que respeita a pressões e questões sociais. A Ampacet está empenhada emapoiar a sociedade, fornecendo materiais avançados para a indústria farmacêutica e médica", afirmou Marcello Bergamo, diretor geral da Ampacet Europe. "A gama de masterbatches Ampacet ProVital+, especificamente concebida para aplicações médicas e farmacêuticas, foi introduzida no mercado em 2021. Para que esta gama possa ser utilizada em aplicações críticas, de acordo com os mais elevados padrões da indústria, a Ampacet está a investir em áreas dedicadas de ‘sala branca’. Desta forma, garantimos que a gama ProVital+ é produzida de acordo com as boas práticas de fabrico num ambiente seguro", concluiu.

7 ATUALIDADE Simulflowmarca presença na Moldplás 2022 A empresa irá expor, no stand A02 do pavilhão 2, peças reais produzidas com a tecnologia Mucell. Expositora assídua da Moldplás, a Simulflowmarca mais uma vez presença na única feira nacional dedicada aos transformadores de plásticos. De 9 a 12 de novembro, a empresa terá em exposição, na Exposalão (Batalha), as mais recentes novidades do Moldex3D, software de simulação de injeção, e também da tecnologia Mucell, desenvolvida para produção de peças termoplásticas mais leves, commaior estabilidade dimensional e a menor custo. Os visitantes terão oportunidade de ver, ao vivo, peças reais produzidas com esta tecnologia. Nos últimos 30 anos, o Moldex3D ajudou milhares de clientes em todo o mundo na conceção e otimização de peças produzidas por injeção de materiais termoplásticos. A experiência acumulada pela marca foi transformada em laboratório de ideias e competências do software. Milliken duplica capacidade de produção de clarificantes Nova fábrica instalada nos EUA aumentará a disponibilidade do clarificador de polipropileno emmais de 50 %. Produção destina-se a clientes de todo o mundo. O recente arranque da produção na impressionante nova fábrica de clarificantes da Milliken & Company emBlacksburg, Carolina do Sul, aumentará o acesso ao aditivo Millad NX 8000 para clientes em todo o mundo. Esta unidade permitirá à Milliken, um fabricante mundial de aditivos plásticos e corantes, responder à crescente procura por estes produtos. Segundo a empresa, o Millad NX 8000 ajuda a reduzir as emissões de carbono ao permitir que os transformadores reduzam o seu consumo de energia durante o processamento e, ao mesmo tempo, melhorem a eficiência da produção. Isto nunca foi mais importante do que durante este período de picos inigualáveis nos preços da energia. Além disso, estas economias de energia certificadas permitem que os proprietários de marcas que utilizam PP clarificado com Millad NX 8000 ECO exibam o tão desejado rótulo UL Environmental Claim Validation nas suas peças moldadas por injeção. O polipropileno (PP) é durável, leve, altamente reciclável e, graças ao Millad, oferece uma elevada transparência. Os clarificantes permitem que o PP seja utilizado em aplicações como peças de paredes finas. O PP é também um dos polímeros que exige menos energia para ser fabricado e reciclado em comparação com outros polímeros transparentes. 16382_anuncio_interplast_210x68.pdf 1 28/01/22 10:25

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER SGS Portugal responsável pela certificação da ‘embalagem do futuro’ A SGS Portugal, que se assume líder mundial em certificação, inspeção, ensaios laboratoriais e formação, vai ser a empresa responsável pela certificação da ‘Embalagem do Futuro’, um projeto a desenvolver no âmbito das ‘Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial’, integradas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Em Portugal, no ano 2020, e de acordo com o Relatório do Estado do Ambiente, produziu-se um total de 5,01 milhões de toneladas de resíduos, o que equivale a 1,4 quilos de lixo por dia, por pessoa. Os produtores e embaladores devem reforçar a adotação de medidas de prevenção, como a redução do excesso de embalagens, critérios de ecodesign e ainda modelos cada vez mais reutilizáveis, com vista à minimização dos resíduos, assim como dos respetivos custos de gestão. Para esta agenda, o papel da SGS Portugal será o de desenvolver um esquema de certificação que permita aferir a confiabilidade e o impacto dos novos sistemas e processos que as cadeias de valor comportam para garantir a transição ecológica e digital de todos os stakeholders, diminuindo o impacto negativo da cadeia de valor do setor das embalagens no ambiente e nos ecossistemas. “Temos uma grande oportunidade de melhoria, transversal a todo o mercado. O foco é trabalharmos para ajudar toda a sociedade a dar reposta ao ambicioso objetivo de chegar aos 65% de reciclagem de todas as embalagens colocadas no mercado até 2025”, destaca João Marques, diretor executivo da SGS Portugal. Com um investimento próximo dos 123 milhões de euros, o projeto ‘Embalagem do Futuro’ é liderado pela Vangest e prevê a criação de 20 novos produtos/serviços e mais de uma dezena de novas linhas produtivas que combinam tecnologias inovadoras para a produção de embalagens sustentáveis e novos processos a adotar na cadeia de valor do setor das embalagens. Além da empresa de Leiria especializada na indústria dos moldes, o consórcio multidisciplinar é constituído por 89 entidades (52 PME, 21 NPME, 12 ENESII) das regiões Norte, Centro e Alentejo. Sidel inaugura novo centro de I&D dedicado ao rPET A indústria da embalagem atravessa um período de transição que deverá culminar na substituição do PET virgem por rPET. A Sidel também está empenhada nesta transição. Neste sentido, a empresa fornecedora de máquinas de sopro, enchimento e rotulagem, instalou uma linha de reciclagem PET, em pequena escala, com o objetivo de desenvolver uma compreensão profunda da reciclagem de garrafas PET para contacto alimentar. Com valências como a avaliação do impacto dos aditivos e dos materiais de embalagem primária na resina rPET, o centro tem potencial para se tornar uma referência importante para os produtores de matérias-primas, recicladores e organizações reguladoras da reciclagem. A linha também permitirá à Sidel desenvolver a sua própria perícia, ideias e soluções de embalagem inovadoras. João Marques, diretor executivo da SGS Portugal.

9 ATUALIDADE Subida dos preços da energia coloca em risco os recicladores europeus As organizações setoriais europeias apelamaos Governos da zona euro para que tomemmedidas urgentes para evitar danos irreversíveis às empresas recicladoras e aos objetivos da economia circular. O aumento drástico dos preços da energia representa um grande desafio para as indústrias de reciclagem europeias. Muitas destas empresas, incluindo as PMEs, já reduziram significativamente ou suspenderam completamente a produção. Nestas circunstâncias excecionais, a indústria insta os decisores políticos a aprovar um apoio financeiro imediato para evitar danos graves a longo prazo para o setor. “A reciclagemé umprocesso complexo que decorre semparar sete dias por semana. Não podemos simplesmente ligar e desligar a nossa atividade como um interruptor de luz”, diz Olivier François, presidente da Confederação Europeia das Indústrias de Reciclagem (EuRIC). “Os recicladores europeus não conseguem fazer face aos custos crescentes da energia e isto representa uma ameaça direta à neutralidade carbónica da Europa, às ambições da economia circular e aos empregos que esta indústria gera”, acrescenta. Embora a indústria de reciclagem tenha vindo a crescer constantemente na Europa, impulsionada emgrande parte por um forte empreendedorismo e incentivos à utilização de mais materiais reciclados nos novos produtos, apenas 12% dos materiais utilizados na produção na UE provêm da reciclagem. O aumento dos preços da energia está a inverter este progresso e a colocar uma pressão sobre as fábricas de reciclagem, especialmente as PMEs. Neste contexto, é importante salientar que a reciclagemnão só poupa emissões significativas de CO2, mas também energia, em comparação com a extração de matérias-primas. Assim, as associações setoriais europeias exortam os decisores políticos europeus a agir consistentemente para incentivar a utilização demateriais reciclados através da implementação de créditos de carbono, contratos públicos ecológicos e objetivos vinculativos para a utilização dematerial reciclado no fabrico de novos produtos. Estamos empenhados em proteger o futuro do nosso planeta. Já desde gerações! Com as nossas ofertas, garantimos a mais alta tecnologia no processamento de plásticos. Ao mesmo tempo, também garantimos uma maior eficiência energética e de produção, a conservação de recursos, a redução das emissões de CO2, a aplicação de reciclagem e a economia circular. Este é o nosso programa: arburgGREENworld. www.arburg.pt arburgGREENworld PIONEIRO GREENproduction PROGRAMA IDENTIDADE GREENservices SUSTENTABILIDADE GREENmachine FUTURO GREENenvironment 09. – 12.11.2022 Pavilhão 3, Stand 3B12 Batalha, Portugal

10 EVENTOS Cadeia de valor dos plásticos abre caminho para um futuro sustentável Os plásticos são materiais extraordinários, com capacidade para nos ajudar a alcançar a neutralidade carbónica, mas precisam de ser melhor utilizados e geridos. Neste sentido, o investimento em inovação, a colaboração entre todos os elos da cadeia de valor e a legislação adequada são determinantes. Estas foram algumas das principais ideias deixadas pelos oradores do Plastics Summit Global Event 2022, que, no dia 17 de outubro, debateram em Lisboa formas de diminuir o impacto ambiental destes materiais. O evento reuniu cerca de mil pessoas de todo o mundo. Luísa Santos Mais de trinta oradores, nacionais e internacionais, da cadeia de valor dos plásticos, da sociedade civil, organizações não governamentais e academia, discutiram temas essenciais como a adequação (ou não) da legislação em vigor às reais necessidades do setor, amedidas para combater a poluição dos oceanos, formas de evitar o ‘greenwashing’ e qual omelhor caminho para a descarbonização. Do evento resultou uma ‘Declaração de Compromisso’ que visa vincular a indústria de plásticos na persecução de um futuro mais sustentável para todos. Organizado pela Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) com o apoio das suas congéneres de Espanha (ANAIP), Brasil (ABIPLAST/ABIEF) e México (ANIPAC), o Plastics Summit Global Event 2022 reuniu um número recorde de participantes interessados em ouvir o que os principais intervenientes da cadeia de valor tinhampara dizer. E não era pouco. “A forma como usamos os plásticos está a prejudicar a nossa espécie”, a frase é do presidente da APIP, Amaro Reis, que no seu discurso de inauguração da cimeira sintetizou a problemática associada à poluição, muitas vezes atribuída ao plástico e não ao que fazemos com ele. O responsável assegurou, no entanto, que a indústria está empenhada em fazer a sua parte para mudar este cenário, através do investimento em inovação. POLUIÇÃO DOS OCEANOS: UMA EMERGÊNCIA GLOBAL Omais recente relatório da OCDE refere que a produção de plásticos aumentou significativamente nas últimas duas décadas e que, das 460 milhões de toneladas colocadas no mercado em 2019, apenas 9% foram recicladas. Com o aumento da população mundial, é expectável que estes números subam para o dobro até 2060, com maior incidência na Ásia e, especialmente Amaro Reis, presidente da APIP, durante a sessão de abertura do Plastics Summit Global Event.

11 EVENTOS emÁfrica, Continente com pouca tecnologia de reciclagem instalada, onde vai ser necessário investir. Este aumento da população e a falta de educação para a reciclagem, juntamente com o baixo valor que se dá ao plástico, a ineficiência da recolha em diversas partes do mundo e a falta de uma estratégia global, foram razões apresentadas por vários dos oradores para a quantidade de plástico presente nos oceanos. Na opinião de Hans Axel Kristensen, co-fundador e CEO da Plastix (empresa dinamarquesa que tem vindo a especializar-se na reciclagem de redes e cordas de pesca), mais urgente que tirá-lo de lá, é impedir que ele lá chegue. “O preço de tirar o plástico dos oceanos é muito alto. Temos de evitar que ele lá vá parar”, afirmou. Neste mesmo sentido, Maria Perez Sains, da Nova Pescanova lembrou o projeto que a empresa tem com a Sabic e a Polivouga, que passa por ‘capturar’ o plástico antes de ele chegar ao mar, transformá-lo por pirólise e voltar a usá-lo em novas embalagens. A empresa lançou recentemente uma iniciativa na Malásia, o ‘Ocean bank plastic projet’, que visa precisamente fomentar a recolha de plástico nas margens dos rios. A ideia de "criar uma economia social a partir da reciclagem" foi também defendida por Filipe de Botton. O presidente da Logoplaste acredita que dar uma contrapartida monetária a quem coleta é a melhor forma de garantir a recolha dos resíduos que estão fora do sistema. Mas, neste momento, esta é uma solução apenas para alguns plásticos. Produtos como as embalagens multicamada ou os compósitos com fibra de vidro tornam o processo de reciclagem mecânica praticamente impossível. Nos últimos anos, empresas e centros de investigação entraram numa verdadeira corrida para encontrar soluções para estes desafios. A reciclagem química aparece como uma das mais promissoras. No entanto, Ricardo Pereira, CEO da Sirplaste, adverte que “ainda não estamos lá. Vemos, todos os dias, os designers de embalagem a dizer que não há problema, porque a reciclagem química depois resolve. Temos de ser realistas: a reciclagem química ainda não é a solução”. A CHAVE ESTÁ NA INOVAÇÃO No contexto atual, o ecodesign, ou seja, a conceção do produto com vista à sua total reciclagem, assume-se como uma das principais armas da indústria. Tal como acontece commedidas como o ‘passaporte digital do produto’, que, quando implementado, vai permitir ao reciclador saber exatamente que materiais compõem o produto, facilitando o processo de reciclagem. A Logoplaste vai mais longe e tem em curso um projeto, denominado Singularity, que vai permitir saber exatamente quem comprou determinada embalagem e onde é que a descartou, revelou Filipe Botton. Outra das medidas para aumentar a sustentabilidade dos plásticos é o uso de reciclado em novos produtos. E, de facto, o consumidor tem vindo a exigir isso mesmo, principalmente nos produtos de vida curta, como a embalagem de bebidas, o que fez disparar a procura e o preço do rPET. “Hoje, as maiores empresas do mundo dizem- -nos que não querem reciclado porque é mais caro. Para sermos competitivos nas embalagens com reciclado, temos de ter mais reciclado de qualidade”, afirmou Filipe de Botton. Na opinião de Virginia Janssens, diretora executiva da Plastics Europe, para ultrapassar o entrave do preço a curto prazo, “é necessário que haja legislação que promova/imponha o uso de reciclado”. E o consumidor? Está disposto a pagar mais pelo produto ‘verde’? Segundo Fátima Poças, professora na Universidade Católica, “estudos indicam que sim”. No entanto, “é essencial que a mensagem seja consistente e clara, nomeadamente acerca dos biodegradáveis”, evitando falsas alegações ecológicas. A docente lembra que o chamado ‘greenwashing’ acontece ao longo da cadeia de valor, desde a indústria alimentar ao transformador, e pode minar a confiança do público. Passar uma mensagem clara para o consumidor deve implicar, por exemplo, a realização e divulgação de estudos de impacto ambiental LCA (Life Cycle Assessement). Fausto Freire, professor na Universidade de Coimbra, recorda que, em dezembro de 2021, a Comissão Europeia propôs os métodos Product Environmental Footprint (PEF) Cerca de mil pessoas de diversos países participaram no Plastics Summit Global Event 2023.

12 EVENTOS e Organisation Environmental Footprint (EF) como ferramentas standard para medir o desempenho ambiental dos produtos. Os LCA são também uma ferramenta importante para o legislador, quando se trata de aferir a sustentabilidade dos materiais e as implicações que isso tem na nova regulamentação. No que respeita à legislação em vigor, ficou patente que, muitas vezes, a mesma não reflete a resposta sistémica que é urgente por parte de todos os elementos da cadeia do plástico. Uma legislação eficaz deve ouvir todas as partes interessadas e alinhar-se com elas, mas, por outro lado, deve ter em conta as particularidades de cada região do mundo. Ainda neste campo, Joan Marc Simon, diretor executivo da Zero Waste Europe, deixou uma crítica à Comissão Europeia, pela morosidade na regulamentação dos aditivos químicos perigosos para a saúde humana. “Podemos corrigir a neutralidade carbónica, mas se não melhorarmos a saúde das pessoas, isso não vale de nada”, afirmou. OBJETIVO: DESCARBONIZAÇÃO Ao longo da cimeira, vários oradores realçaram a importância do plástico, nomeadamente para a neutralidade carbónica. Pelas suas propriedades, os materiais poliméricos oferecem uma flexibilidade, leveza e resistência que nenhum outro consegue. E estas são características essenciais, por exemplo, paradiminuir opesodos veículos elétricos ou para fabricar pás de turbinas eólicas. Mas, tal como é utilizado hoje, o plástico tambémcontribui para as emissões de CO2. Diminuir esse impacto implica a redução, reutilização e reciclagem dos materiais, eliminando processos como a deposição em aterro e a incineração. A APIP quer levar a cabo um roteiro para a descarbonização da indústria de plásticos, que passa, em primeiro lugar, pela caraterização do setor, a que se segue a criação de possíveis cenários para a descarbonização, a formação das empresas e a disseminação de informação acerca do tema. No final do evento, Pedro Paes do Amaral, diretor executivo do Plastics Summit Global Event, e vice-presidente executivo da APIP, considerou que a cimeira “foi um verdadeiro sucesso na afirmação do setor dos plásticos enquanto elemento-chave no processo para a descarbonização, regulamentação ambiental e na promoção da saúde planetária”. Do Plastics Summit Global Event 2022 resultou uma Declaração de Compromisso, que contou com o envolvimento de mais de 80 ‘stakeholders’ e que apresenta um conjunto de recomendações, compromissos e estratégias de ação na área legislativa dos produtos, no combate à poluição dos oceanos, rotulagem ambiental, neutralidade carbónica e combate às alterações climáticas. A cimeira contou com a presença da secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, do secretário de Estado do Ambiente e Energia, João Galamba e da secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, no encerramento. n A secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, marcou presença na cerimónia de encerramento da cimeira.

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14 TENDÊNCIAS DECLARAÇÃO DO CONSELHO CONSULTIVO DOS EXPOSITORES DA K 2022 RADIOGRAFIA DA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO (2.ª parte) A indústria dos plásticos e da borracha está em transformação. Um século após o nascimento do plástico, o setor ganha consciência do seu papel de liderança, também social, e da responsabilidade que isso acarreta. A ‘mais rápida, maior, mais abrangente’ das melhorias quotidianas já não pode garantir por si só o sucesso económico, como ocorreu com a rápida ascensão da tecnologia no século passado. É necessário sair da zona de conforto e assegurar a sustentabilidade das atividades para as gerações futuras. Tal como ficou claro na K 2022, decorrida entre 19 e 26 de outubro, em Düsseldorf, a indústria vai conseguir demonstrar que os materiais poliméricos não só não são o problema, como também podem contribuir para a solução. As questões relacionadas com a conservação dos recursos e a reciclagem dos materiais poliméricos são cada vez mais prementes. A possível poupança de recursos, o processamento eficiente dos plásticos e, acima de tudo, a sua recolha, classificação e reciclagem generalizada continuam a ser a Foto: Messe Düsseldorf, Constanze Tillmann. tarefa central da indústria enquanto alavanca da ‘economia circular’. Isto ficou espelhado de forma clara na K 2019. Nunca antes a indústria havia abordado um tema de forma tão unânime. E o problema não está resolvido. As intervenções necessárias na organização global da cadeia de valor são demasiado profundas e os investimentos demasiado grandes para que as soluções se apliquem ‘num abrir e fechar de olhos’. Os anos 20 ficarão marcados pela mudança para a economia circular e a feira K continuará a acompanhar este caminho. A economia circular surge intimamente ligada à proteção climática. As medidas neste sentido já não se podem adiar, porque o futuro previsto anteriormente pelos cientistas está a começar a manifestar-se por todo o mundo com fenómenos meteorológicos invulgares e negativos. Acabou a possibilidade de adiar, é necessário agir agora. Os polímeros têm vantagens sobre os materiais inorgânicos já que, em geral, a sua transformação requer pouca energia. Mas, por outro lado, os plásticos sintéticos têm de lidar com a sua base de matérias-primas, até agora predominante fóssil.

15 TENDÊNCIAS A digitalização é uma tendência em todo o mundo industrial. A K 2022 refletiu o estado atual da digitalização dos processos na indústria do plástico e da borracha, com diversas soluções expostas para a sua ampla implementação na prática industrial diária. O trio destas megatendências: economia circular, proteção climática e digitalização, constituíram o núcleo da K 2022. E, a verdade é que todas elas se interligam. As indústrias não estão isoladas nas suas circunstâncias, pelo contrário, estão sempre significativamente implicadas nas questões sociais da sua época e devem procurar respostas às mesmas. O mesmo acontece nas indústrias de plásticos e borracha que, além de disso, têm um papel facilitador dessas mesmas tendências, tal como ficou patente na K 2022. Foto: Messe Düsseldorf, Constanze Tillmann. Sede: Av da Igreja Nrs. 6 e 10 - Sapataria – 2590-430 Sobral de Monte Agraço – PORTUGAL | Tel.: ++351 261 785041 - e-mail: info@plasequip.com Termorreguladores e chillers Tratamento de reciclados Tecnologia no transporte e desempoeiramento de matériaprima Tecnologia separação de metal/plástico Líder mundial em sistema MES Tapetes de transporte de peças e separação de gitos Ensaios de humidade em material granulado PLASequip P Tratamento de matéria-prima em pó ou granulada

16 TENDÊNCIAS ECONOMIA CIRCULAR: A INDÚSTRIA MOVE-SE POR TODO O MUNDO Nenhuma outra tarefa teve tanta importância na indústria nos últimos anos como o desenvolvimento de uma economia circular que funcione para todos os materiais poliméricos. Este movimento teve início na K 2019 e, desde aí, provocou alterações significativas em todas as etapas da cadeia de valor. Na Europa, muitas empresas adquiriram fábricas de reciclagemde plásticos, com o objetivo de desenvolverem soluções de elevada qualidade para a reciclagem ‘pós-consumo’ (PCR). A visão: Criar novos tipos de materiais, com proporções mínimas de PCR, cuja qualidade esteja garantida aomesmo nível que a dos produtos primários, e cuja utilização seja fácil e segura para qualquer processador. Como consequência, na K 2022, os principais fornecedores de materiais, tanto dos grupos empresariais como dos fabricantes de compósitos independentes, apresentaram novos tipos demateriais como cobiçado ‘conteúdo reciclado’. No entanto, este é apenas umprimeiro passo rumo a soluções mais amplas, como está claro para todos os envolvidos. As quantidades simplesmente não são suficientes para cumprir os objetivos. Nos últimos anos, assistimos a uma corrida ao PET reciclado sem precedentes, o que fez com que este material se tornasse muito mais caro que os materiais primários. Este cenário resulta da forte exigência por parte dos fabricantes de plásticos, em especial do setor das embalagens, para a utilização de produtos PCR, como forma de atender às exigências regulamentares e dos consumidores. Na procura do material adequado, os transformadores e fornecedores tenderam rapidamente para o rPET. Isto porque, até agora, o poliéster reciclado é o único plástico disponível na Europa em quantidades realmente significativas e, ao mesmo tempo, com uma qualidade adequada, dois requisitos para uma utilização economicamente viável. Por outro lado, os materiais de embalagem poliméricos primários estão dominados pelo polietileno (PE) e polipropileno (PP). Estas poliolefinas representam dois terços de todos os polímeros primários utilizados em embalagens. Não obstante, ainda é difícil encontrar no mercado PE e PP pós-consumo de qualidade em quantidades suficientes. Isto é válido para quase todos os segmentos de aplicação dos produtos de plástico e borracha. O ‘DESIGN PARA A RECICLAGEM’ ADQUIRE UMA NOVA IMPORTÂNCIA Durante décadas, a indústria de plásticos desenhou e fabricou produtos pensados apenas para cumprir os requisitos de funcionalidade e estética dos clientes. Emmuitos casos, destas exigências resultaramcompósitos feitos com materiais incompatíveis com a reciclagem. Os materiais pós-consumo recuperados estão demasiado misturados para ser processados de forma rentável, com a qualidade necessária, isto apesar de todos os sofisticados processos de classificação e separação existentes no mercado. Para melhorar esta situação, os aspetos necessários para a reciclagem após a utilização devem ser, desde logo, incorporados no design, desenvolvimento e fabrico dos produtos primários. O ecodesign tem vindo a tornar-se cada vez mais um ‘facilitador’ para o desenvolvimento de uma economia circular sustentável dos polímeros. Esta tarefa afeta toda a cadeia de valor, desde a produção de materiais, do fabrico de maquinaria e da transformação, até aos utilizadores finais e à posterior recolha, classificação e reciclagem. O ecodesign prepara-se para ser introduzido na indústria a um nível sem precedentes. Esta foi, por isso, uma área em destaque na K 2022, com os fabricantes de equipamentos a apresentarem soluções para a produção de embalagens flexíveis monomaterial, ou feitas de materiais compatíveis, para substituição das anteriores embalagens compostas, sem que isso implique qualquer perda de qualidade. O registo digital de características relevantes dos produtos primários para uma melhor classificação automatizada de acordo com a sua utilização é outro foco que combina dois temas principais da feira (economia circular e digitalização) e que Foto: Messe Düsseldorf, Constanze Tillmann.

17 TENDÊNCIAS despertou grande interesse entre os visitantes. Com a proibição da importação de plásticos usados desde janeiro de 2018, o importantemercado da China sofreu uma alteração de rumo em direção à economia circular, o que impulsionou várias empresas deste mercado, tal com foi possível ver na K 2022, o primeiro grande ponto de encontro do setor depois da pandemia. A introdução da economia circular não deixará de lado nenhumdos pontos da cadeia de valor. A transformação terá de ser global. Por isso, todos os envolvidos devem juntar-se ao debate, incluindo políticos, ONGs e outros grupos sociais implicados. Isto é importante, entre outras coisas, porque toca outro tema que está a impulsionar a indústria: a crescente falta de jovens talentos. Os conceitos de um futuro convincente aumentam a atratividade da indústria do plástico para os jovens. PROTEÇÃO CLIMÁTICA: QUESTÃO CHAVE QUE TAMBÉM AFETA A INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS Toda a atividade industrial humana requer energia e matérias-primas. A humanidade está a começar a sentir ‘na pele’ que o método de geração de energia a partir da combustão de recursos fósseis, até agora utilizado com tanto sucesso, não é sustentável a longo prazo. A consequente libertação massiva de dióxido de carbono provoca o aquecimento da atmosfera terrestre. Isto, por sua vez, modifica as condições climáticas até ao ponto de colocar em causa a sobrevivência da humanidade como um todo. A indústria do plástico pode, quer e temde enfrentar esta questão existencial. Como tal, o conselho consultivo da K 2022 fixou a proteção climática como outro dos seus objetivos. Naturalmente, já se está a fazer muito para nivelar o CO2 dos plásticos através da aplicação da economia circular. A reciclagem de materiais, e o consequente abandono da incineração, faz com que os gases de carbono não se libertem, permanecendo unidos de forma sustentável nas cadeias de polímeros. Mas isto não será suficiente. Por um lado, as questões de produção de energia sustentável e da eficiência energética associada são de elevada importância para todas as indústrias. Por outro, mais de metade da borracha e cerca de 99% dos plásticos são produzidos a partir de recursos fósseis, embora a sua produção seja principalmente feita com o que sobra da produção de energia a partir do petróleo, gás ou carvão que não seja possível utilizar para esse fim. Ambas as questões estão relacionadas principal e essencialmente com a produção de polímeros. Na cadeia de valor dos plásticos, a indústria química é, de longe, a que mais energia exige para a produção de cadeias de polímeros. Uma vez produzidos, os polímeros requerem pouca energia para serem transformados em produtos quando comparados com os materiais inorgânicos, minerais ou metálicos. E este é um dos fatores económicos mais importantes para o seu sucesso. Na K 2022, diversos produtores apresentamos seus conceitos e as primeiras abordagens práticas para o fornecimento de processos a partir de fontes de energia renováveis, como a energia eólica. Neste aspeto, as empresas europeias costumammostrar-se pioneiras a nível mundial, já que os vínculos tradicionais com a petroquímica não são tão fortes como nas regiões com grandes reservas de recursos fósseis. Se este primeiro passo for dado, a aplicação nas restantes etapas da cadeia de valor será uma tarefa comparativamente simples. FOCO NAS MATÉRIAS-PRIMAS PARA A PRODUÇÃO DE POLÍMEROS A questão da base de matérias-primas é também umdesafio impotante para a indústria produtora, ainda que não seja o único. O facto de que os hidrocarbonetos, como base dos polímeros, também estejam disponíveis em abundância nas matérias-primas A indústria do plástico pode, quer e tem de enfrentar o problema das alterações climáticas Foto: Messe Düsseldorf, Constanze Tillmann.

18 TENDÊNCIAS renováveis não é um descobrimento novo. Os neandertais já extraiam breu da casca de bétula através da tecnologia do calor, a caseína era ummaterial polimérico na Idade Média, a borracha natural e a celulose foram bastante utilizados nos finais do século XIX e os precursores dos polímeros orgânicos ‘sintéticos’ a partir do petróleo, o gás e o carvão. No entanto, na atualidade, os polímeros baseados emmatérias-primas renováveis, como o PLA (ácido lático polimérico) ou o PE ‘verde’ baseado na cana de açúcar brasileira, são produtos de nicho. A presença das matérias- -primas provenientes dos restos das refinarias ou do processamento de gás e o carvão é demasiado dominante por todo o mundo. Porém, isto apenas se aplica de forma limitada à indústria europeia. A refinaria mais jovem da Europa foi inaugurada há mais de 50 anos, sendo que há mais de dez que muitas das suas unidades de produção estão encerradas: estamos a falar da ‘morte das refinarias’. Em contrapartida, na América do Norte e sobretudo na Ásia, continua- -se a construir e projetar refinarias a grande escala. A conversão da produção de energia através de fontes renováveis abre novas possibilidades de cálculo para a cadeia de valor europeia dos polímeros em termos de balanço energético e de pegada de carbono. Isto faz com que as fontes de matérias-primas alternativas para a produção de polímeros também se comecem a tornar economicamente viáveis. Na K 2022 foram apresentadas abordagens neste sentido, que incluem, por exemplo, a extração de carbono do CO2 (Carbon Capture Utilisation CCU), ou seja, um problema de resíduos pode tornar-se em matéria-prima! DIGITALIZAÇÃO: POSSIBILIDADE DE CONECTAR EM REDE OS PROCESSOS DE FABRICO As redes digitais e as possibilidades de interconexão estão presentes em diferentes etapas da cadeia de valor da indústria do plástico. Para a indústria produtora, como subsetor da indústria química, com os seus grandes sistemas de produção, a conexão em rede das unidades de produção que produzem continuamente a partir de líquidos e gases é uma prática estabelecida desde há muito tempo. Naturalmente, as possibilidades digitais de controlo são amplamente utilizadas, já que, de outra forma, o manuseamento dos sistemas altamente complexos e interdependentes na sua forma atual é inconcebível. Estamos a falar da supervisão em rede digital dos fluxos de matérias-primas e produtos na área da produção, também por toda a indústria para lá dos limites da empresa. E, também aqui, encontramos uma ligação à economia circular e à proteção climática. Este tema foi especialmente abordado na exposição especial do pavilhão 6, organizada pela associação de produtores Plastics Europe, com numerosas demonstrações, conferências e debates. Ainda no campo da digitalização, uma das principais alterações nos equipamentos utilizados para a transformação de plásticos e borracha foi a passagem da filosofia ‘stand alone’, em que cada equipamento operava com um sistema próprio patenteado, para soluções de interconexão com estruturas de controlo superiores. Na K 2022, todos os grandes fabricantes de sistemas, máquinas e dispositivos periféricos apresentaram estas opções de conexão. O acrónimo mágico é o OPC UA, que significa 'OpenPlatformCommunication Unified Architecture'. As novas gerações de quase todos os sistemas de controlo dispõemde uma interface correspondente. Isto significa que, no que diz respeito àsmáquinas, já não existem obstáculos no caminho para o controlo totalmente digitalizado de processos e operações no processamento, pelo menos para as novas instalações. No entanto, a reconversão e a integração nas máquinas existentes continuarão a ser um desafio nos próximos anos. Também não é claro quem irá oferecer os programas de OPC UA com os quais as empresas transformadoras possam executar e adaptar as suas condições e processos específicos. Porém, é claramente reconhecível que a aplicação destas possibilidades na prática operacional diária é o passo lógico rumo à seguinte etapa de valor acrescentado, também por parte das pequenas e médias empresas de processamento de plásticos. No entanto, a questão da soberania dos dados continua a ser controversa. Tal como os grandes produtores do lado das matérias-primas, as multinacionais da indústria automóvel estão a liderar a integração digital do controlo de processos e operações do lado dos clientes. Como consequência, Foto: Messe Düsseldorf, Constanze Tillmann.

os fabricantes de equipamentos originais (OEM) são conscientes do valor dos dados e reclamam-nos sempre que afetem os produtos finais das suas marcas. “A quem pertencem os dados?”. Já existem disputas a esse respeito, por exemplo entre os grandes fabricantes de pneus e os seus clientes OEM. Muitos fornecedores médios de produtos de plástico e borracha observam com bastante interesse as soluções que se encontram neste campo. AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS CONTINUAM A SER O MOTOR DO DESENVOLVIMENTO Mesmo a um nível muito mundano, os plásticos vão continuar a desempenhar um papel importante no futuro. O abandono do motor de combustão e a reconversão da mobilidade para acionamentos elétricos apenas é possível com as diversas soluções que estão a ser desenvolvidas pelos fabricantes de peças técnicas de plástico e borracha. A construção leve mantém-se muito presente como a megatendência tecnológica da última década. Os problemas de eficiência energética e de materiais continuam a ser perenes tanto na produção como nas matérias-primas. Na K 2022, diversos fornecedores de matérias-primas apresentaram soluções inovadoras para este tipo de aplicação. n Foto: Messe Düsseldorf, Constanze Tillmann. PAIXÃO PELA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO | PAPEL | POLIURETANO E MAQUINARIA INDUSTRIAL EM GERAL DRUM até 10 cores, Impressoras STACK TYPE de 2-4-6-8 cores, enroladores automáticos e Reversing. Maquinaria e productos para processos com poliuretano, colas e adesivos de poliol / isocianato. Transdutores, potenciómetros, sensores de pressão, sensores de temperatura, termopares, reguladores e indicadores. Todas as marcas que Representamos, distribuímos, ou com as quais Colaboram s, oferecem as melh res inovaçõoes tecnológicas para cada setor. TRANSFORMAÇÃO| EMBALAGEM FLEXÍVEL | EDIÇÃO OFFSET | PLÁSTICO e um grande compromisso com o ambiente. U IDALQUE SERVICIO Y MANTENIMIENTO, S.L. Camí de les Cabòries, nave 5 | 08798 Sant Cugat Sesgarrigues (Barcelona) | Spain T. 0034 938992914 | unisema@unisema.net | www.unisema.net TODAS as marcas que Representamos, Distribuímos, ou com as quais Colaboramos, oferecemasmelhores inovações tecnológicas para cada setor TRANFORMAÇÃO | EMBALAGEM FLEXÍVEL | EDIÇÃO OFFSET | PLÁSTICO e um grande compromisso com o ambiente. UNISEMA – UNIDALQUE SERVICIO Y MANTENIMIENTO, S.L. Cami de les Cabòries, nave 5 | 08798 Sant Cugat Sesgarrigues (Barcelona) | Spain Tel. 0034 938992914 | unisema@unisema.net | www.unisema.net Linhas de extrusão de filme monocamada / multicamada, bifluxo, trifluxo, biodegradável, reciclagem e IBC. Sistemas de dosagem e controlo gravimétrico, controlo automático de indicadores, IBC e Layflat Control, alimentação e transporte, monitorização e aquisição de dados. A K IMAT I C TRADEMARK Plastic Machinery Evolution Estações de tratamento corona/plasma, equipamento de eliminação de ozono, tintas para medição do efeito corona, dyne test (pen e market), capas de silicone para rolos. Equipamento de medição e regulamento de filme, medidores de espessura offline. Máquinas flexográficas, offset, clichês de impressão, tintas, limpadores e solventes, viscosímetros, seladores de marcadores térmicos. Linhas automáticas (máquinas de soldar, desbobinadoras, rebobinadoras, unidades de dobra e perfuradoras eletrónicas). Linhas de extrusão de chapas, folhas, perfis rígidos e expandidos, chapas com núcleo oco, onduladas e caneladas, linhas avançadas para painéis, chapas e perfis, linhas de reciclagem, linhas de cintagem para embalagens. Máquinas de pós-corte, paletização, embalagem, empacotamento e embalamento com film retrátil. Maquinaria e produtos para processos com poliuretano, colas e adesivos de poliol/isocianato. Transdutores, potenciómetros, sensores de pressão, sensores de temperatura, termopares, reguladores e indicadores. Impressoras flexográficas em geral, Impressoras flexográficas com CENTRAL DRUM até 10 cores, Impressoras STACK TYPE de 2-4-6-8 cores, enroladores automáticos e Reversing.

20 AMBIENTE A tecnologia laser no combate aos microplásticos Até agora, as centrais de tratamento de águas residuais não têm sido capazes de filtrar de forma eficaz os microplásticos presentes nos caudais. Mas isto pode mudar em breve. Na Alemanha, está a ser testado o primeiro filtro de microplásticos perfurado a laser, com orifícios de apenas 10 micrómetros de diâmetro. A tecnologia para efetuar milhões desses orifícios foi desenvolvida no Fraunhofer Institute for Laser Technology ILT. Atualmente, a sustentabilidade já não é uma opção, é uma obrigação, independentemente da tecnologia que se esteja a desenvolver. A indústria do laser está a utilizar cada vez mais a tecnologia de impulso ultracurto (ultrashortpulse laser technology, ou USP, na sigla em inglês) em diversos projetos que têmcomo objetivomelhorar a sustentabilidade. A tecnologia está a ser usada, por exemplo, para aumentar a eficiência do hidrogénio e para criar compartimentos de bateria absolutamente estanques em aplicações de eletromobilidade. No projeto SimConDrill, financiado pelo BMBF, o Fraunhofer ILT uniu forças comparceiros industriais para criar um filtro que, pela primeira vez, conseguisse remover microplásticos de águas residuais. “O nosso desafio era efetuar tantos orifícios quanto possível, tão pequenos quanto possível, numa folha de aço, nomenor tempo possível”, explica Andrea Lanfermann, gestora de projeto no Fraunhofer ILT. UNIDADEDEFILTRAGEMMÓVEL EMCENTRALDETRATAMENTO DEÁGUASRESIDUAIS Este objetivo foi alcansado. Após o processo ter sido desenvolvido no Fraunhofer ILT, especialistas da LaserJob GmbH executaram 59 milhões de orifícios comumdiâmetro de 10micrómetros numa folha de filtro, criando assim um protótipo viável. Colaboram igualmente neste projeto as empresas Klass Filter GmbH, Lunovu GmbH e OptiY GmbH. A Klass Filter contribuiu com o fornecimento de um filtro de ciclone patenteado, onde as folhas de metal perfuradas a laser foram instaladas. O produto final foi sujeito a testes intensivos. Num deles, foi filtrada água contaminada com pó fino de impressoras 3D. A instalação está agora a ser testada em condições reais numa central de tratamento de águas residuais. O CONHECIMENTO DO PROCESSO É FUNDAMENTAL Executar milhões de orifícios uns atrás dos outros é algo moroso, mas pode ser feito mais rapidamente com o processo multifeixe, no qual uma matriz de feixes idênticos é gerada a partir de um raio laser, através de um sistema ótico especial. O Fraunhofer ILT utilizou este processo comum laser de impulso ultracurto (TruMicro 5280 Femto Edition) para efetuar orifícios simultaneamente com144 raios. Abasepara tais aplicações é o conhecimento detalhado do processo, obtido pelo instituto ao longo de décadas e implementado em software e modelos correspondentes. Graças a esta experiência, os parâmetros podem ser variados no computador e parâmetros de processo ideais podem ser encontrados rapidamente. A robustez do processo também pode ser analisada antes de a aplicação ser testada. O primeiro filtro perfurado a laser para a filtragem de microplásticos em águas residuais tem 59 milhões de orifícios. Imagem: Fraunhofer ILT. C M Y CM MY CY CMY K

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