BP11 - InterPLAST

ANÁLISE 62 avanços científicos, de modo que uma das principais fontes de mudança tecnológica é constituída pela inte- ração entre empresas privadas e os organismos públicos de ciência (i.e. universidades e outros institutos de pesquisa). Dedicam os seus maiores recursos à inovação de produto, mais do que ao processo de inovação. Na ‘extensão’ da taxonomia de Pavitt, Castellacci caracteriza a indústria química no setor dos produtores de bens de massa, localizados numa fase intermédia da cadeia vertical, uma vez que produzem produtos finais ou produtos que são incorporados noutras etapas de outros processos de produ- ção. Quanto ao conteúdo tecnológico, nesta taxonomia, estas empresas são caracterizadas por uma capacidade considerável no desenvolvimento de novos produtos e processos internos. Este grupo é composto por dois dis- tintos subgrupos da classificação de Pavitt: (1) scale-intensive industries; (2) sectores science-based (onde se encaixa a indústria química), os quais são caracterizados por uma grande capacidade de criar internamente novo conhecimento tecnológico e os seus processos de inovação estão próximos dos avanços científicos alcan- çados pelas universidades e outras instituições públicas de pesquisa. As empresas são tipicamente grandes e a sua rentabilidade depende da exploração de economias de escala, obtida através da produção emmassa de bens padronizados. Estas empre- sas assumem uma posição central na cadeia de conhecimento, como também recebem inputs tecnológicos de ‘fornecedores’ com conhecimentos mais avançados, enquanto propor- cionam outputs tecnológicos (novos produtos). Produzem produtos tecno- logicamente avançados, promovem a eficiência e a qualidade no processo de produção, bem como a procura de soluções especializadas, pelo que é um grupo do setor industrial que desempenha um papel central na economia do sistema. A aprendizagem da indústria química baseia-se num processo formal de pesquisa, que introduz uma base científica à inovação, numa tenta- tiva de compreender a estrutura química de novas moléculas e a possibilidade de explorar econo- mias no âmbito do conhecimento para o desenvolvimento de diferen- tes produtos orgânicos. É um setor caracterizado por uma estrutura, do sistema setorial dos químicos, de grandes empresas com econo- mias de escala, departamentos de I&D que envolvem avultados inves- timentos e que desempenham um papel importante nas universidades e outras organizações científicas. Estas alterações no conhecimento e nos processos de aprendizagem foram acompanhadas pelo desenvolvimento de novos produtos e pela emergência de diferentes atores e organizações. Os avanços técnicos deste setor e as suas capacidades de comercialização deram a estas empresas vantagens inovadoras e comerciais. A indústria de polímeros conheceu em 1920 uma grande mudança baseada na ideia de que os materiais são uma longa cadeia de molécu- las (polímeros) ligadas entre si por limites químicos, o que originou o desenvolvimento de materiais. A com- preensão científica dos compósitos químicos é a base para produtos com diferentes aplicações. Este estudo químico dos polímeros resultou numa base tecnológica comum para o desenvolvimento de aplica- ções e diferentes produtos em cinco mercados distintos: plásticos, fibras, borrachas, revestimentos de super- fície e adesivos. Uma outra grande mudança nesta indústria está rela- cionada com o desenvolvimento da engenharia química e do conceito de operação-unidade, o que levou a uma diminuição dos componentes básicos dos processos químicos, comuns a várias linhas de produtos. Esta evo- lução tornou-se numa tecnologia de uso geral no setor químico. Permitiu, ainda, a separação do processo de inovação do produto e inovação de processo, algo que poderia ser comer- cializado. Este facto originou uma crescente divisão do trabalho entre empresas químicas e fornecedores de tecnologia, com o aumento de empresas especializadas de engenha- ria, desenvolvendo relações verticais com empresas químicas; mas, em contraste, com as grandes empresas que licenciaram processos tecnológi- cos, as empresas especializadas não desenvolveram radicalmente novos processos.

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