ENTREVISTA 64 PERFIL das pontes térmicas, estanquidade ao ar da envolvente do edifício e ventilação mecânica com recuperação de calor) há ainda outras estratégias de projeto para otimizar o desempenho como a simplicidade, e a orientação do edifício. Dada a realidade do setor da construção em Portugal, diria que o maior desafio está em alcançar o requisito da estanquidade ao ar, uma vez que é algo que não é exigido regulamentarmente, ao contrário de grande parte dos países europeus, nem é medido regularmente nas construções. As janelas são um dos elementos que têm vindo a ganhar relevância no contexto de uma casa passiva. Emque medida é que a escolha da área e das janelas impacta com a eficiência energética de uma Passive House? As janelas são o elemento crucial na envolvente de qualquer edifício, em geral, e na Passive House, em particular. As janelas são o elemento construtivo da envolvente com o mais elevado valor de U (coeficiente de transmissão térmica) e que pode ser 4 ou 5 vezes superior ao valor de U das paredes ou cobertura, por exemplo. Mas por outro lado, as janelas são o elemento construtivo da envolvente que permite ter efetivos ganhos de calor, por via da radiação solar. As janelas são também, normalmente, muito mais caras que as soluções de parede ou cobertura, por metro quadrado. Por tudo isto e para otimizar o desempenho e o custo benefício, tem de haver um grande cuidado da definição e prescrição da solução de janelas e que envolve desde a escolha do tipo de caixilharia ao sistema de abertura e funcionamento, desde o tipo de vidro (duplo ou triplo) e das capas ao do gás que preenche a câmara, desde o perfil intercalar que separa os vidros até à instalação da janela e à forma como ela é ligada ao suporte. É claro para omercado que as Passive House ajudam, e muito, a reduzir consumos, contribuem para a eficiência energética e são exemplos de sustentabilidade, pelos materiais utilizados e certificações exigidas. Considera que os portugueses já têm consciência da verdadeira importância de uma casa passiva e do relevante que podem ser para combater a pobreza energética? Já podemos afirmar que a Passive House é cada vez mais reconhecida como o expoente máximo ao nível do desempenho dos edifícios, do conforto, bem-estar e eficiência energética. Se por um lado temos assistido a um interesse cada vez maior pela Passive House, por parte de clientes finais ou promotores, por outro, sabemos que ainda há muito trabalho a fazer na disseminação do conceito e desmistificação de alguns preconceitos e ideias feitas. A preocupação com o desempenho do edifício é cada vez maior por parte dos portugueses, sobretudo quando se trata do maior investimento que é feito a nível familiar, como a construção ou aquisição de casa própria. Esta maior consciencialização leva à priorização de aspetos que antes não eram tão valorizados como a qualidade do isolamento térmico, das janelas, dos sistemas e equipamentos. E durante a pandemia verificamos o crescimento desse interesse, porventura devido ao maior uso das nossas casas tenha havido uma maior consciencialização para a qualidade dos ambientes onde vivemos. Um aspeto que é extremamente relevante e que temos procurado Habitação unifamiliar, Ílhavo.
RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx