38 PERFIL REABILITAÇÃO | EDIFÍCIOS O QUE FICOU... E O QUE SAIU Na inventariação do edifício houve coisas que, na reabilitação, foram eliminadas. Seja porque, refere o diretor de project management na Sonae FS, eram elementos dissonantes ou sem valor patrimonial. “No exterior, foram demolidas das intervenções dissonantes, estores exteriores, caixas de estore, aparelhos de climatização e grelhas de ventilação obsoletas existentes no edifício, e no interior foram removidos os revestimentos e compartimentação dissonante”, exemplifica. No interior procurou-se manter a distribuição funcional, organizando-se a distribuição funcional, organizou- -se no espaço. Ou seja, a maioria dos gabinetes foram “transformados” em quartos. O que permitiu que, algumas das pessoas que trabalharam naquele espaço durantes anos ao (re) visitar o espaço tenham conseguido identificar “o seu local de trabalho”. Mais. As áreas de serviço e de apoio à operação ficaram localizadas no piso 0+ sendo um piso de sobreloja sem caraterísticas patrimoniais especiais, e a área social do hotel ficou localizada no piso 1 no corpo central do edifício, sobre o átrio de entrada da estação e os quartos aproveitam a compartimentação existente ao longo da ala nascente nos pisos 1 e 2 do edifício. O facto de o edifício ter sido utilizado praticamente até “passar” para as mãos da Sonae evitou a degradação domesmo e facilitou a sua reabilitação. Feitas as contas, a Sonae tinha apenas de “mexer” numa pequena percentagem do edifício e mais no sentido de, por um lado, garantir a autonomia dos acessos e saídas de emergência do hotel que são independentes da estação ferroviária, mas também, e principalmente, o reforço do último piso, onde estão todas as máquinas que garantem a manutenção e operação do hotel. A par disso, e ao nível da compartimentação, houve duas áreas que foram completamente reconvertidas. No primeiro piso, na zona central, a “antiga compartimentação para áreas de gabinetes foi completamente alterada para integração da área de bar e restauração, e no topo da ala nascente o openspace com divisórias previamente existente foi transformado em área de quartos”. E o que ficou? Alguns materiais, responde Pedro Guimarães, como azulejos em paredes interiores, apainelados de madeira, revestimentos emmármore de pavimentos e paredes, a rosácea na fachada interior, etc. Ao nível da estrutura e fachadas do edifício houve quase total aproveitamento, com reabilitação, como a laje em betão em pisos, toda a estrutura de madeira de pisos e paredes, a cobertura com treliças e telha, elementos em paredes exteriores, etc. As tais vigas de metal, por exemplo, que foram descobertas aquando da obra, forammantidas (com exceção da zona onde foi instalada a escada de emergência) e são hoje um elemento decorativo do teto do restaurante. O mesmo com as portas que antes davam acesso aos vários gabinetes. Não podendo ser usadas como portas de acesso aos quartos, dado que não cumpriam os requisitos de segurança ou acústicos, optou-se por usá-las como acesso a uma antecâmara de acesso aos quartos. Ou a rosácea que marca o centro da estação e que é, hoje, “o” elemento de destaque de um dos quartos. Durante todo o processo de reabilitação procurou-se manter a história do edifício não a desvirtuando. Aliás, essa mesma história serviu de ponto de partida para o conceito de decoração: “a Estação como ponto de partida e chegada, como cenário de aconte-
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