BJ7 - Novoperfil Portugal

ENTREVISTA 70 PERFIL veículos elétricos em novos edifícios e nos casos de grandes renovações. Isso irá estimular ainda mais a inovação e desenvolvimento de novas soluções. Mas não posso deixar de fazer uma pequena provocação, até para reforçar a importância do transporte público, a médio prazo: as pessoas que vivem nos grandes centros urbanos deviam, primeiro que tudo, avaliar a necessidade de ter uma viatura própria. Menos dependência do automóvel será bom para o ambiente, para a saúde e para a carteira. A eficiência energética dos edifícios é outra 'batalha' da Comissão Europeia e um dos pontos fracos de Portugal. Os fundos comunitários são suficientes para o trabalho de remodelar todo o edificado? As pessoas estão conscientes do problema? Em Portugal, mais de 95% do nosso edificado é anterior à existência de requisitos de eficiência energética. Só a partir da década de 1990 e, especialmente a partir de 2006, com a legislação da certificação energética (SCE), passámos a ter uma construção regulada em matéria de eficiência energética. Isso fez com que tenhamos como ponto de partida uma enorme maioria de edifícios pouco eficientes e, naturalmente, um grande desafio de reabilitação pela frente. No entanto, estamos na linha da frente da resposta europeia a esse desafio, com uma Estratégia de Longo Prazo para a Renovação do Edifícios (ELPRE) aprovada e elogiada pela Comissão Europeia e temos hoje, um dos sistemas de certificação energética de edifícios reconhecidamente mais avançados e robustos da Europa. Os fundos comunitários de apoio à implementação de medidas de melhoria são um ponto importante e servem como incentivador da renovação do edificado. A ELPRE prevê que, até 2050, sejam investidos cerca de 143 mil milhões de euros para renovar os edifícios em Portugal e os fundos europeus serão uma importante ajuda para alavancar esse investimento. Importa realçar que cerca de 20% desse investimento será dirigido à melhoria da envolvente dos edifícios (isolamentos e janelas), num importante contributo para a redução da pobreza energética. Para que estes fundos sejam bem aplicados, é necessária a disponibilização de instrumento práticos e ágeis que facilitem a sua adoção e também uma forte aposta de divulgação e informação ao consumidor. Algo que a ADENE tem vindo a desenvolver, ao disponibilizar instrumentos como o Portal casA+ (www.portalcasamais.pt) e o CLASSE+ (www.classemais.pt), que facilitam o acesso dos consumidores a soluções de eficiência energética e geração de energia renovável, para além do certificado energético (www.sce.pt), enquanto diagnóstico técnico especializado sobre o que pode e deve ser objeto de melhoria no edifício para aumentar o seu desempenho energético. Ao mesmo tempo, lançámos a Rota da Energia, iniciativa em que abordamos diretamente os consumidores, população escolar e técnicos municipais. Em paralelo, a ADENE tem dado apoio técnico à operacionalização dos programas do Fundo Ambiental que, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), já estão a fazer chegar fundos aos consumidores. Portugal orgulha-se do seu papel na produção de energia renovável. É um orgulho merecido? Isto porque, por exemplo, ao nível da produção de energia solar os valores nacionais estão bastante distantes de países como a Alemanha, que não tem tantas horas de sol como Portugal. É verdade que a nossa posição geográfica faz com que tenhamos mais horas de sol e por esse motivo devemos aproveitar o potencial solar, o que temos efetuado na última década. No entanto, a aposta em energias renováveis não tem origem apenas na energia solar. A aposta na energia hídrica e eólica têm uma contribuição fundamental na produção de energia no nosso País. “Em 2019, Portugal foi o 4º país da UE-28 com maior produção de eletricidade com origem em fontes de energia renováveis (FER)”.

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