BJ14 - Novoperfil Portugal

69 PERFIL DOSSIER CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA desde o processo de compra e triagem da sucata, à sua fundição a altas temperaturas, extrusão e serralharia, durante o qual a sucata de alumínio pode ser reconvertida e reutilizada para futuras utilizações na produção de novos produtos de alumínio, como janelas, fachadas ou componentes automóveis. Uma das grandes vantagens do alumínio é que este é ummaterial que pode ser infinitamente reciclado semperder as suas características, fazendo deste material um dos recursos fundamentais para uma maior sustentabilidade ambiental. Nesta medida, de acordo com Rui Abreu, presidente da APAL, “este investimento na indústria da reciclagem de alumínio favorece o surgimento de uma verdadeira economia baseada na circularidade, na sustentabilidade, numa economia com futuro”. Reconhecendo a importância crescente da cadeia de valor de reciclagem da sucata de alumínio, muitas empresas de demolição e de renovação ou restauro estão já a assumir um papel mais ativo na recolha de alumínio em fim de ciclo de vida e a entregá-lo nas unidades de reciclagem. Desde modo, estas empresas conseguem também reduzir os seus custos de operação. A sensibilização para a importância da recolha deste alumínio de fim de vida está apenas atrasada junto do consumidor final, o que passará, para além da necessária valorização do material recolhido, pela criação de redes de circularidade locais. De acordo com o responsável da APAL, “não há redes de sustentabilidade com redes de material de sucata longínquas”. Além das óbvias vantagens da reutilização de alumínio usado, a sua reciclagem tem ainda uma vantagem adicional: os custos energéticos de reciclagem são muito mais baixos do que os necessários para a produção de alumínio primário. De acordo com dados da APAL, a produção de alumínio primário tem um dispêndio de 14,79 Megawatt/hora por tonelada, enquanto que o processo de reciclagem do alumínio consome apenas 1,309 Megawatt/hora por tonelada. Atualmente, está-se a trabalhar na possível utilização do hidrogénio como fonte de energia para a reciclagem de alumínio, que poderá reduzir a praticamente zero a produção de CO2. A média mundial de emissão de CO2 pela produção de um quilo de alumínio está nos cerca de dezassete quilos. A China é dos países cuja produção de alumínio tem um impacto maior – com a emissão para a atmosfera de cerca de 20 quilos de CO2 por cada quilo de alumínio produzido, devido à utilização de carvão como principal fonte de energia –, apresentando a Europa valores em torno dos 10 quilos, uma vez que recorre maioritariamente a energias renováveis. A Islândia é um dos melhores exemplos. Ao usar energia geotérmica para a produção do seu alumínio, a sua pegada ambiental praticamente que se reduz ao seu transporte. “O investimento na indústria da reciclagem de alumínio favorece o surgimento de uma verdadeira economia baseada na circularidade” Aapresentaçãodoprimeiro ciclode vida doalumínio totalmentedesenvolvidoem Portugal enquadra-senaestratégia recentemente apresentada pela Associação Europeia do Alumínio, (European Aluminium's 2050), que defende a criação de uma cadeia europeia de valor do alumínio que seja completamente descarbonizada, circular e energeticamente eficiente até 2050. Isso passará por garantir que todos os produtos em final de vida sejam recolhidos e reciclados. Para além de evitar a emissão de cerca de 39 milhões de toneladas de CO2, permitirá uma maior autonomia da Europa em relação à importação dessa matéria-prima e poderá gerar 6 mil milhões de euros para a economia europeia. Neste sentido, é opinião de Rui Abreu que “a indústria do alumínio já está pronta para transformar a nossa sociedadenumaeconomiacircular ajudando assim a atingir, a economia portuguesa e europeia, a neutralidade em carbono em 2050”. Portugal detémuma importante fileira do alumínio, comvárias empresas importantes emdiferentes elos da cadeia de valor, como a LingoteAlumínios, Anicolor, Navarra Alumínios, Caixiave ou Carvalho & Mota. A aposta emprodutos sustentáveis tem sido uma aposta de toda a fileira, com o desenvolvimento de vários produtos e soluções que integram materiais e processos produtivos que se pretendem cada vez mais sustentáveis e energeticamente eficientes. n

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