28 PERFIL EVENTO por olhar para o que temos, ver como podemos tirar partido do que temos e como melhorar. O caminho tem de ser por aí”. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Para João Joanaz de Melo, da FCT- -Nova, cuja área de especialidade é o ambiente, a questão crítica das políticas climáticas é “a eficiência energética em todos os setores. Quando falamos de umPRR de 120milhões de euros para a requalificação das casas, fizemos as contas e para colocar a generalidade do parque habitacional, pelo menos a cumprir os mínimos de conforto (idealmente com classe B menos), é preciso gastar metade desse valor e a prioridade são as coberturas, as janelas e, em alguns casos, pode apostar-se no isolamento de paredes no exterior, mas temos de ter prioridades claras e as ferramentas apropriadas.” No que diz respeito à energia solar, “se no parque edificado produzirmos energia em cima dos edifícios, é possível produzir duas a três vezes a energia que consome. Nas cidades, a energia para a habitação e serviços pode ser totalmente produzida em cima dos telhados e uma das prioridades políticas que tem de ser repensada - e que tenho criticado há vários anos - é atribuir prioridade à criação das grandes centrais solares, em muitos casos cortando árvores, o que não faz sentido. Não só porque é anti ecológico, mas porque temos de começar a regenerar os ecossistemas e a capturar carbono no território e não deitar árvores abaixo”, lembrou João Joanaz de Melo. “O investimento nessas centrais é mais barato, mas no edificado tem outras vantagens: não só é muito mais resiliente (passamos a ter um parque produtor mais distribuído), como necessita de menos investimento na rede de transporte pois a produção está perto do consumo, e todos nós (famílias e empresas) passamos a ser co-proprietários e co-interessados na produção de energia, o que é melhor do que ter um oligopólio de meia dúzia de empresas energéticas, que é quem tem dominado a política energética nas ultimas décadas em Portugal, na União Europeia e no resto do mundo”. “TEMOS DE CONSUMIR MENOS E MELHOR” Ainda na sua intervenção, João Joanaz de Melo afirmou que “é errado ter a ilusão de que a energia vai ser mais barata: não vai. No futuro próximo, a energia vai ser mais cara e temos de reduzir a fatura pela eficiência energética, ou seja, temos de consumir menos e melhor. E temos de nos habituar a ser mais felizes com menos: nestemomento estamos numa sala de conferencias sem janelas e com luzes acesas, o que é um erro de conceção. Há uma mudança de mentalidade que tem de ser levada a sério”. Mantendo as atenções centradas no futuro, a segunda mesa redonda abordou 'O futuro do sector das janelas na próxima década'. Para João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE, a sustentabilidade “não se resume apenas ao aspeto ambiental, mas inclui preocupações sociais e económicas. É importante considerar a qualidade de vida dos ocupantes dos edifícios para os quais instalamos janelas e a criação de empregos locais”. Tendo em conta a necessidade de construir mais e melhor, João Viegas, do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, lembrou que “temos de pensar no edifício globalmente, seja a nível de construção nova ou reabilitação, em todos os requisitos que são aplicáveis ao edifício. Sabemos que uma exposição a sul das janelas é particularmente favorável porque temos ganhos térmicos quando o sol está mais baixo (inverno) e se tivermos pala ou sombreamentos adequados podemos evitar esses ganhos térmicos pela insolação direta nos períodos quentes”. A segunda mesa redonda abordou 'O futuro do sector das janelas na próxima década'.
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