BI334 - O Instalador

OPINIÃO 76 degradam-se com o tempo e a vida útil das baterias de veículos eléctricos é normalmente de 10 a 15 anos. Outro custo oculto associado à posse de um carro eléctrico são as peças de reposição. Os veículos eléctricos têm frequentemente peças difíceis de encontrar e substituir, o que pode aumentar o custo de utilização. Vejamos agora a relação entre mobilidade elétrica e os riscos para a soberania e para a defesa. A primeira observação sobre este ponto é a seguinte: no caso dos combustíveis fósseis, os riscos para a soberania e a defesa são consideravelmente menores porque aqueles combustíveis existem em muitíssimos países no mundo. Portanto, há um risco menor de um Estado ou um comprador institucional ficar dependente de um fornecedor de uma determinada localização. É a vantagem de haver liberdade para escolher, como defende a Escola de Chicago de Milton Friedman e outros. Contudo, não acontece o mesmo em tudo o que diga respeito a equipamentos e veículos que usem baterias, estando aqui incluída a questão da mobilidade eléctrica dada a importância da China enquanto produtor de veículos eléctricos e de baterias e ainda da sua quota de mercado em todo ciclo de extração do lítio, matéria-prima essencial em tudo o que implique baterias. A este propósito retomo um artigo publicado nesta revista há um ano - 'Mobilidade elétrica por terra, mar e ar’ - e no qual se escreveu o seguinte: Ao crescimento do mercado chinês de veículos eléctricos também não é de todo estranho o próprio aumento da importância da China enquanto produtor de baterias para veículos eléctricos. Porquanto, das 10 maiores fabricantes de baterias para carros eléctricos do mundo, seis são empresas chinesas, as quais no seu conjunto representam 75% de toda a fabricação mundial daquele tipo de equipamentos. E mesmo empresas que não são oriundas da região dependem, de alguma forma, da cadeia produtiva chinesa. Os dados são da consultoria internacional SNE Research. Mais. Em 2022, 5,4 milhões de carros eléctricos foram matriculados em todo o mundo, dos quais dois terços foram vendidos na China. Estes números são o resultado de um plano de incentivo à eletrificação iniciado em 2009 pelo Governo Chinês que conjuga isenções de impostos aos consumidores com outros tipos de benefícios fiscais aos produtores. Este programa deveria ter terminado em 2015, mas, em função dos resultados, foi continuado sendo a sua dotação orçamental para o período 2024-2038 na ordem de US$72,3 bilhões. Vejamos ainda o gráfico no início desta página. Somando a totalidade das quotas no mercado global do fabrico de baterias detidas por empresas chinesas há três anos, verifica-se que aquele valor correspondia a uns impressionantes 60,4%. Em maio de 2024 já tinha chegado a uns ainda mais impressionantes 85% da capacidade de produção de células de bateria. Mais da metade do processamento global de lítio e cobalto ocorre no país4. Considerando a orientação geopolítica da China e os seus objectivos de dominação mundial, é evidente que esta dependência funcional causa

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