BI334 - O Instalador

52 DIRETIVA EPBD-2024 EPBD-2024: Necessidade ou opulência Na Europa (UE-27) em 2021, os edifícios foram responsáveis por 40-42% do uso final de energia. Dados de 2022 indicam que o parque de edifícios emitiu 34-36% dos gases com efeito de estufa (GEE). Estes valores mostram a importância deste setor e da necessidade de implementação de medidas de reconversão. Miguel Cavique Proprietário da CEST, Especialista em Climatização-OE e Auditor de Defesa Nacional-IDN Um dos grandes desígnios da revisão da Energy Performance of Building Directive – EPBD-2024 é a reconversão do parque edificado. A EPDB-2024 pretende acelerar a renovação dos edifícios existentes. Os edifícios renovados devem aproximar-se dos padrões do novo edificado, que terá uso líquido de energia quase nulo (NZEB). É clara a intenção da nova EPBD em renovar o parque edificado, para actuar rapidamente sobre as emissões de GEE. Os novos edifícios serão NZEB e terão baixas emissões de carbono, mas o parque instalado manterá as emissões anteriores. A renovação do edificado demorará um século se não existirem medidas e apoios para o efeito. Para este fim, a EPBD-2024 pretende que os edifícios tenham instalações melhoradas em termos de eficiência energética e apoiadas em fontes de energia renováveis. O objectivo deste artigo é discutir as consequências da aplicação deste desiderato. No livro ‘A História do Futuro’, o Pe. António Vieira escreve “Mais temo eu a Portugal os perigos da opulência, que os danos da necessidade”. Esta ideia não se aplicará, provavelmente, apenas a Portugal. A Europa vive hoje numa opulência sem esforço, reflexo do trabalho do período pós-Guerra e do desanuviamento após a queda do muro de Berlim. A isso, seguiu-se uma forte expansão dos mercados com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2021. Em menos de 25 anos, a China aumentou em 12 vezes as suas exportações e cresceu em média 13% ao ano. A China foi primeiro a fábrica do mundo Ocidental e é hoje um dos seus grandes competidores. Durante dezenas de anos, a poluição e esforço industrial passou para a China. A UE pode respirar um ambiente mais puro e ter a ilusão que se podia desenvolver sem tecido industrial. Ainda hoje, as emissões de carbono de cada país correspondem à sua responsabilidade territorial, pelo que não incluem o carbono dos bens importados. Esta dupla falácia criou na UE a ideia de superioridade moral climática. EPBD-2024 O acordo de Paris alcançado na COP-21 é um marco fundamental na luta contra as alterações climáticas. Garantido in extremis em Dezembro de 2015 pelo ministro francês Laurent Fabius, o acordo foi assinado por 196 países do mundo, Estados Unidos e China incluídos. Cada país fez a transposição do acordo à sua realidade. Pretende-se limitar o aquecimento global do planeta, no final do século, a 1,5˚C relativamente ao período pré-industrial. Infelizmente, este aumento já foi alcançado em 2024, pelo que existirão alterações profundas no modo de vida de muitas regiões do globo. O paradigma de evitar catástrofes provocadas pelo aquecimento global mudou. As sociedades terão obrigatoriamente de ter estratégias de mitigação e principalmente de adaptação às alterações climáticas.

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