BI334 - O Instalador

28 ESTUDO EQUIPAMENTOS E SOLUÇÕES INSUFICIENTES Entre as estratégias mais utilizadas para evitar ou reduzir o frio em casa pelos participantes no inverno, a maioria (85,5%) opta por vestir e calçar roupa mais quente, reforçar a roupa da cama com mais mantas ou edredões (79,5%) e usar equipamentos de aquecimento (74,7%). A maioria (95,3%) recorre a aquecedores elétricos de baixa eficiência, enquanto apenas 6,7% dispõem de sistemas de aquecimento central. Já no verão, apesar de um terço das habitações estar equipado com ar condicionado, apenas 13,1% dos inquiridos utilizam o equipamento sempre que necessário. As estratégias para evitar ou reduzir o calor em casa mais utilizadas foram evitar o aquecimento da casa fechando os estores quando a luz solar é mais intensa (69,0%), manter janelas e portas abertas, criando corrente de ar (68,0%) e utilização de equipamentos de arrefecimento ou de ventilação (58,9%). Já os equipamentos de ventilação/ arrefecimento mais utilizados foram as ventoinhas ou colunas de ar (mais frequente entre participantes com a casa desconfortável), seguidas do ar condicionado. A utilização de arrefecimento central foi muito residual (1,6%), sendo a bomba de calor com distribuição por ventiloconvetores a opção mais frequente (1,4%). Outro ponto em destaque é o baixo uso de janelas com vidros duplos, presentes em apenas 20% das habitações analisadas. Este fator contribui para a perda de calor no inverno e o aquecimento excessivo no verão, agravando o desconforto. Quando questionados sobre a classe energética da habitação, 42,8% dos inquiridos sobre o inverno não soube dizer se a sua habitação tem ou não classe energética atribuída. Dos que afirmaram ter classe energética, cerca de metade não sabia precisá-la. A classe energética mais frequentemente indicada foi a C (29,8%), seguida da B (23,1%). CONSEQUÊNCIAS NA QUALIDADE DE VIDA O desconforto térmico afeta várias áreas do quotidiano dos lisboetas. Mais de 20% dos inquiridos afirmaram que o frio em casa prejudica a qualidade do sono, enquanto mais de 50% sublinharam que o calor interfere negativamente no descanso durante o verão. Este desconforto também dificulta atividades como estudar, ler, escrever ou usar o computador. O estudo também revelou uma lacuna significativa na informação sobre programas de apoio para melhorar a eficiência energética das habitações. Entre 30% e 40% dos participantes não tinham conhecimento de tais programas, evidenciando a necessidade de uma maior divulgação destas iniciativas. RECOMENDAÇÕES E POLÍTICAS PÚBLICAS Os resultados do estudo foram apresentados numa sessão pública no CIUL – Centro de Informação Urbana de Lisboa, que reuniu especialistas e representantes de várias entidades. Durante o evento, a vereadora da Habitação e Desenvolvimento Local da Câmara Municipal de Lisboa, Filipa Roseta, destacou a importância das políticas habitacionais na redução da pobreza energética e na melhoria das condições de conforto térmico em Lisboa. Entre as soluções propostas destaque para o reforço do isolamento térmico, a substituição de janelas antigas por outras com vidro duplo e a promoção de sistemas de aquecimento e arrefecimento mais eficientes. Programas como o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) foram apontados como cruciais para financiar melhorias na eficiência energética das habitações. O estudo reforça a urgência de medidas que não apenas melhorem as condições de habitação, mas promovam uma maior sensibilização da população sobre a importância da eficiência energética. Num contexto de crises climáticas e energéticas, garantir conforto térmico é essencial para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e mitigar desigualdades sociais em Lisboa. O inquérito realizou-se no seguimento de um estudo piloto sobre Pobreza Energética, também promovido pela Lisboa E-Nova, em conjunto com a AdEPorto, Agência de Energia do Porto, realizado entre 2021 e 2022. n

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