BI297 - O Instalador

ENTREVISTA | AXPO PORTUGAL 76 Ainda que neste ambiente pandémico os investidores se revelem mais cautelosos, Portugal é um dos países com maior índice de atratividade no que respeita ao inves- timento de energias renováveis, sobretudo na energia fotovoltaica, em que os custos se revelam bastante com- petitivos. O investimento em energia verde continua a ser um dos principais catalisadores do mercado transacio- nal português e um estímulo para a economia do país. Que desafios temos pela frente e o que podemos esperar do setor em 2021? Acredito que estamos num dos momentos históricos mais interessantes do setor de energia, com uma combinação de fatores que promovem uma rápida mudança e sem precedentes: profunda consciência ambiental; custos de produção de energia renovável muito competitivos; e digitalização das empresas. A entrada das energias renováveis - tanto em projetos de grandes dimensões como em soluções de autoconsumo - estão a exigir uma enorme alterações, não apenas pela mudança nas tecnologias de produção mas também por aspetos importantes como a maior eletrificação da socie- dade, a entrada de novos agentes no setor, uma mudança no fornecimento de um produto para a proposta de um serviço ou avanços tecnológicos em soluções de arma- zenamento. E todas essas transformações, sucedem-se a um ritmo que certamente agora não o imaginamos como um todo. No paradigma emque vivemos, outro desafio é, semdúvida, o ajustamento da capacidade de produção à redução da procura provocada pelo contexto pandémico e con- sequente queda económica, num momento em que o setor está imerso numa transição para uma geração mais sustentável do ponto de vista ambiental e económico. É inegável que a conjuntura atual, que surgiu de forma abrupta, tem gerado perdas significativas no setor de energia, uma vez que o modelo previsional da compra de energia assenta na estimativa de procura/preço. A imprevisibilidade deste binómio dificulta a tomada de decisão quanto às estratégias de compra de energia, tanto pelas comercializadoras (que se baseiam no modelo de previsão de procura pelo cliente) quanto pelos clientes (instabilidade económica). Nestes tempos de mudança, complexidade, volatilidade e incerteza, continua válida a máxima de Darwin, que afirmava que só quem se consegue adaptar ao meio é que consegue sobreviver. Ainda que o horizonte, a curto e médio prazo, não seja muito claro, acreditamos que o aparecimento de vacinas e outros cuidados de saúde, tragam o retorno à normalidade, pelo que defendemos que clientes e comercializadoras devem adotar soluções e produtos com um espectro de longo prazo que, no futuro, sejam capazes de lhes trazer a estabilidade desejada. PREÇOS No que respeita aos preços, que comportamentos e decisões podemos esperar? Com a mudança de paradigma, com a mudança de hábitos profissionais e pessoais, onde tem de ficar o consumidor neste puzzle? Tal como referido anteriormente, a pandemia começou em março de 2020 na zona Ibérica e teve um impacto bastante forte nos preços da energia. Temos de estar conscientes que estamos a viver um ambiente pandémico e que no futuro os preços da eletricidade continuarão a ser afetados e que muito provavelmente não conseguire- mos estabelecer relações previsíveis, a curto prazo, entre a relação preço/procura. Existem várias variáveis que devemos ter em consideração ao prever o preço da eletricidade. No pico da pandemia, existiu uma conjugação destes fatores que contribuíram para uma queda drástica no preço da energia elétrica. Uma forte crise económica, a queda no preço do Brent e no gás, a redução da procura, a falta de procura por produtos e o aumento da produção de renováveis cul- minaram em valores de energia, bastante inferiores aos praticados. Esta pandemia foi - e ainda é - um golpe muito duro para a economia e para uma grande parte dos nossos clientes, pelo que é vital que se dê continuidade ao esforço e apoio para que esses impactos negativos tenham um horizonte temporal limitado. Da nossa parte, para além das medi- das de apoio que temos implementado, continuaremos a oferecer aos nossos clientes as soluções que melhor se adaptam à sua situação atual, prestando-lhes o melhor aconselhamento, identificando os serviços necessários e vantajosos em termos económicos que garantam a sua estabilidade financeira. As renováveis são um elemento fundamental para a descarbonização e Portugal, no contexto europeu, não foge à regra. Como antevê esta estratégia em Portugal no contexto do setor energético? De acordo com o relatório da McKinsey ‘Global Energy Perspective 2021’, em 2036, prevê-se que metade do forne- cimento de energia global provenha de fontes renováveis. Há cada vez mais empresas a apostaremna eficiência ener- gética em Portugal, sobretudo na área do autoconsumo fotovoltaico, contudo, no presente contexto económico recessivo ainda não conseguimos quantificar o impacto real da crise socioeconómica e os seus estragos no tecido

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