BF8 - iAlimentar

2023/2 08 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Junho 2023 - Nº8

INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. +351 217 615 724 geral@interempresas.net www.induglobal.pt O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL ACEDA AO MERCADO LUSO-ESPANHOL DA INDÚSTRIA ALIMENTAR ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ...

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Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone +351 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Sónia Ramalho Equipa Editorial Sónia Ramalho, Alexandra Costa, Nina Jareño Marketing e Publicidade Hélder Marques, Frederico Mascarenhas redacao_ialimentar@interempresas.net www.ialimentar.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127558 Déposito Legal 480593/21 Distribuição total +5.200 envios. Distribuição digital a +4.500 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 8 – Junho de 2023 Estatuto Editorial disponível em https://www.ialimentar.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da iALIMENTAR adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO Nova patente da Heura chega para revolucionar indústria global de produtos plant-based 38 Vinificação inteligente, mas humana 42 Consumir ou não consumir? Eis a questão! 47 Projeto GO Orleans consegue prolongar prazo de validade do queijo através do uso de soro 50 Inovação tecnológica ao longo do ciclo produtivo 52 Carlos Miguel Ferreira – Diretor geral do Grupo Diverembal 55 Sistema de controlo de qualidade em embalagens de presunto 58 Está a ser desenvolvido um novo dispositivo que deteta o glúten com mais eficácia 60 Avanços na deteção rápida de agentes patogénicos nos alimentos através de biossensores 62 Caixas paletes higiénicas em PE para uma colheita cuidadosa de uvas 64 CLS iMation incorpora as soluções da Magazino 65 ATUALIDADE 6 EDITORIAL 7 Temos de mudar a forma como nos alimentamos 12 Lisbon Food Affair assume-se como o maior evento nacional no setor alimentar 14 Setor agroalimentar aposta em tecnologias mais inovadoras para ultrapassar desafios 18 Portugueses gastam cerca de 40% do salário com alimentação 20 Tese de doutoramento que estudou desperdícios alimentares nas cadeias de abastecimento recebe prémio internacional 24 Itália aprova projeto de lei que proíbe alimentos sintéticos 26 Cereais e produtos à base de cereais: controlo efetuado na ASAE - Parte II 28 Arroz enriquecido em selénio como estratégia promissora para desenvolvimento de novos alimentos 33 Membro Ativo:

6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Ministra revê em alta exportações de peixe em 2022 para 1.317 milhões Na visita à Seafood Expo Global em Barcelona, a maior feira de peixe do mundo, Maria do Céu Antunes revelou às empresas portuguesas presentes que as suas exportações no ano passado foram afinal, segundo os números finais do INE, 10% superiores ao que calculado pela própria Associação da Indústria Alimentar pelo Frio – ALIF, que representa o setor. “O que é expectável que aconteça em 2023 é um aumento de 15%” destes números, afirmou Maria do Céu Antunes, o que projeta as exportações da indústria do mar portuguesa para lá da fasquia histórica dos 1.500 milhões. O presidente da ALIF, Manuel Tarré, saudou os novos números das exportações trazidos pela ministra e confirmou que o aumento de competitividade dos produtos de pescado portugueses no mercado internacional vai ao encontro do que anunciou a ministra: “O setor do pescado português continua todos os anos a aumentar o seu peso económico no país e, sobretudo, as suas exportações: para 2023 prevemos, de facto, um aumento que pode ir até aos 15%”. “Segundo os dados já finalizados do INE, atingimos em 2022 mais de 1.300 milhões de euros de exportações de pescado”, afirmou a ministra da Agricultura e da Alimentação. “Por isso queremos continuar a estimular o setor e – tal como em 2022 decidimos apoios extraordinários para fazer face aos custos energéticos – estamos agora a preparar mais um conjunto de apoios que, numa primeira fase de candidaturas, terá o montante de 24 milhões de euros”. Na avaliação da ministra, as empresas do setor “são representantes do melhor que se faz em Portugal”. O pescado português é atualmente o segundo produto agroalimentar commais peso nas exportações do país, à frente do vinho e do azeite e apenas atrás das exportações agregadas de frutas, legumes e flores. A fileira – que inclui a pesca, a aquacultura e a transformação do pescado – emprega 60 mil pessoas e representa, segundo os valores revelados pela ministra da Agricultura e Alimentação, um Valor Acrescentado Bruto (VAB) superior a dois mil milhões de euros. Empresa portuguesa de pesagem eleita a melhor do mundo A Balanças Marques alcançou o 1º lugar entre os fabricantes de equipamentos de pesagem nos 'Weighing Review Awards'. A empresa bracarense regressou ao topo mundial da indústria da pesagem, onde já tinha estado em 2019 e em 2021. Alguns dos seus produtos também foram eleitos os melhores do mundo nas suas categorias. A balança BM5 ARM foi eleita, pela 5ª vez, a melhor Balança Comercial, a báscula de pesar camiões PCM M1500e conquistou, pela 8ª vez, a categoria de melhor Báscula de Pesar Camiões e o ETPOS foi escolhido como o melhor do mundo nas soluções informáticas para pesagem pela 4ª vez. Alémde ser líder nacional no fabrico e exportação na área da pesagem, a Balanças Marques é reconhecida pela política de benefícios. Entre as várias regalias para os colaboradores destacam-se a distribuição de dividendos; a atribuição de umprémio de natalidade de 500 euros; dispensa no dia de aniversário; entrega de kits escolares para os filhos; aulas de ginástica; disponibilização diária de água e fruta nos espaços de lazer; formação; descontos e condições especiais emprodutos e serviços das próprias empresas e de outras com quem foram estabelecidos protocolos; realização de diversos eventos ao longo do ano e disponibilização de umplafond para os próprios funcionários organizarem atividades.

7 José António Nogueira de Brito é o novo presidente da APED A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) elegeu José António Nogueira de Brito, em representação do Pingo Doce, para presidente da Direção. O mandato, válido entre 2023 e 2027, terá como prioridades a competitividade do setor, a captação, formação e requalificação das suas pessoas, a sustentabilidade e a ação climática e a transição digital. “É com sentido de responsabilidade que assumo a presidência da APED durante os próximos quatro anos. São muitos os desafios que se colocam ao setor da Distribuição e Retalho, que tornam imprescindível que a APED seja uma voz ouvida e respeitada, um parceiro nas soluções e um agente de mudança positiva na sociedade portuguesa. Com os meus colegas de Direção, estou certo que seremos capazes de consolidar o percurso que a associação tem vindo a trilhar, sem perder de vista as oportunidades futuras nas quais o setor deverá estar na linha da frente”, avançou José António Nogueira de Brito, que trabalha há 30 anos no setor da Distribuição e é, desde 2020, Chief Commercial Officer do Grupo Jerónimo Martins. A Direção da APED conta ainda com dois vice-presidentes: Ana Alves, em representação da Modelo Continente, e Solange Farinha, em representação da Auchan. Sérgio Ramos (Lidl), Joana Neto (Dia), Cláudia Domingues (IKEA), Francisco Fonseca (ITMP), Nuno Luz (FNAC) e José Catarino Tavares (El Corte Inglés) são os vogais. Os novos órgãos sociais podem ser conhecidos aqui. A APED representa mais de 144 mil colaboradores, divididos entre 104 mil no retalho alimentar e 40 mil no retalho especializado, distribuídos por mais de 4.500 lojas. O setor da Distribuição e Retalho representa mais de 12,4% do PIB nacional. Ao longo dos últimos quatro anos as empresas associadas da APED criaram 6 mil novos postos de trabalho e investiram mais de 150 milhões de euros na formação e requalificação dos seus colaboradores. José António Nogueira de Brito substitui Isabel Barros com ummandato até 2027. EDITORIAL A mudança dos hábitos de consumo e a entrada em ação de novos atores está a mudar o setor agroalimentar. A inovação tornou-se indispensável e o relatório Agri-Food Trends identifica alguns dos desafios que vão ser fundamentais para o crescimento da indústria, como a Inteligência Artificial Aplicada, as proteínas alternativas, derivadas de vegetais, insetos e produtos do mar, até à biotecnologia. Nesta edição revelamos as 10 macrotendências para o setor nos próximos anos. E por falar em novos alimentos, partilhamos um estudo conduzido por vários investigadores do Centro de Investigação GeoBioTec – FCT Nova que incidiu sobre o arroz enriquecido em selénio como estratégia promissora para o desenvolvimento precisamente de novos alimentos e que se assume como “uma opção estratégica de novo alimento funcional para minimizar os efeitos na saúde pública resultantes do défice de selénio na alimentação”. Destaque ainda para uma nova patente, desenvolvida pela Heura, e que promete revolucionar a indústria dos produtos plant-based com produtos com baixo teor de gordura e sem aditivos alimentares ou números E. Ainda à boleia das novas tendências, de 12 a 14 de fevereiro realizou-se na FIL a tão aguardada Lisbon Food Affair, o novo marketplace para os setores food & beverage, canal Horeca e tecnologias para a indústria alimentar. A iAlimentar, como media partner, marcou presença com um stand próprio e aproveitou para conhecer as novidades apresentadas nos vários setores. Nesta edição ainda pode descobrir como a tecnologia está a ser aplicada ao setor do vinho. A vinificação inteligente vai ser o mainstream no futuro e revelamos as novas tecnologias de processamento de vinho aplicadas na produção de vinhos do Porto e de mesa. Boas leituras. A transformação do setor agroalimentar

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER DS Smith abre PackRight Centre em Lisboa A DS Smith, empresa líder em packaging sustentável, abriu o segundo PackRight Centre em Portugal, desta vez na sua fábrica de Packaging de Lisboa. O novo centro de desenvolvimento e criatividade vem alargar a oportunidade às marcas e empresas para participarem no processo de criação do seu packaging, trabalhando diretamente com os designers e especialistas da DS Smith. O PackRight Centre de Lisboa é focado na realização de projetos concretos dos clientes com soluções avançadas, a curto e médio prazo, que melhoram o desempenho dos seus negócios. Para isso, realiza dinâmicas colaborativas nas quais os clientes trabalham com designers estruturais e designers gráficos para desenvolver o packaging mais adequado para as suas necessidades. Assim, por um lado, os clientes podem inspirar-se, com a ajuda dos designers da empresa, em desenvolvimentos de outras categorias de produto e, por outro, partilhar a sua visão, ideias e preocupações, desde a imagem da sua marca e o aspeto da embalagem, até ao transporte na cadeia de fornecimento e à reciclabilidade. Helder Soares, Design & Innovation Manager, Cluster Portugal da DS Smith Packaging, afirmou que “é com grande satisfação que colocamos ao dispor dos clientes este novo PackRight Centre em Lisboa, onde podem explorar ideias e desenvolver soluções sustentáveis com as nossas equipas especializadas em packaging. O objetivo é integrar uma visão profunda dos clientes para desenvolver soluções de packaging avançadas, tendo como foco a eficácia da cadeia de fornecimento e a maximização das possibilidades para aumentar as suas vendas, reduzir os seus custos e integrar a circularidade nos seus negócios." A proximidade com o Customer Innovation Hub, aberto há cerca de ano e meio, é uma vantagem para interligar e impulsionar a colaboração com os clientes, oferecendo-lhes a possibilidade de fazerem parte de sessões virtuais, presenciais ou híbridas, não limitadas por geografia ou espaço, proporcionando-lhes uma plena experiência de cliente. Ponto Verde Lab: o Hub de inovação para mais e melhor reciclagem Como desenhar melhores embalagens, mais fáceis de reciclar? Quais os materiais críticos no processo de triagem? E de que forma se comunica o bom desempenho ambiental de um produto? Estas são algumas questões às quais a Sociedade Ponto Verde (SPV) dá resposta no seu hub de inovação online, o Ponto Verde Lab, com o objetivo de promover a valorização dos materiais, incentivar a economia circular e aumentar a reciclagem. Através deste projeto, a SPV pretende fomentar o desenvolvimento de ideias, estratégias e processos de reciclagem, disponibilizando conteúdos e materiais técnicos sobre temas como a prevenção de resíduos, o ecodesign e a investigação e desenvolvimento, em prol de um futuromais sustentável. “Sendo a reciclagemde embalagens o compromisso da SPV, há mais de 25 anos, e considerando as metas nacionais neste âmbito, a valorização assume-se enquanto aspeto premente, que depende da garantia de que existem melhores embalagens a circular no mercado, que estas têm uma maior reciclabilidade e que produzem menos resíduos. Continuamos, por isso, a trabalhar na sensibilização para o ecodesign e na inovação ao longo de toda a cadeia de valor das embalagens, em conjunto com os nossos parceiros”, afirma Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde. Assim, com os contributos dos parceiros Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU) e indústria de reciclagem, entre outros, o Ponto Verde Lab disponibiliza um documento informativo dedicado a “embalagens críticas na triagem e reciclagem”, que mostra como os constrangimentos causados por embalagens podem ser ultrapassados ao alterar a conceção, sejam estas de vidro, papel/cartão, filme de plástico, PEAD, PET, alumínio ou ECAL. Criado em 2019, o Ponto Verde Lab, promovido pela Sociedade Ponto Verde, pretende trazer a Portugal o conhecimento e ferramentas necessárias para provocar mudança, disrupção e evolução na reciclagem nacional.

9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Continente comprou 519 milhões de euros de produtos nacionais certificados em 2022 O Clube de Produtores Continente, que trabalha em parceria com os produtores nacionais há 25 anos, comprou 519 milhões de euros em produtos nacionais certificados em 2022, mais 22,6% face ao ano anterior, o equivalente a 240 mil toneladas de bens vendidos nas lojas da marca. O número de produtores aumentou de 256 para 267, em 2022. Espalhados por todo o país, estes representam setores como talho, frutas e legumes, charcutaria & queijos, padaria e pastelaria, peixaria, take away, azeite, arroz, leguminosas, mel e compotas, pasta e patés, farinhas, congelados, ovos, produtos lácteos e vinhos e empregam cerca de 11 mil pessoas, diretas e indiretas, através de 200 mil hectares de área produtiva. Até ao momento há 13 produtores certificados e 25 em processo de Certificação Resíduo Zero, que garante que a oferta de Frutas e Legumes nacionais é livre de resíduos de pesticidas no momento da colheita (segundo Regulamento Europeu 396/2005 e inferior ao limite quantificável de 0,01 ppm). Esta certificação salvaguarda também princípios de uso eficiente de recursos, menor consumo energético, menores emissões e maior controlo sobre aspetos microbiológicos, questão-chave no que respeita à segurança alimentar e integração com o meio ambiente, garantido a sustentabilidade de todo o sistema agrícola. O objetivo do Clube de Produtores Continente é disponibilizar produtos nacionais de excelência aos clientes, resultantes de um trabalho de parceria com os fornecedores, suportado em conhecimento técnico-científico e que permite alinhar a oferta às tendências de consumo. Em 2021, o CPC estabeleceu uma ‘Declaração para a Sustentabilidade’ para os seus membros, baseada em 11 princípios e diversas iniciativas, para promover a produção e consumo sustentáveis e um sistema alimentar que respeita o ambiente. KIT-AR vence prémio de inovação 'Born From Knowledge' A startup KIT-AR, focada em eliminar os erros humanos nas linhas de produção, foi reconhecida com o prémio “Born From Knowledge” pelo seu trabalho de Investigação e Desenvolvimento (I&D) e do conhecimento científico e tecnológico aplicado ao seu produto. O objetivo deste galardão é promover e disseminar uma cultura de valorização do conhecimento científico e tecnológico em Portugal. Das mais de 190 start-ups candidatas, a KIT-AR foi selecionada durante a final do Prémio EmpreendedorXXI, promovido pela CaixaBank, ENISA e Banco BPI. “É uma honra sermos reconhecidos pelo nosso compromisso com a excelência em Investigação e Desenvolvimento. Na KIT-AR, acreditamos que promover a inovação na indústria é essencial, não só para as empresas poderem alcançar os seus objetivos de forma mais eficiente, como para apoiar novas práticas de trabalho que valorizem todo o trabalhador fabril”, partilhou Manuel Oliveira, CEO e co-fundador da KIT-AR. “Temos muita expetativa em testemunhar o impacto crescente que as nossas atividades de I&D terá no desenvolvimento dos nossos produtos e nas vantagens de negócio que lhes poderemos trazer, sempre de forma sustentável”, finalizou. “É com grande orgulho que a Agência Nacional de Inovação (ANI) volta a distinguir, através do BfK Awards, projetos que contribuem para um futuro melhor da nossa economia e sociedade. A KIT-AR é um desses exemplos: uma empresa que, embora em início de atividade, já contribui para o desenvolvimento inovador e tecnológico de um dos setores que mais aposta em I&D no nosso país e que tem uma maior representatividade no nosso Produto Interno Bruto e nas nossas exportações. A Realidade Aumentada aplicada aos processos produtivos, permite não só reduzir erros e imprimir maior rapidez aos mesmos, como também reduzir custos”, refere António Grilo, presidente da ANI. Fonte: AICEP.

10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Cápsulas de café usadas podem ser reutilizadas para produzir filamentos de impressão 3D Um artigo publicado na revista ACS Sustainable Chemistry & Engineering traz uma boa notícia para os amantes do café: as cápsulas de plástico descartadas podem ser usadas como matéria-prima para a fabricação de filamentos para impressão 3D, entre outras opções. Investigadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Universidade de Campinas (Unicamp), no Brasil, e da Manchester Metropolitan University (MMU), no Reino Unido, testaram com sucesso a alternativa. “Produzimos novos filamentos condutores e não condutores utilizando o polímero ácido poliláctico [PLA] proveniente das cápsulas de café. Esses filamentos podem ser usados em diversas aplicações, incluindo peças condutoras para máquinas e sensores”, diz Bruno Campos Janegitz, coordenador do Laboratório de Sensores, Nanomedicina e Materiais Nanoestruturados (LSNano) da UFSCar, sediado em Araras, e coautor do trabalho. Embora existam cápsulas reutilizáveis e alguns fabricantes incentivem também a reciclagem das versões de alumínio, predomina a eliminação pura e simples, sobretudo no caso das cápsulas de plástico. O Instituto de Investigação Tecnológica (IPT) demonstrou que “beber café de uma cápsula pode ser até 14 vezes mais prejudicial para o ambiente do que prepará-lo com um filtro de papel”. Para encontrar novas utilizações para estes resíduos, os investigadores produziram células eletroquímicas com filamentos de PLA não condutores e sensores eletroquímicos com os filamentos condutores, que foram preparados através da adição de negro de fumo ao PLA. O negro de fumo é uma forma de carbono paracristalino resultante da combustão incompleta de hidrocarbonetos. “Os sensores eletroquímicos foram utilizados para determinar a percentagem de cafeína no chá verde e no café arábica”, explica o coordenador do projeto. Todo o processo é um bom exemplo da economia circular, em que os resíduos gerados numa atividade económica, em vez de tratados como um problema com impacto no ambiente, são transformados num recurso para a implementação de outra atividade. “A base polimérica obtida a partir de cápsulas usadas pode gerar dispositivos de alto valor acrescentado”, diz Janegitz. APS integra projeto europeu para descarbonizar corredor Sines-Madrid A Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) integra um projeto europeu (ADMIRAL) que pretende revolucionar a forma como as empresas gerem as suas cadeias de abastecimento e logística. Tendo como base a Janela Única Logística (JUL) e o envolvimento dos operadores de terminais, plataformas logísticas, operadores logísticos multimodais e autoridades, a APS lidera o desenvolvimento do programa piloto “Portugal-Espanha” que tem como objetivo estabelecer um corredor multimodal, digital e verde, entre Sines e Madrid promovendo a utilização das infraestruturas de uma forma mais eficiente, de modo a que as emissões de CO2 e utilização de energia proveniente de combustíveis fósseis seja significativamente reduzida. O projeto ADMIRAL: Mercado multimodal avançado para transportes com baixas emissões e eficiência energética, pretende oferecer, através da criação de ummarketplace europeu, soluções inovadoras e orientadas para a sustentabilidade e monitorização das emissões relacionadas com a cadeia logística. Esta participação da APS no projeto ADMIRAL integra-se na estratégia do Porto de Sines em aumentar a sua quota de mercado no hinterland ibérico, com recurso a soluções logísticas mais sustentáveis e commenos emissões. O projeto ADMIRAL é financiado pelo programa de investigação e inovação da União Europeia Horizon Europe e coordenado pelo VTT Technical Research Centre of Finland Ltd, estando em execução até abril de 2026. O consórcio inclui 21 parceiros de nove países da UE (Croácia, Finlândia, Alemanha, Grécia, Itália, Lituânia, Portugal, Eslovénia e Espanha).

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12 EVENTO Temos de mudar a forma como nos alimentamos A população mundial não para de crescer e há que encontrar soluções que impeçam as pessoas de passar fome. A pensar nisso realizou-se, no Porto, a segunda edição da Dare2Change, organizada pela PortugalFoods, que reuniu cerca de 400 pessoas para debater estes temas e “pensar fora da caixa”. Alexandra Costa Há certas coisas que são inevitáveis, como o crescimento da população mundial. É certo que, em Portugal e nalguns outros países europeus, a tendência aponta para umenvelhecimento da população e para uma diminuição da taxa de natalidade, mas há países onde essa tendência não ocorre. E a verdade é que há que encontrar soluções para alimentar todas essas pessoas. A pensar nisso realizou-se, no Porto, a segunda edição da Dare2Change, organizada pela PortugalFoods. Um evento que reuniu cerca de 400 pessoas, entre alunos, empresas do setor, investigadores e académicos e que teve como objetivo debater estes temas e “pensar fora da caixa”. A ideia é que a partilha de informação, não só entre universidades, centros de investigação e empresas, mas, e também, entre pessoas de todo o mundo, pode ajudar a olhar para o problema de outra perspetiva. Sobre este tema Deolinda Silva, diretora executiva da PortugalFoods, aponta que o aparecimento dos Colabs veio acelerar esta temática – apesar de alguns ainda estarem numa fase de arranque. Mas não são os únicos a fomentar o conhecimento e inovação. A responsável pela PortugalFoods lembra que as universidades, os politécnicos e os centros de I&D que existem são muito bons, têm equipasmaravilhosas emuito têmcontribuído para o crescimento e para a interação universidade/empresa e, no fundo, para aquilo que é a investigação aplicada e a valorização económica do conhecimento. “Os Colabs sãomais um elo e mais um ator que surge através de uma dinâmica do antigo ministro da Ciência – Manuel Heitor – e que quis criar estruturas que permitissem ter recursos altamente qualificados ao serviço das empresas”. A executiva afirmou ainda que o setor conseguiu responder aos desafios colocados pela pandemia, mantendo o seu crescimento a todos os níveis. “Mesmo numa situação de pós-pandemia e, agora, emsituação de guerra, a verdade é que o setor temmantido o seu nível de crescimento, quer seja aquilo que é o seu contributo para as exportações nacionais – com valores até superiores ao que estava a ser partilhado em2019 – e em termos de inovação, a dinâmica é permanente e contínua, quer seja na presença em grandes projetos mobilizadores”, constata, acrescentando que foi um desafio realizar esta Agenda Mobilizadora no âmbito do PRR. “É necessário fazer uma disrupção na forma como comemos”, afirma Paulo Monteiro Lopes, do Colab4food, realçando que a pandemia e a guerra na Ucrâniamostrarama dependência dos mercados. Algoque, a par de umamaior consciência com a sustentabilidade, está a levar consumidores e empresas a alterarem os hábitos de consumo. E a fomentar a inovação na apresentação quer de novos produtos, de novas técnicas agrícolas ou mesmo na utilização da tecnologia. Daniel Ramón Vidal, da ADM, por seu lado, apontou outras razões – alémdas mencionadas – que estão a impulsionar a evolução. “Omundo enfrenta alguns problemas

13 graves, a começar desde logo pela fome que avassala certas regiões”, aponta, realçando que apesar de ser um problema focalizado, nem por isso deixa de ser menos importante. Porque tem de ser resolvido. E referiu ainda a contradição de outras partes do globo passarem por problemas opostos: as pessoas não terem fome, mas sim sofrerem de problemas como a obesidade. O executivo aponta mesmo que, desde 1975, o número de pessoas obsessas existente triplicou, algo que temumpapel importante não só na saúde, como a nível económico. E não nos podemos esquecer do desperdício alimentar. Se por um lado, nos chamados países desenvolvidos, regista- -se um consumo acima das necessidades e um elevado nível de desperdício – as pessoas deixam passar o prazo de validade, a comida não é vendida, etc – já nos países em desenvolvimento o desperdício alimentar ocorre, na maioria das vezes, por estruturas de armazenamento sem as condições adequadas à conservação dos alimentos. VIIAFOOD – AGENDAMOBILIZADORA O setor agroalimentar tem uma Agência Mobilizadora - VIIAFOOD - Plataforma de Valorização, Industrialização e Inovação Agroalimentar -, apresentada no Dare2Change. Marlos Silva, R&D+I director / area leader Digital & Innovation naMCSonae apontouque o setormovimenta 21milmilhões de euros, sendo o segundo setor commaior peso no volume de negócio nacional – 6% de peso no PIB nacional e com um valor de 3,5 milhões de euros de valor acrescentado bruto (dados divulgados pela PortugalFoods e INE 2019). É certo, acrescentou o executivo, que o consumidor hoje tem um maior cuidado com a sua alimentação, procurando comprar produtos mais saudáveis. Mas será que é suficiente? A pensar nesta temática foi esclarecido que a Agenda Mobilizadora – VIIAFOOD – tem como objetivo, por um lado, proporcionar o desenvolvimento de novos produtos, de novas embalagens, permitir uma maior eficiência, mas também a criação de novos processos. Ou seja, “trata-se de promover a transformação estrutural do setor agroalimentar através de quatro grandes tipologias de investimento: em inovação produtiva para estimular a competitividade do setor; I&D possibilitando a transferência de conhecimento para promoção da inovação; qualificação e internacionalização por forma a promover a inovação em mercados internacionais; e capacitação proporcionado formação avançada paramelhoria das competências dos profissionais do setor”, explica Marlos Silva. A VIIAFOOD é uma plataforma que reúne 29 empresas representativas do setor, a que se juntam20 universidades, centros de I&D, associações e laboratórios colaborativos, num investimento de 113 milhões de euros e com um incentivo de 58 milhões. n 26 - 29 SEPT 2023 RECINTO GRAN VIA - BARCELONA Procesos alimentarios que empiezan y acaban en Alimentaria FoodTech www.alimentariafoodtech.com #alimentariafoodtech Procesamiento Seguridad alimentaria Refrigeración Manutención y almacenaje Servicios industriales Ingredientes Packaging y etiquetado Industria 4.0 SmartAgro NEW!

14 EVENTO Lisbon Food Affair assume-se como o maior evento nacional no setor alimentar A Lisbon Food Affair, o novo marketplace para os setores food & beverage, canal Horeca e tecnologias para a indústria alimentar, decorreu de 12 a 14 de fevereiro na FIL - Parque das Nações, em Lisboa, com o principal objetivo de divulgar e promover o que de melhor se produz nestas áreas em Portugal. A iAlimentar, media partner, marcou presença com um stand próprio e falou com vários expositores, que aproveitaram o evento para divulgar novidades e voltar ao contacto presencial com os clientes. Sónia Ramalho

15 EVENTO A Lisbon Food Affair encerrou a sua primeira edição com um balanço positivo, revelando-se como o mais importante evento para os setores da alimentação e bebidas, canal Horeca e tecnologia alimentar realizado em Portugal. Entre 12 e 14 de fevereiro, o evento foi o epicentro de grandes negócios, resultantes não só da qualidade da oferta – com expositores líderes de mercado representantes de mais de 500 marcas - como pelo nível de visitantes profissionais, nacionais e estrangeiros. Promovido pela Fundação AIP, o evento também foi palco de um conjunto de dinâmicas de relevância para o setor, com destaque para conferências, apresentações e showcookings tendo como base a inovação, a sustentabilidade e a internacionalização. Para Marina Calheiros, gestora e coordenadora da Lisbon Food Affairs, um dos grandes objetivos foi o de “fazer deste evento mais do que uma mostra de produtos, um verdadeiro palco de experiências, pelo que foi com enorme satisfação que verificámos que as empresas responderam de forma entusiástica a este desafio.” Assim, a experimentação foi a dinâmica mais utilizada pelos expositores com o objetivo de testar novos produtos e receber de forma proactiva um rápido feedback das novas necessidades e exigências de mercado. Ainda segundo Marina Calheiros, a internacionalização – outro dos eixos estratégicos do evento – revelou-se um sucesso, dando como exemplo “asmais de 200 reuniões entre compradores internacionais, convidados pela Lisbon Food Affair, e empresas participantes, que resultaram em negócios efetivos para quase todos os expositores.” Estas reuniões trouxeram a Portugal cerca de 30 de compradores internacionais oriundos de países como Espanha, China, Angola, Países Baixos, França, Noruega, Itália, Marrocos, Colômbia e Emirados Árabes Unidos. A Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, em visita à Lisbon Food Affair apelidou o evento de “montra do bomque produzimos no nosso país” e destacou que “os produtos nacionais, marcados pelo forte investimento em inovação, qualidade, sustentabilidade e segurança alimentar, brilham na nossa gastronomia, na nossa tradição, mas, também, além-fronteiras. É o que comprovamos, aqui, nesta iniciativa". Por seu turno, Bernardo Ivo Cruz, Secretário de Estado da Internacionalização, destacou o quanto a Lisbon Food Affair está alinhada comas preocupações estratégicas do Governo ao nível da inovação, internacionalização e sustentabilidade. UMA FEIRA HÁ MUITO ESPERADA Para Cristina Silva, gerente da Gresilva, esta era uma feira “há muito esperada. É aqui que o dono de um restaurante, hotel, bar, pastelaria ou padaria pode encontrar quer o equipamento, quer a matéria prima certa para o seu negócio”. No entanto, “a data escolhida coincidiu com um dia muito forte para a restauração – o Dia dos Namorados – o que impediu muitos potenciais interessados de visitar o certame. Mas apesar da fraca afluência, a qualidade dos visitantes foi muito boa”, sublinhou Cristina Silva. “Apesar dos expositores serempoucos, principalmente na área dos equipamentos, o investimento nos stands foi grande e estavam muito apelativos e impactantes para quem entrava no pavilhão. Em suma, poucos, mas bons”, ressalvou. João Mateus, diretor comercial da ErgosTeck, também destacou a qualidade dos visitantes da Lisbon Food Affair. “Comparativamente a edições anteriores, em termos de público-alvo, os visitantes estavammuito mais elucidados e procuravammais soluções do que apenas uma visita informal aos stands. Conseguimos contactos muito mais qualificados, com mais interesse na procura de soluções mais específicas que tínhamos como oferta”.

16 EVENTO Entre essas soluções, as que atraírammais atenções foram as áreas de “etiquetagem e mobilidade, que apresentámos do nosso parceiro Brother. A etiquetagem está com um ritmo de crescimento muito elevado”, destacou João Mateus. João Diniz, product specialist labeling and mobility da Brother, destacou algumas inovações que a empresa deu a conhecer na Lisbon Food Affair, nomeadamente “uma gama de etiquetagem dedicada ao setor alimentar. Temos várias soluções, como impressoras para integrar bases de dados e que permitem imprimir automaticamente as etiquetas de validade de produtos, sem ser necessário um computador. Basta carregar a base de dados na memória da impressora e mandar imprimir a etiqueta de cada produto. É a nossa principal solução para o setor alimentar.” Outra das novidades passa por “uma solução que estamos a desenvolver em parceria com um integrador espanhol de impressão de etiquetas por comando de voz. Funciona coma Alexa e, através de um comando de voz, é possível imprimir a etiqueta do produto”. A Brother tem ainda outras soluções “dependendo do tipo de cliente. Algumas mais industriais para quem precisa imprimir um grande volume de etiquetas e já tivemos alguns pedidos, que esperamos que se concretizem”. COMPARAÇÕES COM ALIMENTÁRIA Sendo a Lisbon Food Affair a feira que sucede à Alimentária, era natural a existência de comparações entre os dois certames. “Estivemos presentes na Alimentária, mas não a última edição, e agora quisemos experimentar a Lisbon Food Affair. Posso dizer que o impacto é bastante positivo”, revelou Fabio Costantino, da Albipack, “não em termos de quantidade, mas a nível da qualidade dos visitantes”. A empresa aproveitou a feira para apresentar duas novidades, um modelo que faz a dosagem automática do produto e uma máquina “que trabalha com sacos pré-feitos e que permite fazer a impressão diretamente no saco, como o lote de validade, códigos de barras ou logotipos. Outra das novidades é a impressão personalizável, em que basta inserir os ficheiros e a máquina consegue fazer a impressão”, explicou Fabio Costantino, que destacou ainda a estreia nacional de “uma doseadora semiautomática já com um conceito de indústria 4.0.” Em causa está “um sistema avançado para controlo do equipamento de forma remota. Embora seja um equipamento semiautomático, permite algum tipo de automação e inclusive de personalização, além de fazer a dosagemde produtos líquidos ou pastosos dentro do recipiente. A diferença face à doseadora, que trabalha com produtos sólidos ou granulares, é que, neste caso, trabalhamos comprodutos líquidos, semilíquidos ou pastosos”. Rui Costa, gerente da Embalcer, revela que a empresa já tinha participado na Alimentária com “um balanço positivo” e que este ano, “como tínhamos novidades para apresentar na área do envolvimento de paletes com filmes, decidimos aproveitar a Lisbon Food Affair e o balanço está a ser positivo. Contactámos com vários clientes com uma grande disponibilidade para descobrir as novidades que temos nos vários setores e as evoluções, quer ao nível dos materiais de embalagem, quer dos equipamentos”. Quanto às novidades, Rui Costa revela que “conseguimos pegar num equiJoão Mateus, diretor comercial da ErgosTeck, com a equipa. João Diniz, product specialist labeling and mobility da Brother, destacou algumas inovações que a empresa deu a conhecer na Lisbon Food Affair.

17 EVENTO pamento semiautomático de fecho de paletes e transformá-lo num equipamento automático, com um robot que anda à volta da palete. Uma das vantagens é que este sistema possibilita fechar paletes em vários pontos da fábrica, bem como fechar paletes fora do formato habitual. É um sistema muito usado na distribuição alimentar”. DESMISTIFICAR O USO DO ALUMÍNIO O principal objetivo da participação da Lusoforma na Lisbon Food Affair passou por “desmistificar a utilização do alumínio, bem como dar a conhecer a sua proveniência, uso e ciclo de reciclagem”, explicou Vítor Rodrigues. “A maior parte das pessoas não sabe que o alumínio pode ser usado no micro-ondas, desde que não toque nas paredes do aparelho (como qualquer outra embalagem). A vantagem que tem face a outros materiais é que o alumínio é um condutor térmico, por isso o alimento vai aquecer de forma mais uniforme e mais rapidamente, o que significa que reduz o custo de energia”. “Quisemos dar a conhecer o alumínio como uma solução viável e sustentável para a indústria alimentar”, revelou Vítor Rodrigues, que apontou algumas das tendências em exposição no stand: “a embalagem lacada a negro, pensada para haver uma maior diferenciação na venda do produto, ou embalagens com tampa em plástico 100% PET, que permitem ao take aways ter o alimento preparado e à vista do cliente. Tentamos enquadrar as embalagens comas tendências demercado e o que é usado, logo temos vários tamanhos direcionados para diferentes segmentos de mercado”. O principal objetivo da participação da Lusoforma na Lisbon Food Affair passou por “desmistificar a utilização do alumínio, bem como dar a conhecer a sua proveniência, uso e ciclo de reciclagem”, explicou Vítor Rodrigues. NETWORKING ENTRE EXPOSITORES Apesar do balanço positivo, alguns expositores aproveitaram para sugerir algumas melhorias à organização do evento, nomeadamente a existência de umprograma “para potenciar o networking entre os próprios expositores. Isto porque estamos muito direcionados para o visitante, mas muitas das vezes temos à nossa volta, entre os outros expositores, as soluções que necessitamos”, notou João Mateus, da ErgosTeck. “Por exemplo, cada expositor poderia ter a oportunidade de fazer uma apresentação de 15 minutos das suas soluções e outros expositores poderiam assistir ou potenciar esse networking. Na nossa área tecnológica aferi necessidades de outros expositores a nível de software de gestão ou de produção e temos soluções, que podemos apresentar a outros expositores e vice-versa”. n Fabio Costantino, da Albipack, com a sua equipa. Rui Costa, gerente da Embalcer, faz um balanço muito positivo da presença na Lisbon Food Affair. LISBON FOOD AFFAIR 2024 A próxima edição está já agendada para os dias 18, 19 e 20 de fevereiro de 2024.

18 TENDÊNCIAS Setor agroalimentar aposta em tecnologias mais inovadoras para ultrapassar desafios A inovação tornou-se indispensável na nova onda de transformação digital no setor agroalimentar. Sem ela, as empresas do setor estão condenadas a estagnar e a perder competitividade num cenário marcado pela incerteza, mas também pela entrada de novos atores e pela mudança de hábitos de consumo, conforme referido no relatório 'Food trends in Agritech and FoodTech in 2023', elaborado pela Fundação Europeia para a Inovação e Aplicação da Tecnologia (INTEC) e pela Minsait, uma empresa Indra. “A transformação digital e sustentável é uma alavanca básica para responder aos desafios de forma inteligente, sustentável e inclusiva. É a capacidade de fornecer soluções tecnológicas de alto valor para a cadeia agroalimentar que transformará as capacidades deste setor tornando-o cada vez mais sustentável e competitivo”, refere Pedro Moura, responsável da unidade de Phygital da Minsait em Portugal. O relatório Agri-Food Trends identificou alguns desses desafios que já estão a marcar o ritmo do mercado global e que serão fundamentais para o crescimento de uma indústria cada vez mais necessária no futuro. Em primeiro lugar, as alterações climáticas e a intensificação de fenómenos naturais adversos estão a afetar o rendimento das culturas e, de ummodo geral, todos os aspetos da produção alimentar, agravando o problema da escassez de água. As novas tecnologias incluem sistema de rega inteligente, a reutilização da água na economia circular e a regeneração de águas residuais, lamas e resíduos. Tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) permitemamonitorização e a previsão do clima, atenuando os impactos de fenómenos meteorológicos extremos, como secas, granizo e inundações. No âmbito energético, a tecnologia de produção de energia está a desenvolver-se rapidamente ao nível das energias renováveis, como a eólica ou a solar fotovoltaica, e o fornecimento de soluções para comunidades energéticas inteligentes, gestão de redes e eficiência energética são agora insubstituíveis. “A inovação aliada à tecnologia é a chave para enfrentar estes desafios na cadeia agro-alimentar”, afirma o diretor do relatório e vice-presidente executivo da Fundação INTEC, Juan Francisco Delgado. SEGURANÇA ALIMENTAR, AGRO-INDUSTRIALIZAÇÃO E LOGÍSTICA Outro desafio, identificado no documento elaborado pela INTEC e pela Minsait, é o da agro-industrialização, para o qual a empresa disponibiliza tecnologias como sensores, drones e análise de dados para melhorar a

19 TENDÊNCIAS eficiência de produção e reduzir a utilização de recursos, enquanto melhora a saúde e o bem-estar dos animais. As soluções de rastreabilidade, por outro lado, promovem a transparência e são também necessárias para enfrentar um terceiro desafio no setor, o da segurança alimentar. Nesta área, por exemplo, a agricultura de precisão é um bom exemplo do impacto positivo que a tecnologia disruptiva, através da utilização de sensores, comunicações, soluções operacionais e análise de dados, tem no setor agrícola. Desde sensores de campo, que recolhem dados sobre o solo, clima, humidade e crescimento das culturas, a sistemas de automação de irrigação, até estufas inteligentes, estes são alguns exemplos da utilização de tecnologia para melhorar a produção. Em quarto lugar, o relatório destaca o valor da logística na cadeia agro-alimentar. Umprocesso incontornável que se torna mais sustentável e eficiente com a utilização da tecnologia IoT, da Inteligência Artificial e a utilização da cloud para monitorizar a temperatura e a humidade dos produtos ou para dar uma visão global e em tempo real da cadeia de fornecimento. SEMEAR PARA AS NOVAS GERAÇÕES Para a Minsait, o último dos desafios referidos no relatório tem uma particular importância: a falta de renovação geracional no sistema de produção primária da agricultura e da pecuária. “A Península Ibérica tem uma das proporções mais baixas de jovens agricultores da União Europeia (UE). Para fazer face a esta situação, acreditamos num modelo de território rural inteligente, em que um dos pilares é o desenvolvimento do setor através da adoção de tecnologias e práticas sustentáveis, bem como a promoção da comercialização local e o intercâmbio de recursos entre produtores”, refere Pedro Moura. O especialista aponta também para tecnologias como a automação ou a robótica avançada para fazer face à escassez demão-de-obra, uma vez que conduzem a melhorias na eficiência operacional, aumentam a produção e impulsionam as receitas ao longo da cadeia de abastecimento alimentar. TENDÊNCIAS AGROALIMENTARES PARA 2023 O relatório “Food trends in Agritech and FoodTech in 2023”, que analisa as tendências agroalimentares em Espanha e Portugal, foi elaborado no âmbito do Projeto HIBA, integrado no programa Interreg-POCTEP da União Europeia. Este documento, que sublinha a importância da inovação na transformação da cadeia agroalimentar, destaca 10 macrotendências que se irão consolidar, neste setor, nos próximos anos: • Novos sistemas paraplataformas de agricultura, pecuária e aquacultura de precisão. Com especial destaque para a gestão e automatização de dados através da Inteligência Artificial (IA), que entrará com força no setor. • InteligênciaArtificial Aplicada. Com um crescimento estimado em 30% até 2023, a IA é utilizada para melhorar a eficiência e sustentabilidade na produção agrícola e para melhorar a segurança alimentar. • Proteínas alternativas, derivadas de vegetais, insetos e produtos do mar, carne vegan e carne de cultura serão tendência. A produção de tecidos artificiais será também cada vez mais poderosa como forma de melhorar o ambiente. • Biotecnologia (genética das plantas e melhoria do ADN para controlo de doenças), Saúde e Bem-Estar Animal. • Segurança alimentar e rastreabilidade. A necessidade de controlar os processos desde a produção inicial até ao utilizador, com a transparência necessária e segurança dos dados, será essencial. As transações económicas ajudarão à introdução de Blockchain e o pagamento com criptomoedas. • Cultivo indoor e agricultura vertical. Serão cada vez mais frequentes e, combinadas com a agricultura de precisão, será uma nova forma de tornar mais eficiente a utilização da água e o controlo dos alimentos, permitindo 4-6 colheitas por ano por cultura. O clima interior e a gestão de pragas serão fundamentais para este novo negócio, especialmente em 2023. • Robótica e Inteligência Artificial aplicada à agricultura. A robótica combinada com a visão com inteligência artificial e câmaras espectrais na colheita de fruta e a supressão do trabalho mecânico será uma tendência cada vez mais emergente. • Soluções para eliminar o desperdício de alimentos: aproximadamente 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados todos os anos, assim como 30% da eletricidade gerada para os cultivar (em Portugal são desperdiçados 20 a 30 kg de alimentos por pessoa anualmente). • Marketplace de proximidade. Os Marketplace de proximidade, que ligam os produtores locais aos consumidores, estão a ganhar popularidade e espera-se que continuem a crescer em 2023. • Soluções de sustentabilidade. As soluções de sustentabilidade, tais como o waste-to-fuel e a compostagem, estão a ganhar importância face às preocupações ambientais. Para Juan Francisco Delgado, diretor da publicação, “as tendências refletem a necessidade de inovação no setor agroalimentar e ao mesmo tempo os avanços que este setor está a experimentar na produção primária, onde se está a quebrar a tendência para introduzir inovação e tecnologia e especialmente na indústria de transformação e na logística e distribuição com inteligência artificial, o que significará um avanço importante nos próximos anos”. n

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