35 TECNOLOGIAS PARA RASTREABILIDADE Nos últimos anos, houve uma mudança significativa na forma como as pessoas consomem os alimentos. Esta mudança centrou-se numa maior sensibilização para a saúde, na preocupação com o ambiente e com a sustentabilidade, bem como nas implicações éticas da produção e/ ou elaboração dos mesmos. Esta mudança conduziu a um aumento da procura de alimentos orgânicos, produtos locais e opções de alimentos mais saudáveis. Neste sentido, os consumidores querem saber de onde são provenientes os alimentos, como são produzidos e se seguem práticas éticas na sua produção. Além disso, a pandemia de COVID-19 pôs em evidência a importância da segurança alimentar para os consumidores. Agora, mais do que nunca, as pessoas estão conscientes da necessidade de contar com um sistema alimentar seguro e fiável. Neste sentido, a rastreabilidade dos alimentos e a garantia da segurança dos produtos são prioridades para os consumidores. Apesar da importância da transparência e da disponibilidade de informação para os consumidores, ainda existem desafios no acesso à mesma. Alguns destes desafios incluem a complexidade da informação nos rótulos, a falta de normas uniformes para a apresentação da informação e a limitação de espaço nos rótulos para incluir todos os detalhes relevantes. Além disso, no caso dos produtos hortofrutícolas, um dos principais obstáculos da sua comercialização é a venda dos mesmos sob marcas de terceiros (principalmente de supermercados e grandes superfícies comerciais), restando, portanto, um espaço reduzido no próprio rótulo para a informação relativa à origem do produto. Assim, é essencial garantir que a informação seja facilmente disponibilizada, compreensível e transparente, a fim de satisfazer as atuais exigências dos consumidores. Reconhecendo a importância de progredir no sentido de um sistema alimentar que seja seguro, claro, equitativo, saudável e sustentável, também compreendemos a necessidade de abordar as preocupações crescentes dos consumidores que procuram informações rigorosas e em tempo real sobre os produtos. ENTIDADES PARTICIPANTES E OBJETIVOS Por isso, as entidades Grupo Caparrós Nature, Grupo Hispatec, Centro Tecnológico Tecnova e Parque Científico-Tecnológico de Almería, PITA, aliaram-se para desenvolver o projeto “eTIC4FOOD”. Este projeto consiste num Grupo Operacional Autónomo, aprovado em 2021 pela Secretaria Regional da Agricultura, Pecuária, Pescas e Desenvolvimento Sustentável da Junta da Andaluzia, no âmbito da Linha de Auxílio ao funcionamento dos Grupos Operacionais da Parceria Europeia de Inovação (PEI) em matéria de produtividade e sustentabilidade agrícola, e cofinanciado no âmbito do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER). O principal objetivo do projeto eTIC4FOOD centrou-se na conceção, desenvolvimento e validação de um rótulo inteligente para produtos hortofrutícolas baseado nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Assim, este projeto visa melhorar a acessibilidade da informação sobre os alimentos que consumimos. Para a consecução do referido objetivo, o projeto eTIC4FOOD foi dividido em três etapas: uma etapa documental inicial, seguida de uma etapa experimental e, finalmente, uma etapa de divulgação na qual se maximize a visibilidade do presente projeto e se facilite a transmissão do conhecimento gerado durante a sua execução aos setores interessados nestas novas tecnologias de rotulagem. FASE DOCUMENTAL Durante a etapa documental, foi feita uma atualização sobre o estado da arte dos atuais hábitos de alimentação dos consumidores, bem como sobre as tecnologias de informação e comunicação disponíveis para poder conceber e desenvolver o rótulo inteligente para diferentes produtos hortofrutícolas. Assim, foram determinadas as necessidades de informação exigidas pelo consumidor ao longo de toda a cadeia de valor dos dois produtos hortofrutícolas em estudo. Foi também efetuada uma avaliação dos requisitos a ter em conta pela plataforma que conteria a informação, com o objetivo de prever as possíveis alternativas e tecnologias a aplicar no momento de desenvolver o referido sistema de informação. Por último, a etapa documental culminou num estudo de avaliação das tecnologias da informação e da comunicação mais utilizadas no setor alimentar e que poderão ser transferidas para o setor hortofrutícola, o qual se encontra atualmente menos desenvolvido neste âmbito. Além disso, durante esta etapa, foi realizada uma análise interna sobre o que deveria constar do rótulo para se poderem cumprir os objetivos e requisitos do projeto, de modo a que se pudesse chegar a uma situação de compromisso relativamente à informação que
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