BF1 - iALIMENTAR

36 FORMULAÇÃO E INGREDIENTES artificial, que capta imagens utilizando câmaras capazes de distinguir diferen- tes formas, tamanhos ou cores, e os raios-X. Omaior problema, contudo, é que a visão mecânica não deteta cor- pos estranhos de cores semelhantes e os raios-X não detetammateriais de baixa densidade, explicou Ricardo Díaz. Por conseguinte, a visão hiperespec- tral é a solução mais completa, uma vez que cobre o espectro desde o visí- vel ao infravermelho. Assim, combina os benefícios da visão mecânica, em que se obtêm diferentes imagens dos alimentos, e o poder da espectrosco- pia de infravermelhos próximos (NIR), que fornece informações sobre a com- posição. Esta técnica não destrutiva fornece informação física e química sobre toda a amostra. INTERAÇÃO SEGURA EMBALAGEM-PRODUTO O responsável do Laboratório de Materiais em Contacto com os Alimentos da AINIA falou sobre 'Como controlar os contaminantes dos mate- riais de embalagem'. Omovimento químico das embalagens para os alimentos é conhecido como migração. Evitar que isso aconteça é essencial para garantir a segurança alimentar dos produtos. A fim de verificar se um material é adequado para o contacto alimen- tar, a legislação estabelece diferentes controlos: Teste de migração global – quantidade máxima permitida de substâncias não voláteis libertadas a partir de um material ou objeto em simuladores alimentares; Testes de migração específica – quantidade máxima permitida de uma substân- cia específica e identificável capaz de passar (transferência) de ummaterial ou objeto plástico para alimentos ou simuladores alimentares; Migração específica geral – metais e aminas aro- máticas primárias; Migração específica correspondente ao tipo de mate- rial – substâncias (enumeradas no Anexo I do Regulamento) a incluir na declaração de conformidade a fornecer pelos fornecedores de matérias-primas. Estes testes devem ser efetuados para garantir a segurança do material. Alguns aspetos a conside- rar ao avaliar o material de embalagem são: com que alimentos entra em con- tacto e em que condições é utilizado (por exemplo, esterilização, pasteurização, armazenamento congelado, refrigeração, etc.). Com esta informação, podem ser selecionados simuladores e condições de teste. O CASO DA BRASMAR Graciete Machado, diretora de Qualidade da Brasmar, abordou o tema da 'Como controlar os contami- nantes dos materiais de embalagem'. A responsável deu a conhecer o caso da Brasmar e a aplicação prática das ferramentas para evitar contaminan- tes na produção de alimentos. Começou por enquadrar a empresa, criada em 2003, e que se dedica aos produtos domar, mais concretamente, no processamento e comercialização de pescado, marisco, cefalópodes e bacalhau, com unidades em Portugal e Espanha. “Temos 195 espécies, com necessi- dade de sistematização de controlo de contaminantes, combinado com mais de 400 fornecedores. Aqui temos a Brasmar no centro da cadeia alimentar para garantir que os pro- dutos cheguem ao consumidor livre de contaminantes”, salientou, lem- brando que “o setor do pescado distingue-se por ter várias origens, desde a pesca no mar, aquacultura, água doce, etc. E temos de garantir medidas de controlo adequadas a cada tipo de pescado”. Nesta linha, Graciete Machado deu conta dos pontos mais importantes a ter em consideração em matéria de contaminantes. “Primeiro, antes do fornecimento, fazemos uma refle- xão sobre o produto, o conhecimento técnico do produto é essencial para perceber qual é o contaminante que temos de provar. Depois, a presença de parasitas, e finalmente, a especifi- cação técnica do produto”, explicou. Com tudo isto, vincou, “conseguimos ter uma análise de risco do produto”. É depois também “muito importante” perceber os riscos do lado fornecedor, “associados a questões de contamina- ções nas suas fábricas”, que importa ter em atenção. “A Brasmar privilegia sempre fornece- dores certificados, de forma a garantir que a cadeia de abastecimento está controlada. Atendendo a isto, temos de estabelecer quais são os controlos analíticos que temos de fazer a esse produto”, afirmou a responsável, sendo que muitos deles são pedidos antes do fornecimento. Graciete Machado disse ainda que “a cada produto/fornecedor há um risco associado, que tem de ser bem calcu- lado. Dentro do mesmo fornecedor podemos ter produtos com diferen- tes riscos”. n

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