2022/4 09 FORNECEDOR INTEGRAL PEÇAS SOBRESSALENTES E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS KEEPSYOU GOING. Preço:10 € | Periodicidade: Trimestral | Outubro 2022 - Nº9
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Os suportes de base dúctil são parte da grande carteira de produtos da ISB para o setor da maquinaria agrícola. Esses suportes são 40% mais leves do que a série padrão e 30% mais fortes, graças ao tipo de ferro fundido KQ450 utilizado no seu fabrico. Mesmo assim, as suas mesmas medidas tornam ambas as séries completamente permutáveis. Além disso, incluem rolamentos R3 ISB triplamente selados que os tornam adequados para os ambientes mais exigentes do setor agrícola. O invólucro das caixas de fundição padrão ISB é de ferro fundido HT200, contendo chumbo (black lead) e grafite distribuída. Quando cargas pesadas de choque são aplicadas à caixa, as fissuras estendem-se ao longo dos fios pretos de chumbo/grafite e a caixa pode fraturar-se. SOPORTES DE BASE DÚCTIL Os suportes de base dúctil disponíveis são: • UCF R3 DUCTILE IRON ISB • UCFC R3 DUCTILE IRON ISB • UCP R3 DUCTILE IRON ISB Os suportes de ferro dúctil ISB são fabricadosemQT450,comnódulos de chumbo (black lead) e grafite distribuídos. Esta distribuição de chumbo e grafite torna-os mais resistentes, ajudando a prevenir a propagação de fissuras.
4 Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Ana Clara Equipa Editorial Ana Clara, David Pozo, Ángel Pérez, Alexandra Costa Marketing e Publicidade Frederico Mascarenhas e Hélder Marques www.agriterra.pt Preço de cada exemplar 10 € (IVA incl.) Assinatura anual 40 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127451 Déposito Legal 471809/20 Distribuição total +5.300 envios Distribuição digital a +4.200 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel Edição Número 9 – Outubro de 2022 Estatuto Editorial disponível em www.agriterra.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Media Partners: Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Agriterra adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 “A agricultura de precisão fará cada vez mais parte do dia-a-dia das explorações agrícolas” 12 Transição digital no setor agrícola: a importância da transferência do conhecimento de e para o setor 16 Projeto ISOmap Forragem: transferência de tecnologia em agricultura de precisão e máquinas na produção de forragens 20 Smart Farming: as novas Quintas Inteligentes 26 App My Herculano: o configurador de produto Herculano 28 Entrevista a Yuichi Kitao, presidente e diretor da Kubota Corporation 30 Kubota LXe-261: o novo trator elétrico compacto 32 New Holland lança no mercado o primeiro trator movido a biometano 34 CLAAS apresenta grandes melhorias nas suas ceifeiras-debulhadoras e enfardadeiras 38 BKT oferece aconselhamento especializado para a escolha do pneu e da pressão certos 44 Fruticultura: quando o dinamismo é “tramado” pelos custos de operação 46 Exportações de frutas, legumes e flores aumentam 16% no primeiro semestre 50 A tecnologia ao serviço da gestão (eficiente) da água 52 Tecnologia para poupar água 58 Recupere os seus rendimentos com uma análise da rega por IA 60 Sistema Solo-Planta: como trabalhar a variabilidade? 62 Syngenta apresenta Interra Scan: serviço de mapeamento da saúde do solo 66 A plataforma de previsões climáticas para o setor do vinho da Sogrape 68 PreVineGrape: desenvolvimento de um biofungicida para combate a doenças da videira 70 Ferramentas com bateria: a inovação ganha (novamente) terreno com a Pellenc 72 Campos Demonstrativos 2022: uma estratégia de complementaridade 74 Ensaio de rega gota-a-gota na cultura do arroz revela poupança de 50% de água ummês após a sementeira 75 A eficiência energética na agricultura 77 O olival entra numa nova dimensão 79 Conhecer melhor as variedades cultivadas em Portugal 81
5 EDITORIAL A agricultura portuguesa é atualmente um segmento da economia inovador e que agrega ciência e tecnologia num binómio cada vez mais imprescindível para muitas empresas, agricultores e culturas. Conscientes da importância cada vez maior no panorama nacional, e de que como a agricultura inteligente é hoje uma aliada do setor, damos destaque ao tema num dossier em que ouvimos Ricardo Braga, um dos especialistas de renome em Portugal. Nesta reflexão, o professor do Instituto Superior de Agronomia, antecipa cenários futuros e analisa desafios e constrangimentos a ultrapassar. “As tecnologias disponíveis, não devendo ser confundidas com a aplicação da Agricultura de Precisão, são uma peça importante a toda a implementação da Agricultura de Precisão no terreno. São elas que nos permitem a caraterização do solo, do terreno, da cultura e das condições ambientais de forma mais rigorosa e exaustiva (satélites, GPS, sensores, etc.)”, refere Ricardo Braga. A transição digital no setor, a importância da transferência do conhecimento e o projeto Projeto ‘ISOmap Forragem’ são outras abordagens com as quais pode contar nesta edição. Traçamos ainda o pulso exportador da Fruticultura nacional, cujos valores atingiram os 939 milhões de euros no primeiro semestre, um aumento de 16% face ao mesmo período do ano anterior. Os dados compilados pela Portugal Fresh revelam que, em volume, as vendas internacionais também cresceram 14% para quase 805 mil toneladas. Contudo, nem tudo é um ‘mar de rosas’, analisando o preço por quilo dos produtos exportados, os resultados mostram que o crescimento não é suficiente para compensar o aumento dos custos e a inflação. Como contornar os entraves? As respostas do setor mais à frente num dossier dedicado ao tema. No final de mais um ano, que marca também o fim da pandemia, mesmo com uma guerra na Europa, a agricultura portuguesa segue, resiliente, rumo a 2023, um ano que promete muitos e bons reencontros em várias feiras nacionais, e onde, espera-se, haja uma injeção de ânimo junto de empresas e agricultores. Nós por cá, na Agriterra, continuaremos a impulsionar os seus produtos, soluções e negócios. Conte connosco! Agricultura de Precisão: o futuro já chegou AG Group distribuirá o sistema de inteligência artificial para o setor frutícola da FruitSpec O AG Group, parte do Grupo Internaco, assinou um acordo de distribuição para Espanha e Portugal com a FruitSpec, uma empresa tecnológica sediada em Tel Aviv (Israel), especializada na estimativa do rendimento de frutos e tamanhos de colheita, através de um sistema de câmara e análise utilizando tecnologia AI (Inteligência Artificial). Utilizando imagens hiper-espectrais e algoritmos de aprendizagem profunda, esta tecnologia inovadora analisa imagens de árvores de fruto e distingue precocemente entre folhas e fruta verde para gerar um relatório detalhado sobre o número de frutos e a sua distribuição de tamanho nas datas de passagem de uma colheita seletiva. Toda esta informação antecipada e precisa permite tomar decisões sobre a logística necessária no momento da colheita, bem como conhecer antecipadamente a quantidade e os diferentes tamanhos que estarão disponíveis para cada mercado do ponto de vista da comercialização, poupando custos e melhorando a rentabilidade da exploração.
6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Vila Real acolhe Congresso Internacional sobre inovação na Fruticultura emmaio de 2023 A Associação Internacional de Estudantes de Agricultura da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (IAAS-UTAD) organiza nos dias 4, 5 e 6 de maio de 2023, o ‘I International Congress on Innovation in Fruit Crops’. Revista Agriterra é media partner do evento. “É nosso objetivo que esta edição constitua um evento de referência na área da Fruticultura, onde fomentemos a troca de ideias e conhecimentos entre a comunidade científica nacional e internacional, estudantes universitários, empresários e produtores na área”, consideram os organizadores. Com este Congresso, que decorre em Vila Real, pretende-se promover e partilhar conhecimentos, relacionados com a área, entre oradores internacionalmente reconhecidos e participantes (estudantes, professores, investigadores e outros profissionais). A organização conclui, realçando: “esperamos assim combinar os conhecimentos dos mais experientes com o desejo de aprender dos estudantes e satisfazendo, simultaneamente, as necessidades dos técnicos e profissionais da área. O nosso principal objetivo é apresentar ideias, soluções e perspetivas sobre tópicos relacionados com a Produção Sustentável, Smart Farming, Biotecnologia, Mitigação das Alterações Climáticas, entre outros". S. José Pneus inaugura novo armazém Exatamente três anos após a inauguração das novas e modernas instalações, a 5 de outubro de 2019, entra em funcionamento um novo armazém da S. José Pneus. Esta ampliação de 5.000m2 vemdotar a S. José Pneus de uma ainda maior capacidade de armazenagem, para reforçar a sua presença no mercado ibérico da distribuição de pneus. Agora com um total de 32.000m2 de área de armazenamento, com um stock tão diversificado que vai dos pneus ligeiros, SUV e comerciais aos pesados, agrícolas e industriais, encontra-se agora ainda mais forte para continuar a apoiar o mercado, contribuindo assim para a já vasta oferta que carateriza a S. José Pneus. Este investimento no valor de 3 milhões de euros foi realizado com o mesmo objetivo de sempre, vinca a empresa: “servir melhor os nossos clientes”. Agroglobal chega em setembro de 2023 ao CNEMA A próxima edição da Agroglobal já tem data marcada: dias 5, 6 e 7 de setembro de 2023. O certame está de regresso e, desta feita, ao CNEMA, em Santarém, e, segundo a organização, "estaremos num novo espaço, mas totalmente comprometidos em mantermos o modelo da feira e sermos cada vez mais Agroglobal". "Contamos com a presença de todas as empresas relacionadas com o agronegócio, que darão o seu melhor contributo na dinamização do evento", adiantam os organizadores. A IX edição da Agroglobal "será um palco privilegiado para o debate sobre os mais variados temas, mas acima de tudo, a discussão e encontro de caminhos que tragam soluções a um setor que tem sabido mostrar a sua resiliência, capacidade de inovação, empreendedorismo e adaptação à mudança".
7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Timac Agro e Anpromis testam soluções para aumentar a produção de milho Ensaios de campo visam reduzir consumos de água e de fertilização. O projeto InovMilho, que teve início em 2014, conta com a Timac Agro como parceiro para um estudo prático na Estação Experimental António Teixeira, em Coruche, para implementar um plano de fertilização e de bioestimulação numa área de aproximadamente 4,5 hectares, considerando a redução da aplicação autorizada de 300 unidades de azoto por hectare, para apenas 200 unidades, produzindo mais com bastante menos. Para além da redução da aplicação de azoto, os ensaios incidem na rega por pivot (em cerca de 10 hectares) e da instalação de um sistema de rega gota a gota enterrada a 30 cm, com vista a apurar a eficácia daquela técnica na redução da quantidade de água utilizada. Com o objetivo de atingir a máxima eficácia dos fertilizantes aplicados com a maior produtividade, a Timac Agro foi a primeira empresa em Portugal a disponibilizar alternativas aos fertilizantes tradicionais, como os bioestimulantes que representam uma alternativa sustentável para a estimulação das culturas, ao mesmo tempo que permitem aos agricultores uma redução de custos face ao impacto da subida de preços dos fertilizantes. “Nummomento em que a agricultura é desafiada a encontrar alternativas para a escassez de água e para o aumento de custos de fertilização, as nossas ações de investigação e ensaios práticos intensificam-se, uma vez que o setor enfrenta um dos mais exigentes períodos dos últimos anos. Ao mesmo tempo, quando assistimos a uma crise mundial de produção de cereais, temos de olhar para a cultura do milho com maior atenção e disponibilizar mais ferramentas para que os produtores continuem a produzir o suficiente para garantir resposta às necessidades alimentares”, destaca Marco Morais, Director-Geral da Timac Agro. ‘Experiências APH de Olivoturismo-Enoturismo’ de 11 a 13 de novembro em Trás-os-Montes A Associação Portuguesa de Horticultura organiza uma visita de Olivoturismo/Enoturismo à região de Trás-os-Montes, nos dias 11, 12 e 13 de novembro de 2022. Os participantes terão oportunidade de realizar a colheita manual da azeitona da forma tradicional, visitar lagares onde a moenda se faz em moinhos de pedra e provar o azeite recém-extraído, conhecer todo o ciclo da oliveira e do azeite no Museu da Oliveira e do Azeite de Mirandela e degustar a rica gastronomia local na companhia de vinhos da região. Em Trás-os-Montes, segunda maior região produtora de azeite em Portugal, os olivais encontram-se distribuídos por montanhas e vales, e são conduzidos em modo tradicional, na sua maioria em condições de sequeiro. Predominam as variedades tradicionais de azeitona, o que juntamente com as técnicas ancestrais de cultivo, faz com que sejam produzidos azeites genuínos e de identidade única. Por outro lado, há também um grande incremento ao nível tecnológico com lagares modernos e bem apetrechados, onde num curto espaço de tempo, desde a entrada da azeitona até à sua laboração, se extraem azeites de elevada qualidade. Os participantes poderão visitar um destes lagares na Cooperativa de Olivicultores de Valpaços.
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Paolo Rivolo é o novo diretor de negócio da Case IH e Steyr para o Sul da Europa Paolo Rivolo foi nomeado para liderar a área de negócios do Sul da Europa para a Case IH e STEYR, com responsabilidade adicional por contas-chave e clientes de compra de grandes frotas para as duas marcas na região, que abrange Espanha, Portugal, Itália e Grécia. “A região do Sul da Europa é particularmente importante para a Case IH e STEYR, tanto na Europa como no resto do mundo”, diz Rivolo, que passa a ocupar o novo cargo da CNH Industrial, a empresa-mãe da Case IH e da STEYR. Anteriormente era o diretor comercial da Case IH para o Brasil. “Estou ansioso por trabalhar com os nossos concessionários e clientes em Espanha, Portugal, Itália e Grécia para garantir que beneficiam do melhor que as nossas marcas têmpara oferecer em termos de equipamento, serviço e apoio”, acrescenta. Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH e da STEYR Europa, está confiante que Rivolo e os concessionários com quem trabalha irão ajudar a impulsionar o recente crescimento das marcas no sul da Europa, tanto entre os clientes individuais como entre os compradores de frotas comerciais. “Tenho o prazer de dar as boas-vindas ao Paolo, que está de regresso à Europa e estou ansioso por trabalhar com ele para fazer crescer o negócio da Case IH e da STEYR, naquela que é uma área geográficamuito importante para as nossas marcas”, disse. Antes desta nomeação, foi divulgada a saída de Xavier Autonell, diretor da Case IH na Península Ibérica durante 16 anos, quase metade do seu tempo na CNH Industrial. Paolo Rivolo. Associações agrícolas portuguesas firmam memorando para recrutar trabalhadores marroquinos em 2023 CAP, IEFP e ANAPEC assinammemorando de entendimento para projeto-piloto que permite o recrutamento de 400 trabalhadores marroquinos para as campanhas agrícolas de 2023. Foi assinado a 28 de setembro o memorando de entendimento relativo a um projeto-piloto para recrutamento de cerca de 400 trabalhadores marroquinos para a agricultura em Portugal, para as campanhas de 2023. Este memorando é estabelecido entre a ANAPEC (a Agência Nacional de Promoção do Emprego e de Competência, serviço público de emprego do Reino de Marrocos), o IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional, e a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Luís Mira, Secretário-Geral da CAP, adianta: “é commuita satisfação que a CAP assina este protocolo. Através deste instrumento de cooperação bilateral entre Portugal e Marrocos, é instituído um projeto piloto que prevê a vinda de 400 trabalhadores daquele país para o setor agrícola. Como é sabido, a agricultura enfrenta enormes constrangimentos de mão de obra que, afetam de forma transversal, o setor. Este é um primeiro passo no bom sentido e a CAP espera sinceramente que este projeto-piloto possa ser um sucesso, porque permitirá abrir a porta a soluções mais duradouras e estáveis de mobilidade laboral de que a agricultura precisa. Soluções essas que permitirão, também, regular adequadamente as situações de trabalho dos migrantes". "Ora, ao protocolar-se estas situações através do IEFP, que desempenha nesta ocasião umpapel ativo de ajuda às empresas – o que merece público reconhecimento – está não só a agilizar-se processos quemuitas vezes são burocráticos e demorados, como a obtenção de vistos de trabalho, por exemplo, mas está a dar-se também um sinal importante de que estes trabalhadores têm de ser tratados com respeito e dignidade. Portugal pode e deve ser um exemplo na forma como trata os trabalhadores migrantes que recebe e este protocolo vai, justamente, nesse bom sentido”, acrescenta o responsável. Memorando prevê o recrutamento de 400 trabalhadores marroquinos para a agricultura em Portugal, para as campanhas de 2023.
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10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER III Simpósio Nacional de Frutos Secos chega em novembro ao Algarve O III Simpósio Nacional de Frutos Secos, uma organização da Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal (SCAP) e do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS), vai ter lugar entre os dias 14 e 16 de novembro de 2022, no Auditório da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, em Faro. Revista Agriterra é media partner do evento. Três anos após o II Simpósio Nacional de Frutos Secos, realizado em Mirandela, em 2019, a SCAP e o CNCFS trazem a debate temas como a produção sustentável, a transformação, a valorização da produção e dos subprodutos e a comercialização, no âmbito das fileiras da alfarrobeira, amendoeira, aveleira, nogueira e pistácio. A evolução científica e tecnológica acontece diariamente, tornando fundamental a partilha entre pares e com os técnicos e produtores que se encontram no terreno. É desta partilha que surge a oportunidade de incrementar a produção de forma sustentável económica e ambientalmente. Cada sessão é iniciada por uma conferência plenária proferida por um orador convidado, seguida de sessões de comunicações orais e em painel. Este evento contará com os melhores especialistas nacionais e estrangeiros, e dará um contributo importante para um crescimento mais sustentável das cadeias de valor dos frutos secos em Portugal, antecipa a organização. Saiba mais aqui: https://snfs2022.webnode.pt 8°Congresso Europeu de Jovens Agricultores acontece em dezembro O eurodeputado português Nuno Melo é um dos impulsionadores do evento que, em 2022, se celebra a 7 de dezembro. O 8°. Congresso Europeu de Jovens Agricultores terá lugar no dia 7 de dezembro, no Parlamento Europeu, em Bruxelas. Recentemente, os cinco deputados anfitriões do PPE Nuno Melo, Herbert Dorfmann, Simone Schmiedtbauer, Juan Ignacio Zoido e Michaela Šojdrová, e os co-organizadores deste congresso: a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e a Associação Agrícola de Jovens Agricultores de Espanha (ASAJA), reuniram-se em Estrasburgo com Janusz Wojciechowski, Comissário Europeu para a Agricultura, para debater o tema deste ano: 'o papel dos jovens agricultores na segurança alimentar'. O futuro da alimentação e da agricultura está nas mãos dos jovens agricultores europeus, que desempenham um papel crucial no desenvolvimento de um setor agrícola totalmente sustentável – que apoie o meio ambiente, a ação contra as alterações climáticas e soluções inteligentes para fornecer alimentos seguros e de alta qualidade para os consumidor europeu. A capacidade inata de inovar dos jovens agricultores coloca-os como os pioneiros naturais da transformação do sistema agroalimentar. Sendo 2022 o Ano Europeu da Juventude, o momento é propicio para mostrar os nossos melhores jovens agricultores que irão certamente liderar o caminho para uma cadeia alimentar mais forte, segura e sustentável na União Europeia, servindo de modelo para o resto do mundo. Enquanto na edição do ano passado o Congresso destacou como os jovens agricultores forneceram ummodelo de resiliência para o setor agrícola, este ano estará em destaque o papel central na manutenção da segurança alimentar, especialmente em tempo guerra. A 8ª edição apresentará projetos de 22 Estados-membros que concorrerão aos seguintes prémios: • Melhor projeto digital • Projeto mais resiliente • Melhor projeto para o desenvolvimento das áreas rurais.
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12 AGRICULTURA DE PRECISÃO “A agricultura de precisão fará cada vez mais parte do dia-a-dia das explorações agrícolas” A agricultura portuguesa está cada vez mais inteligente e utiliza, nos últimos anos, soluções e equipamentos eficientes cujo objetivo final é sempre o aumento da produtividade, a simplificação de processos, a otimização de uso de recursos e a eficiência das culturas. Ricardo Braga, um dos especialistas portugueses na área da Agricultura de Precisão, traça à Agriterra uma radiografia do setor e antecipa cenários, num tempo marcado pelas famigeradas alterações climáticas. Ana Clara Nesta conversa sobre o tema, começamos pelo percurso da Agricultura de Precisão no País que, de acordo com Ricardo Braga, “tem sido longo”. “Estamos longe de uma utilização prática generalizada, mas depois de bastante tempo em que se falava do conceito e das diversas vantagens da sua aplicação, passámos nos últimos cinco, seis anos, para uma fase demaior utilização de dados, sobretudo na caraterização emonitorização de processos. As cartas de condutividade elétrica do solo e de NDVI são bons exemplos disso. Sobretudo estas últimas têm uma utilização regular num número considerável de explorações do nosso País. Isto tem permitido a otimização de uso de recursos e fatores na gestão agronómica das culturas e, por consequência, dado um contributo para a tão necessária sustentabilidade da atividade agrícola”. E como se têm as empresas adaptado a esta evolução? À questão, o professor no Instituto Superior de Agronomia (ISA), da Universidade de Lisboa, salienta que a adoção por parte das empresas “tem seguido o padrão conhecido para a disseminação de inovações”. “Alguns primeiros adotantes commenor aversão ao risco, seguido de um número cada vez maior de empresas commaior ou menor grau de ceticismo, que necessitamde verificar os benefícios de forma umpoucomais pragmática. Uma coisa parece certa: muito poucos duvidam que a digitalização e, em concreto, a Agricultura de Precisão fará cada vez mais parte do dia-a-dia das explorações agrícolas”, frisa, acrescentando que “não se trata de uma moda passageira. É uma ferramenta que veio para ficar C M Y CM MY CY CMY K
13 AGRICULTURA DE PRECISÃO e que se tornará cada vez mais fácil e barata de usar para otimizar processos, aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção”. CULTURAS Sobre as culturas onde a aplicação da Agricultura de Precisão está mais avançada, Ricardo Braga recorda que, no passado recente, havia uma dominância clara de algumas culturas como o milho e a vinha. Neste momento, “é difícil ter essa perceção porque as aplicações são bastantes diversas e o número de empresas e de técnicos também aumentou bastante. É necessário também ter em conta o que se entende por ‘implementação da agricultura de precisão’. Certamente que nas primeiras fases do processo (caraterização e monitorização) haverá muitas centenas de hectares (vinha, milho, cereais de inverno, olival, amendoal, etc.) que beneficiam de uma forma ou de outra da Agricultura de Precisão. Quando falamos de usos mais avançados, como por exemplo, a aplicação diferenciada de fatores (água ou fertilizantes) os casos reduzem-se substancialmente”, explica. Sobre os desafios, o académico considera que há vários e a diversos níveis. “Alguns têm sido ultrapassados de uma forma ou de outra, outros persistem, e alguns até parecem ser de difícil resolução. Mencionando apenas alguns que me parecem críticos: falta de conectividade existente em grande parte do País (a internet/comunicação é um ingrediente essencial para o funcionamento da Agricultura de Precisão); falta de formação dos técnicos das empresas para o uso das diversas tecnologias e dados disponíveis; falta de soluções tecnológicas integradas e acessíveis à maioria das explorações”, adianta. TECNOLOGIAS “As tecnologias disponíveis, não devendo ser confundidas com a aplicação da Agricultura de Precisão, são uma peça importante a toda a implementação da Agricultura de Precisão no terreno. São elas que nos permitem a caraterização do solo, do terreno, da cultura e das condições ambientais de forma mais rigorosa e exaustiva (satélites, GPS, sensores, etc.)”, refere Ricardo Braga. E vinca que também são as tecnologias “que nos permitem gerir e analisar todos os dados resultantes da caraterização e monitorização (GPS, SIG). Finalmente, também são as tecnologias que nos permitem implementar decisões variáveis no espaço das parcelas adequando os inputs a cada condicionalismo encontrado (VRT, Robots, Drones). A evolução das tecnologias tem sido bastante rápida NA RAIZ DO SEU NEGÓCIO www.magos.pt magos@magos.pt SALVATERRA DE MAGOS VILA REAL BEJA OS NOSSOS PARCEIROS
14 AGRICULTURA DE PRECISÃO quer em termos de funcionalidades quer no seu custo, que nalguns casos se reduziu para metade em pouco mais que oito anos. São tendências que continuarão a verificar-se nos próximos anos. É um pouco imprevisível o que teremos disponível num prazo de cinco ou 10 anos”, afiança o especialista. No que respeita à eficiência, Ricardo Braga afirma que é um ponto importante. “Os recursos são escassos e, por isso, temos que tirar o melhor partido da sua utilização. Estejamos a falar de água, azoto, terra ou até de fundos públicos, tirar o melhor benefício de cada unidade utilizada torna-se fundamental. No caso concreto da Agricultura de Precisão, a materialização da eficiência é bastante fácil de ver. Basta pensarmos numa parcela com a sua natural variabilidade de nutrientes disponíveis. A fertilização à taxa constante conduz necessariamente a perdas quer de adubo quer de produtividade e, logo, a umamenor eficiência da sua utilização”. Por outro lado, sustenta, “se ajustarmos espacialmente as quantidades apli- “As tecnologias disponíveis, não devendo ser confundidas com a aplicação da Agricultura de Precisão, são uma peça importante a toda a implementação da Agricultura de Precisão no terreno. São elas que nos permitem a caraterização do solo, do terreno, da cultura e das condições ambientais de forma mais rigorosa e exaustiva (satélites, GPS, sensores, etc.)” cadas às necessidades de cada local da parcela, estaremos a aumentar a eficiência de utilização dos nutrientes (maior produção da parcela por cada unidade fertilizante aplicada), quer porque teremos menores perdas quer porque localmente a produtividade será potenciada. O mesmo raciocínio se poderá aplicar à água ou à resolução local de fatores limitantes da produtividade como o pH ou a falta de drenagem que se verifica nalgumas zonas das parcelas”. FORMAÇÃO Quanto à formação, um tema que é sempre colocado no centro do debate, Ricardo Braga refere que os agricultores “vão estando preparados, uns mais que outros naturalmente, e seguindo estratégias diferentes (contratando técnicos, recurso a consultoras, recurso a organizações, etc.)”. “A formação é, de facto, fundamental para tudo, e a Agricultura de Precisão não é obviamente exceção. Penso que teremos de ser mais eficazes (e também eficientes) a transmitir o conhecimento técnico existente do que temos sido até aqui. É algo que não é responsabilidade apenas da academia. É bastante mais abrangente passando também pelas diversas organizações do setor assim como pelas empresas. A nível da academia, penso que todos os cursos na área agronómica abordam o tema. E vão-se tambémmultiplicando cursos livres dedicados ao tema”, sublinha o professor universitário. E, antecipando o futuro, que corre célere, lado a lado com a tecnologia, quisemos saber como olha Ricardo Braga para o País agrícola, no que toca à Agricultura de Precisão, dentro de uma década. “10 anos é uma eternidade. É mais fácil pensar em como gostaria que estivéssemos daqui a 10 anos… Um País agrícola com um ecossistema de inovação mais dinâmico e mais focado em soluções para o mundo real, a praticar uma agronomia mais baseada em evidências, mais virada para o mercado, com técnicos com uma visão integrada do processo produtivo e mais aptos para o digital, produtores com maior sentido crítico e políticas de promoção da agricultura de precisão mais audaciosas”, conclui. n C M Y CM MY CY CMY K
Hidrogenocarbonato de sódio Proteção natural para o controlo do oídio em vinha, hortícolas e pequenos frutos Bacillus thuringiensisKurstaki A solução insecticida natural para controlo de lepidópteros em diversas culturas Extracto de Equisetum arvense Proteção natural para controlo do míldio em vinha, tomate e morango Extracto de urtiga aquosa Proteção natural para controlo de afídeos em fruticultura e ácaros tetraniquídeos em vinha Cloridrato de quitosano Proteção natural para o controlo da botrytis em vinha e pequenos frutos Controlo natural de pragas e doenças em diversas culturas com solução à base de óleo essencial de laranja Blexia®, a nossa marca dedicada a soluções de origem natural Carpet Equiset Prevatect Valesco Doctrin A fim de estar melhor posicionada num mercado em constante mudança, a ASCENZA está a lançar a sua gama de bioprotecção sob o nome BLEXIA®. www.ascenza.pt PREV-AM® Plus é uma marca registada da ORO AGRI Internacional Ltd
AGRICULTURA DE PRECISÃO TRANSIÇÃO DIGITAL NO SETOR AGRÍCOLA: a importância da transferência do conhecimento de e para o setor Olfa Zarrouk, Livia Pian, Jucilene Siquiera, Cátia Pinto Associação SFCOLAB – Laboratório Colaborativo para a Inovação Digital na Agricultura Rua Cândido dos Reis nº 1 Espaço SFCOLAB 2560-312 Torres Vedras O setor agro enfrenta metas crescentes de sustentabilidade e competitividade, onde são necessários elevados níveis de produtividade e eficiência. Neste sentido, os ecossistemas agrícolas estão em incessante procura de ferramentas para aperfeiçoar/melhorar a gestão agrícola através da monitorização das culturas, dos fatores ambientais e do solo, controlo da fertirrega, prevenção de doenças, gestão de resíduos e rastreabilidade na cadeia agroalimentar. 16 SFCOLAB
AGRICULTURA DE PRECISÃO 17 Apesar das muitas ofertas disponíveis no mercado para apoio à tomada de decisão, por vezes, tomar a decisão de escolha não é um processo imediato e fácil. Para além do mais, este pode estar aliado aos custos e ao suporte técnico especializado limitado, o que faz com que a agricultura digital esteja apenas ao alcance de uma pequena fração de explorações. Assim, encontrar soluções tecnológicas para uma agricultura de precisão dimensionadas à medida, com custo-benefício acessível e em resposta a uma necessidade específica, e que integrem apoio técnico especializado é um dos grandes desafios do setor e ao qual a Associação SFCOLAB procura responder. Neste sentido, o SFCOLAB é o Laboratório Colaborativo para a Inovação Digital na Agricultura e, assim, a referência nacional para a transição digital no setor. De facto, quatro barreiras principais são apontadas face à adoção da agricultura digital ou agricultura 4.0, nomeadamente: i) acessibilidade às soluções e o processo de comunicação em áreas remotas ii) confiança iii) conhecimento iv) motivação. Assim, o sucesso para a adoção destas soluções é crítico e, depende não só do desenvolvimento e/ou implementação de soluções inovadoras e, acima de tudo acessíveis, mas também da disponibilização de apoio técnico adequado aos agricultores, e demonstração dos resultados, face às práticas agrícolas normalmente aplicadas. Neste sentido, esta transição digital passa por um processo de transferência do conhecimento de e para o setor agrícola que poderá ser através do desenvolvimento de projetos, de âmbito nacional e internacional, de ações de formação/ workshops, desenvolvimento de soluções à medida ou até ações pedagógicas nas escolas. A título de exemplo, de seguida são apresentadas algumas das ações em curso que visam a transição digital do setor nacional. Projeto Smart Farm 4.0 O projeto 'Smart Farm 4.0: soluções inteligentes para uma agricultura sustentável, preditiva e autónoma' é um projeto mobilizador com a referência 46078 que teve início em julho de 2020 e decorre até junho de 2023. Este projeto resulta de umesforço colaborativo entre 16 parceiros para alavancar a transferência para omercado de novas soluções que visam otimizar a utilização dos recursos, a sustentabilidade e a resiliência dos sistemas agrícolas e a sua rentabilidade e valor acrescentado. O consórcio é liderado pela Tomix e tem como parceiros: Tomix, SFCOLAB, Adega Cooperativa de São Mamede da Ventosa, Impactwave, SGS Portugal, Flowake, Associação para a Valorização Agrária – AVA, Universidade Nova de Lisboa, INIAV, IPLeiria, COTHN, FCUL, ISCTE, Quinta do Pinto, Luís Vicente e INESC TEC. Este projeto, cofinanciado pelos FEEI, através do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização e do Programa Operacional Regional de Lisboa, pretende contribuir de forma decisiva para a transição e democratização de uma agricultura inteligente, mais sustentável, preditiva e autónoma de forma a maximizar o valor acrescentado de produtos nacionais de horticultura, fruticultura e viticultura, com ênfase na região Oeste de Portugal. Neste sentido, fazem parte deste projeto quatro PPSs – produtos, processos ou serviços, que visam a) Agricultura sustentável: eficiência do uso dos recursos para a resiliência dos sistemas produtivos; b) Agricultura preditiva: ferramentas de I4.0 para gestão preditiva de culturas; c) agricultura autónoma: veículo autónomo modular e configurável para diferentes atividades agrícolas; d) Agricultura 4.0 acessível: roadmap de transição para a agricultura inteligente. Projeto HIBA – Hub Iberia Agrotech O Projeto HIBA – 'Hub Iberia Agrotech' (https://hubiberiaagrotech.eu/index. php/pt/home-pt/), liderado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária, Pescas e Desenvolvimento Sustentável do Governo Regional da Andaluzia (Espanha) através da Andaluzia Agrotech DIH e do qual o SFCOLAB é beneficiário, é um projeto Interreg que resulta de uma iniciativa luso-espanhola com umorçamento de 5,3milhões de euros, para a criação de umecossistemamulti-regional destinado à digitalização do setor agroalimentar através dos Hubs de Inovação Digital (DIH). Deste projeto fazemparte 19 entidades relacionadas como empreendedorismo e a inovação digital no setor agroalimentar em Espanha e Portugal que, até dezembro de 2022, colaboram para a criação de uma rede ibérica de DIHs na Agrotech para fomentar o Apresentação do SFCOLAB no evento Green Disruption Summit, realizado a 12 de julho de 2022 em Braga e com o selo do projeto HIBA.
AGRICULTURA DE PRECISÃO 18 empreendedorismo emelhorar a competitividade empresarial baseada na inovação digital, promovendo o relançamento económico pós-Covid-19. Este projeto tem como consórcio português o SFCOLAB, INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Universidade de Évora, Universidade do Algarve, Instituto Politécnico de Beja, INL - Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia e Consulai. Polo de Inovação Digital SFTEDIH: Smart Sustainable Farms, Foods and Trade European Digital Innovation Hub O Smart sustainable farms, foods and trade European Digital Innovation Hub (SFT-EDIH) (https://www.sft-edih.eu/), é um Digital Innovation Hub (DIH), do qual o SFCOLAB integra a Comissão Executiva. O SFT-EDIH é um polo de inovação digital para o setor agroalimentar e tem como missão ser um balcão único de acesso para a digitalização do setor, do prado ao prato. O SFT-EDIH é um consórcio constituído por 28 das mais representativas instituições que operamno setor agroalimentar emPortugal e, resulta da fusão de três iniciativas, lideradas pela BGI, pela CAP e pelo SFCOLAB, cuja complementaridade permite endereçar os principais desafios de digitalização da cadeia agroalimentar desde produtores, processadores e os distribuidores. OSFT-EDIH é reconhecido a nível nacional (IAPMEI), conforme Despacho n.º 11092-B/2021 de 11 de novembro 2021, e integrado numa rede europeia do qual foi atribuído um selo de excelência. O SFT-EDIH tem como missão acelerar a adoção de tecnologias chave para a transição digital, como inteligência artificial (AI), internet das coisas (IoT), ciência de dados, blockchain, fotónica, robótica, realidade virtual e aumentada e cibersegurança. Neste sentido, o SFT-EDIH atuará na implementação de serviços, impulsionando um novo conceito de 'biomarcadores digitais' agrícolas que podem minimizar drasticamente a pegada ambiental, promovendo uma economia circular baseada em subprodutos da cadeia e permitir a rastreabilidade total do produto da do prado ao prato. SOFIS: Smart Orchard FertiIrrigation System O SOFIS – Smart Orchard Ferti-Irrigation System é um sistema modular e personalizado de sensores proximais de baixo-custo, dimensionado de acordo com as necessidades específicas para a gestão agrícola. Trata-se de uma solução de sensoriamento inclusiva, para todas as dimensões agrícolas, dotada de comunicação remota, processamento de dados, geração de informação útil e em tempo real para a gestão eficiente dos recursos e fatores de produção. Esta informação de apoio à tomada de decisão, baseada em modelos adaptados às culturas e à região edafoclimáticas, é acessível através de uma plataforma interativa, aberta e gratuita. Para além disso, o SOFIS destaca-se por oferecer um programa de acompanhamento/ suporte técnico especializado e continuado aos seus utilizadores. O SOFIS, por ser uma solução modular e personalizada, pode ser dimensionado para todas as fileiras do setor agrícola, tanto ao ar livre como em estufa, em produção em solo e hidroponia e em modos de produção extensivo e intensivo, independente da maturidade digital da exploração agrícola. n SFCOLAB VAI À ESCOLA Acreditando no poder da comunicação da ciência e da tecnologia na sociedade em geral e nas faixas mais jovens em particular, como meio de estabelecer e acelerar a transformação digital na Agricultura assim como influenciar governantes e decisores nas leis e decisões, o SFCOLAB tem vindo a contribuir ativamente para a literacia digital na agricultura em todas as faixas etárias, através do desenvolvimento de ações pedagógicas. Desta forma, o SFCOLAB contribui, desde a sua criação, para a semana da ciência celebrado anualmente em novembro, (evento criado em todo o território nacional desde 1996, com a criação do Dia Nacional da Cultura Científica e celebrado a 24 de novembro por iniciativa do então ministro da Ciência José Mariano Gago em homenagem ao divulgador de ciência Rómulo de Carvalho, que nasceu nesta data), com atividades de divulgação, formação e experimentação das diferentes tecnologias digitais, através de visitas às escolas da Região da área de atuação do SFCOLAB, ou recebendo alunos e estudantes nas suas instalações. Estas visitas centram-se particularmente na sensibilização dos mais jovens para as vantagens da aplicação das novas tecnologias digitais ao serviço da agricultura para uma maior sustentabilidade na produção e ambiente. Demonstrador SOFIS instalado em Pomar na região de Alcobaça e, no âmbito da parceria de colaboração estabelecida com o INIAV.
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AGRICULTURA DE PRECISÃO 20 PROJETO ISOMAP FORRAGEM: transferência de tecnologia em agricultura de precisão e máquinas na produção de forragens Luis Alcino da Conceição Professor Adjunto do IPPortalegre; Coordenador do Projeto Teresa Carita, Nuno Simões, João Paulo Carneiro, Benvindo Maças Equipa INIAV Rute Santos, Noémia Farinha, Luis Silva, Susana Dias, Luis Loures, Paulo Ferreira, Vera Barradas Equipa IPPortalegre Agricultura 4.0
AGRICULTURA DE PRECISÃO 21 A importância da sustentabilidade da produção de forragens nos sistemas extensivos de produção de bovinos na região do Alentejo e as novas tecnologias de agricultura de precisão são o enquadramento do projeto ISOmap Forragem, liderado pelo Instituto Politécnico de Portalegre em parceria com o polo de Elvas do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Os ensaios decorremdesde 2020 na herdade da Comenda, destacando-se neste artigo alguns dos resultados práticos já alcançados. Financiado pelo programa Alentejo 2020, o Projeto ISOmap Forragem, que agora entra na sua fase de conclusão, teve como principais objetivos: 1. Transferir conhecimento nas áreas da mecanização agrícola e agricultura de precisão para a melhoria da eficiência do uso de máquinas agrícolas com tecnologia assente na Norma ISO 11783 (ISOBUS) para aplicação a taxa variável de fatores de produção; 2. Dar a conhecer novas itinerários culturais na produção de culturas forrageiras compatíveis coma gestão sustentável dos recursos naturais como o solo e a água; 3. Criar uma rede de informação e transferência de conhecimento através de sinergias entre a investigação, o ensino superior e o setor empresarial agropecuário. Segundo os Censos Agrícolas de 2019, o Alentejo mantém a sua posição líder na produção extensiva de ruminantes, e em particular de bovinos de carne. Sendo estruturalmente uma região caraterizada por condições edafoclimáticas do tipo Mediterrâneo, a produção de alimentos forrageiros é determinante para a suplementação destes efetivos nos períodos de carência de pastagem. Contudo, esta realidade já dificultada pela constante revisão em alta dos preços dos fatores de produção face aos preços do produto, é ainda mais circunstanciada pela grande heterogeneidade meteorológica que se observa nos últimos anos, caraterizada pela redução drástica do regime de precipitação e ou concentração do mesmo em muito curtos períodos de tempo, e subida acentuada e prolongada da temperatura média do ar – condições que dificultam significativamente o regular desenvolvimento de culturas anuais de sequeiro e a realização das operações mecanizadas que lhes estão associadas. Neste contexto, o projeto ISOmap Forragem, dando continuidade aos trabalhos iniciados no projeto MechSmart Forages, tem vindo a demonstrar na Herdade da Comenda em Caia (Elvas) técnicas e modos alternativos na gestão de culturas forrageiras, muitas delas com aplicabilidade a outras culturas da região, tanto anuais como permanentes. Nas técnicas utilizadas, destaque para a sementeira direta, e na gestão destaque para a adoção de agricultura de precisão e para a norma ISO 1783 – ISOBUS em máquinas agrícolas. SEMENTEIRA DIRETA A opção de sementeira direta prende-se diretamente comduas ordens de razões: i) a redução dos custos de operação com ganhos importantes resultantes domenor consumo de combustível por hectare, e ii) a médio e longo prazo, na melhoria das condições de fertilidade e da condução da água no solo, resultantes de menor exposição a fatores de erosão, e da menor compactação resultante de um menor número de passagem de máquinas. Atendendo ao tipo de solos presente na parcela (Pag e Sr) de textura areno ou franco-arenosa, camada arável fina e percentagemmoderada de calhau rolado à superfície, o itinerário de sementeira direta após trabalhos de regularização do micro relevo do solo, teve início em 2017 ainda no projeto MechSmart (Figura1). No atual projeto ISOmap foram instaladas, tanto em 2021 como em 2022, culturas anuais consociadas de gramíneas e leguminosas e culturas em estreme, ambas dando preferência a espécies para cortes múltiplos assentes principalmente em variedades de azevém e triticale, quer pelo seu elevado valor nutricional e palatibilidade, Figura 1. Condição inicial da parcela que obrigou a trabalhos de espedrega para regularização do micro relevo superficial do solo e operação de sementeira direta. As operações de corte passaram a permitir eficiências de campo de 7,2 ha.h-1 fruto da conjugação de maior velocidade e largura de trabalho (9 m), esta garantida pela montagem de frentes de corte em barras de engate frontal e traseiro no trator.
AGRICULTURA DE PRECISÃO quer pela quantidade de produção de matéria seca. As culturas foram instaladas com doses de sementeira 10 a 15% superiores às recomendadas para as respetivas espécies, de forma a reduzir as perdas por emergência, e antes da sementeira procedeu-se a uma rega para falsa de emergência, de forma a permitir realizar uma operação de monda química a taxa variável, cujo processo se explica adiante. Nos ensaios realizados com diferentes conjuntos trator/máquina operadora constatou-seuma importantepoupança de combustível no trabalho realizado em faixas paralelas (6,7 litros por hectare medidos a partir da telemetria do trator) com a utilização de um semeador de sementeira direta de 3,0mde largura de trabalhoquando rebocadopor umtrator de 114 kW de potência máxima com transmissão de variação contínua (CVT) e auto condução apoiada num sensor GNSS, quando comparado como consumo de 23 litros por hectare ou de 30 litros por hectare realizado pelomesmo trator a trabalhar com uma grade de discos ou um chísel, respetivamente. Outras das diferenças observadas com a técnica de sementeira direta, prende-se com o menor número de danos mecânicos causados às máquinas de corte e processamento da forragem resultante da paragem das operações demobilização e da consequência que estas operações tinham no “levantar da pedra” no solo, danificando facas das gadanheiras e danos emmáquinas de enfardar. AGRICULTURADE PRECISÃO (AP) Com o projeto ISOmap Forragem tornou-se possível consolidar e demonstrar um modelo de adoção de AP assente em duas fases (Figura 2), i) Análise preparatória – coleta de dados à instalação da cultura e ii) Análise do ciclo de produção - coleta de dados no decurso do ciclo de produção, que ao invés da visão clássica do ciclo deste processo de adoção dispensa a necessidade de cartas de produtividade como ponto de partida. Fase i – Análise preparatória Nesta fase é importante conhecer a parcela no que respeita às caraterísticas topográficas e do solo que a constituem e à influência dos fatores meteorológicos locais. A avaliação do histórico dos dados meteorológicos com as previsões em campanha – nomeadamente dos valores de temperatura do ar, temperatura do solo e precipitação deve ter em conta a maior representatividade possível da área de produção de forma a avaliar a melhor combinação de parâmetros para, simultaneamente, determinar a data de sementeira e garantir uma boa emergência da cultura. O conhecimento do solo pode agora ser completado com a criação e uma carta de condutividade elétrica aparente (CEa) obtida por um sensor geoelétrico, que em paralelo permite a georreferenciação da parcela e a determinação do modelo digital do terreno. Em função das diferentes classes de CEa encontradas pode então ser feita uma amostragem inteligente para obtenção de amostras de solo que poderá conduzir à criação de zonas distintas para gestão diferenciada da cultura tanto à instalação como na gestão ao longo do ciclo de produção. Figura 2. Adoção e implementação de ummodelo de AP em duas fases: análise preparatória e ciclo de produção, com relevo para a necessidade do conhecimento dos dados meteorológicos e georreferenciados do solo na primeira, e dos dados georreferenciados da monitorização das culturas na segunda. 22
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