BA8 - Agriterra

e uma redução da emissão de CO2 de cerca de 728.000 kg/ano, gerando 76,25% da energia consumida no engarrafamento. Já no caso da lavagem e desinfeção das enchedoras e todas as tubagens de vinho utilizadas nas linhas, a The Fladgate Partnership utiliza o Cleaning in Place (CIP). as vantagens da sua utilização são evidentes. Não só permite poupanças de 80% na utilização de detergente como, durante os dias da semana, esse uso foi totalmente abandonado (usa-se apenas água quente). Por outro lado, permite a diminuição dos consumos de água na operação de lavagem das garrafas, assim como na operação de lavagemdo enchedor, tubagens e mangueiras em 70%. O que, feitas as contas, leva à diminuição do consumo energético associado às operações de lavagem. Isto a par de outras medidas relativamente simples, como a redução do comprimento e diâmetro das tubagens de massa, colocação de torneiras/pistolas de pressão na extremidade das mangueiras e adquiridos rodos para lavagem de chão e a aquisição de máquinas de lavar as caixas das uvas com recirculação de água possibilitou que o consumo de água diminuísse drasticamente. O que se reflete, depois, na quantidade de água necessária para produzir cada garrafa de vinho, que passou de 1,43 para 0,8 litros. O QUE DIZEM AS REGIÕES VITIVINÍCOLAS O Alentejo, com os Vinhos do Alentejo, foi a primeira região a criar um Programa de Sustentabilidade. Como revelou João Barroso, coordenador do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSA), o programa surgiu por uma identificação clara do que, no mercado externo, parecia ser uma falta de competitividade. Já em 2015 haviam muitos clientes a solicitarem dados referentes à sustentabilidade da região e dos seus vinhos. E era uma solicitação que não podia ser ignorada, dado que o Alentejo exporta cerca de 40% da sua produção de vinho. O lançamento oficial do programa deu-se em 2015 tendo, no primeiro ano, registado 90 inscrições. Hoje o Programa tem cerca de 500 membros (dos quais 100 são adegas) de um universo de cerca de 1.800 viticultores e 220 adegas existentes no Alentejo. Apesar de, oficialmente, não haver um programa de sustentabilidade desenvolvido pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP, IP), isto não significa que este não esteja a trabalhar no assunto. Como refere Gilberto Igrejas, presidente do Instituto dos Vinhos do Porto e Douro, o IVDP tem vindo a assinalar, pela sua importância, iniciativas e projetos que contribuem para o engrandecimento da Região Demarcada do Douro, fomentando a inovação nas práticas enológicas que incrementem a relevância dos vinhos, que colaboremna preservação da biodiversidade e na preocupação pela sustentabilidade. No ano passado, por exemplo, o Instituto levou a cabo ações públicas de consciencialização para a sustentabilidade, organizando iniciativas para divulgar conhecimento sobre o conceito na Região Demarcada do Douro, envolvendo as universidades e outras partes interessadas. Mas, talvez, o mais interessante seja a criação da Declaração pela Sustentabilidade. “Trata-se de umdocumento aberto aos mais diversos contributos, através de revisões periódicas, de modo que se torne um referencial dinâmico, reflita permanentemente as aspirações do tecido produtivo, a evolução perdurável do Território e o respeito pelas aspirações das suas gentes, servindo de orientação, sempre alicerçada na sustentabilidade, ao empreendedorismo que se pretende estimular, em prol do progresso económico”, explica Gilberto Igrejas. Para já, só uma região avançou com um Programa de Sustentabilidade. No entanto, e como aponta o presidente do IVDP, a tendência aponta para que as entidades certificadoras das denominações de origemde vinho portuguesas tenham um esquema de certificação de sustentabilidade adequado à sua região vitivinícola. Quanto à ação do IVDP, Gilberto Igrejas refere que o instituto está “neste momento a terminar um quadro de avaliação, o qual, após aperfeiçoamentos, constituirá a base para o desenvolvimento do referido esquema de certificação”. Esse é o caminho. Mesmo porque, como afirma João Barroso, a certificação já dá vantagem competitiva em vários mercados, mesmo porque o PSA neste momento “ombreia com os melhores projetos de sustentabilidade a nível mundial”, nomeadamente o Chile e a Califórnia que, na verdade, serviram de inspiração ao programa português. Já Gilberto Igrejas afirma desconhecer o impacto que pode ter nas exportações. No entanto, adianta que há “certeza quanto à importância que atualmente aspetos como a saúde, a proteção ambiental e a sustentabilidade têm enquanto impulsionadores e orientadores de compra para consumidores cada vez mais conscientes, aos níveis nacional e internacional”. n 63 VITICULTURA

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