CITRINOS EM PORTUGAL 52 parasitóide, mantendo aberta a possibilidade de usar outras estratégias de controlo. Desta forma, será possível diminuir o risco da chegada do HLB ao Algarve e dispor de armas para a sua mitigação. ESTRATÉGIAS FUTURAS DE CONTROLO O impacto da doença HLB na citricultura do Brasil e da Flórida foi distinto, tendo sido menor no Brasil, o que se deve ao facto de os produtores brasileiros terem respondido com maior prontidão e organização à ameaça da doença e do vetor presente naquele país, a psila-asiática-dos-citrinos, Diaphorina citri (Bassanezi et al., 2013). Com a organização dos produtores foi montado ummétodo de proteção que se demonstrou muito eficaz, a implementação de áreas de gestão fitossanitária. Nestas, as medidas de controlo são decididas e aplicadas numa ampla área geográfica que envolve várias explorações agrícolas e áreas vizinhas com plantas hospedeiras ou de refúgio da psila (Paiva et al., 2019). Estas áreas envolvem explorações agrícolas assim como proprietários não produtores que poderão ter plantas hospedeiras nos quintais. Nestas áreas de gestão fitossanitária faz-se a gestão fitossanitária em conjunto, monitorizando as pragas, identificando pontos críticos, focos de infeção, planeia-se em conjunto como proceder quanto a tratamentos fitossanitários, luta cultural, luta biológica, entre outras, disponibilizando-se os recursos conjuntos para combater um problema comum. Uma estratégia semelhante foi usada no Havai contra a mosca-da-fruta (Ceratitis capitata), onde fizeram largadas de machos estéreis, largadas de parasitoides e tratamentos conjuntos, tendo sido conseguido o controlo da praga numa área considerável e uma redução de 91% no número de frutos infestados com Ceratitis capitata, comparativamente a áreas onde não se aplicaram estas medidas (Vargas et al., 2010). Como a doença HLB é muito agressiva e não existe uma maneira efetiva de a combater, o combate ao vetor é fulcral. Além do programa de controlo biológico, é proibido movimentar qualquer material vegetal cítrico para fora da zona demarcada (Figura 3) e foram autorizados inseticidas para controlo do inseto, para minimizar a sua dispersão. n AGRADECIMENTOS: Tomás Magalhães é bolseiro de doutoramento da FCT (nº 2020.07798. BD); Beatriz Duarte é bolseira do projeto LIFE Vida for Citrus LIFE18 CCA/ ES/001109 e Rita Poeira é bolseira do projeto Pre-HLB (GA 817526: PRE-HLB). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Bassanezi, R.B., Montesino, L.H., Gimenes-Fernandes, N., Yamamoto, P.T., Gottwald, T.R., Amorim, L., Filho, A.B., 2013. Efficacy of area-wide inoculum reduction and vector control on temporal progress of huanglongbing in young sweet orange plantings. 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