OPINIÃO 79 • Investidores prontos e dispostos: o apoio financeiro dos investidores é crucial para o desenvolvimento e escala de novas ideias. Pensemos no caso da Mercedes-Benz. As raízes da empresa foram plantadas na década de 1880, um terreno fértil logo após o auge da revolução industrial, período marcado por rápidos avanços tecnológicos e mudanças sociais. Além disso, a ascensão de uma classe média rica criou um conjunto de capital pronto para ser investido em novos empreendimentos. Um momento de ruptura A inovação também requer um momento maduro para a interrupção. Isso envolve: • Uma visão forte e partilhada do futuro: os inovadores devem ter uma visão convincente que possa unir e inspirar as partes interessadas. • Captura da imaginação: a inovação deve ser cativante e capaz de envolver a imaginação do público. • Oportunidade de mercado: deve haver espaço para um novo participante se estabelecer no mercado. Na década de 1880, Carl Benz patenteou o primeiro automóvel que se movia a si próprio. A sua mulher, Bertha Benz, e os seus dois filhos reconheceram a sua capacidade de atracção global, como diríamos hoje, e fizeram uma viagem de 60 quilómetros de Mannheim a Pforzheim para demonstrar o potencial do carro. Esse golpe publicitário ousado capturou a imaginação do público. Para os curiosos, o nome Mercedes surgiu muito mais tarde quando a marca começou a expandir-se, mas isso é outra história. Como havia espaço no mercado, Benz conseguiu aproveitar a oportunidade. Execução eficaz Uma vez que ocorre o momento de ruptura, é crucial proteger e espalhar a inovação para garantir mudanças duradouras. Isto exige: • Consolidação numa oferta coerente: a inovação deve ser concretizada num produto ou serviço fácil de entender e usar. • Adoção rápida: a inovação deve espalhar-se rapidamente para ganhar uma posição no mercado. • Produção escalável: a capacidade de produção deve ser capaz de se escalar para atender à crescente procura. Emergindo da Revolução Industrial, a empresa de Benz tornou-se um dos principais fabricantes de automóveis. Hoje, a Mercedes-Benz é uma marca de luxo proeminente, com uma receita anual de 153 mil milhões de dólares. O automóvel reformulou a vida humana, revolucionando o transporte e a indústria nas suas várias derivações, tais como veículos ligeiros, de carga, de passageiros e até militares. No entanto, também contribuiu significativamente para a ascensão das emissões de carbono, levando-nos à atual crise climática. Agora a humanidade enfrenta outro momento crítico, precisando de uma nova onda de inovação para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e da transição energética. A inovação tecnológica está no centro da transição energética. Os avanços em fontes de energia sustentáveis, armazenamento de energia e tecnologias de grade inteligente são cruciais - mas mais as inovações na capacidade de descarbonizar grandes mercados industriais. O crescente movimento de ‘gás residual para valorizar’, por exemplo, é um desenvolvimento particularmente interessante, pois pode reduzir e reutilizar radicalmente as emissões de carbono/CO2 em grande escala. A inovação tecnológica é o primeiro passo à frente, mas outros factores serão necessários, como demonstraram exemplos históricos. As políticas governamentais de apoio e a aceitação social são cruciais para acelerar a transição para a energia limpa. Incentivos e subsídios do governo, como incentivos fiscais e subsídios para projectos de energia renovável, tornam esses empreendimentos mais viáveis financeiramente. Os mecanismos para compensar e quantificar o custo da economia de carbono, como impostos sobre carbono e sistemas de cap-and-trade, também podem
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