BA19 - Agriterra

ENTREVISTA 16 as grandes dificuldades por que está a passar a cultura da pêra-rocha, que não consegue erradicar nem controlar a doença do fogo bacteriano, em face das restrições impostas pela regulamentação europeia, nomeadamente o Green Deal, que limita muito o uso de pesticidas na agricultura. Finalmente, o último tema trazido ao congresso foi o da comunicação. Por se sentir que o setor agrícola tem, em geral, dificuldade em comunicar para a opinião pública as suas externalidades positivas, a organização do congresso convidou uma especialista em comunicação, Carla Rocha, completamente externa ao setor, para abordar esta temática. A oradora defendeu a ideia de que a mensagem é tanto mais percebida pela opinião pública quanto mais simples for. Os intervenientes no debate que se seguiu foram unânimes em considerar que o setor agrícola ainda tem de fazer um percurso longo neste domínio, mas não deixaram de dar exemplos de boas práticas e de sucessos já alcançados em alguns setores da produção de alimentos. Que principais conclusões se podem retirar do evento a nível de desafios e oportunidades do regadio nacional no setor agrário? Como conclusões principais deste X Congresso Nacional de Rega e Drenagem pode-se apontar a grande preocupação do setor nas decisões que venham a ser tomadas pelo poder político acerca da gestão futura dos recursos hídricos e do planeamento estratégico do regadio em Portugal. Nesse sentido, existe alguma expetativa para perceber o que o governo atual vai decidir e implementar neste domínio, a partir do relatório que o grupo de trabalho ‘Água que Une’ irá produzir até ao final do corrente ano. Outra conclusão é a necessidade de formação contínua dos agricultores e dos técnicos para o uso da multiplicidade de ferramentas da designada agricultura de precisão, postas à disposição do agricultor para ser mais eficiente no uso dos recursos e mais produtivo. Outra conclusão que me parece evidente, considerando as diversas formas de olhar para as condições em que o setor agrícola europeu produz alimentos, é a de que as políticas e as estratégias devem ser pensadas com a participação dos agricultores através das suas organizações representativas. A proteção do ambiente e a defesa da biodiversidade não devem estar de costas voltadas para a agricultura, que produz os alimentos necessários a todos. Neste sentido, o diálogo estratégico idealizado pela presidente da Comissão Europeia é muito bem-vindo. O que revelam os trabalhos técnicos e científicos apresentados, ao nível de tendências na agricultura? Qual é o atual papel da tecnologia e da inovação na gestão da rega e do regadio? A maior parte dos trabalhos científicos e técnicos apresentados durante o congresso têm um escopo comum, que é o de proporcionar ferramentas que auxiliem o setor agrícola a ser cada vez mais eficiente na utilização dos recursos e na proteção do meio ambiente. Mencionou-se, entre outros assuntos, o uso das previsões meteorológicas na rega de determinadas culturas, a disposição de painéis fotovoltaicos para apoio da rega, serviços de apoio à decisão na rega, proteção dos recursos hídricos em determinados agroecossistemas, o potencial de reutilização de águas residuais em contexto agrícola, soluções baseadas na natureza e Living Labs para reutilização da água em meio rural, qualidade da água da rega. Outros trabalhos, noutra perspetiva, mostraram, por exemplo, o sucesso do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), com a apresentação dos ‘grandes números’, o desafio da gestão hídrica em cenários climáticos futuros, a necessidade da implementação de um simplex ao nível do licenciamento dos recursos hídricos, dada a excessiva burocratização existente, ou mesmo o desafio da implementação de uma rede nacional da água. Mesa Redonda 'Regadio, Inovação e Tecnologia'. A proteção do ambiente e a defesa da biodiversidade não devem estar de costas voltadas para a agricultura, que produz os alimentos necessários a todos

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