ENTREVISTA 15 O X Congresso Nacional de Rega e Drenagem foi um sucesso nestas duas modalidades, com excelentes apresentações dos oradores e comentadores convidados, que proporcionaram uma viva troca de impressões e de pontos de vista. No que se refere aos projetos dinamizados pela academia sentiu-se a preocupação das escolas que promovem o ensino agrário de estudar novas vias que conduzam a uma utilização da água na agricultura cada vez melhor, mais sustentável e sem esquecer a produtividade. Finalmente, e sendo o congresso um encontro entre especialistas, empresas relacionadas com a rega, academias e agricultores, realço a importância de se ter proporcionado o debate e o diálogo entre todas as partes, mantendo um networking muito interessante. Quais foram as temáticas mais debatidas pelos três keynotes e demais oradores, no âmbito das áreas em análise: Alterações Climáticas; Gestão Integrada da Água; Inovação e Tecnologia; e Comunicação? O congresso foi dividido nestas quatro áreas temáticas, iniciando-se a apresentação de cada tema com a intervenção de especialistas convidados. Na primeira sessão, em que se abordou a gestão integrada da água, coube ao consultor Pedro Serra a intervenção inicial, na qual, como profundo conhecedor destas matérias, defendeu a gestão integrada dos recursos hídricos em modelos de empreendimentos de fins múltiplos, dando como exemplo de sucesso o caso de Alqueva. Defendeu ainda a necessidade da construção de um quadro legislativo que possa absorver a realidade atual. Na mesa-redonda que se seguiu, foi realçada a necessidade de desburocratizar e simplificar o licenciamento na área dos recursos hídricos, bem como a continuação das obras de reabilitação e modernização dos aproveitamentos hidroagrícolas, com o objetivo de reduzir as perdas de água. Foi defendida ainda a atualização da legislação, nomeadamente o Regime Jurídico das Obras dos Aproveitamentos Hidroagrícolas, adaptando-a à realidade atual. O diretor-geral de Agricultura deu nota que o PDR2020 já tinha uma taxa de execução de 96%, faltando apenas executar os restantes 4% em 2025. Na parte da tarde abordou-se o tema da Inovação e Tecnologia, com apresentações iniciais do professor José Maria Tarjuelo, da Universidade de Castilla La Mancha e do Investigador Joan Girona, do IRTA. O primeiro falou da importância dos dados e dos diversos instrumentos digitais de apoio à decisão no meio agrícola, com especial enfoque na monitorização e na racionalização da utilização da água na rega das culturas. Com muito trabalho de investigação no tema do uso eficiente da água na agricultura, Joan Girona destacou a evolução da eficiência dos sistemas de rega, na medida em que fornecem cada vez mais informação detalhada do estado hídrico das plantas. Advertiu também para a necessidade de se conseguir um equilíbrio entre a informação que o agricultor obtém através das várias ferramentas de que dispõe e a observação que faz no campo. Na mesa-redonda que se seguiu, os vários intervenientes destacaram que a transformação digital da agricultura precisa de mais literacia e capacitação dos agricultores, apontando o papel crucial da academia neste domínio. No segundo dia do congresso, o professor Miguel Miranda, antigo presidente do IPMA, deu uma lição magistral sobre as consequências das alterações climáticas, advertindo para que se deve começar a pensar no cenário mais pessimista, o RCP8.5 [que representa um nível mais alto de emissões e um cenário de mudança climática mais severo]. Enalteceu, no entanto, o percurso feito pela agricultura e pelos agricultores nos últimos anos, sobretudo em Portugal. A mesa-redonda sobre este tema manteve um debate muito vivo, onde se confrontaram duas visões opostas, uma mais na perspetiva da proteção do ambiente e da biodiversidade e outra pondo ênfase na produção e na produtividade das culturas. Neste ponto, e decorrendo o congresso em Alcobaça, foram bastante evidenciadas Mesa Redonda 'Água, Agricultura a Ambiente - Uma abordagem Integrada da Gestão da Água'. Segundo o diretor geral de Agricultura, o PDR2020 tem uma taxa de execução de 96%, faltando apenas executar os restantes 4% em 2025
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