2024/5 19 / stet.pt 800 206 707 JUNTOS CONSTRUÍMOS O FUTURO STET REALIZA OPEN DAY DE SUCESSO NA MAIA Saiba como podemos impulsionar o seu negócio. Contacte-nos! Publicidade Agriterra Nov2024 Open Day bleed.pdf 1 22/11/2024 12:17:17 Preço:11 € | Periodicidade: 5 edições por ano Novembro 2024 - Nº19
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SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Gabriela Costa Equipa Editorial Gabriela Costa, Alexandra Costa, Ángel Pérez, Alejandro de Vega Marketing e Publicidade Frederico Mascarenhas e Hélder Marques redacao_agriterra@interempresas.net www.agriterra.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 55 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127451 Déposito Legal 471809/20 Distribuição total +5.300 envios Distribuição digital a +4.200 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel Edição Número 19 – Novembro de 2024 Estatuto Editorial disponível em www.agriterra.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Agriterra adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 6 EDITORIAL 7 Portugal prepara participação na Grüne Woche em 2025 9 Os prémios ‘Corteva Distinção' visaram homenagear entidades e pessoas ligadas ao setor agrícola 10 “A agricultura de precisão é crucial” 12 Entrevista a Gonçalo Morais Tristão, presidente do COTR 14 Campanha de citrinos 2023/24 aumenta 30% 20 Algarve será o anfitrião do 17° Congresso Internacional de Citrinos em 2032 23 Aplicação de diferentes tratamentos para a redução do crescimento vegetativo em limoeiros, uma medida de controlo de Trioza erytreae 24 Entrevista a Paulo Ribeiro, diretor comercial da STET 30 Javier Lodares, novo diretor comercial das marcas New Holland e Case IH Iberia 55 AdvisoryNetPEST estabelece redes nacionais de técnicos de aconselhamento agrícola 56 Kiwicoop ensaia produtos Syngenta Biologicals e apresenta resultados 58 Syensqo lança Agrhea LifeXtend Plus para potenciar formulações biológicas e sustentáveis 60 Biome Makers e Food4Sustainability parceiras na aceleração da saúde do solo 62 John Deere: Agricultura de precisão flexível para todos 64 Produção agrícola europeia diminuiu ligeiramente em 2023 66 Estão abertas as inscrições para a 5ª edição do Programa TalentA 68 Produção de azeite pode aumentar 15% nesta campanha 69 ACAP anuncia crescimento ligeiro das vendas de tratores agrícolas 70 Galp e ISA anunciam o seu primeiro projeto agrovoltaico em Portugal 72 O alvorecer da agricultura solar fotovoltaica 74 Zero emissões líquidas no mundo real: linhas de orientação 78 35 DOSSIER MAQUINARIA AGRÍCOLA As últimas novidades em equipamentos agrícolas
6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE PEPAC flexibiliza datas de conclusão dos projetos PDR2020 Ao aproximar-se o encerramento do PDR2020, no próximo ano, a autoridade de gestão do PEPAC no continente, ciente das dificuldades manifestadas por alguns beneficiários na conclusão de projetos cujo prazo de execução contratado é inferior ao previsto na Portaria da respetiva medida, anunciou que irá proceder à flexibilização das datas de conclusão dos projetos sem a necessidade de submissão de um Pedido de Alteração (PALT). “Os prazos de conclusão dos projetos em curso no âmbito das Operações PDR2020 cujo prazo de execução contratado é inferior ao previsto na Portaria da respetiva medida serão prorrogados de acordo com os prazos definidos nas portarias de cada medida, até ao limite máximo de 15.06.2025”, pode ler-se em comunicado. Já os prazos de conclusão de alguns projetos em curso no âmbito das Operações PDR2020, devido às respetivas especificidades, serão prorrogados até 31.03.2025. Esta nova medida de gestão será implementada até ao final do corrente ano e o beneficiário não terá que submeter nenhum documento ou proceder a nenhuma ação. Quando o seu projeto for abrangido por esta atualização automática dos prazos de conclusão dos projetos será notificado por esta Autoridade de Gestão, explica a mesma. Portugal Fresh defende papel das organizações de produtores A 18.ª Conferência Internacional de Organizações de Produtores de Frutas e Legumes (ICOP) decorreu no Algarve e a Portugal Fresh deixou a mensagem: “maior escala e poder negocial só são possíveis com mais organização do setor”. Durante três dias, 140 delegados de 17 países estiveram reunidos em Vilamoura, no Algarve, para debater e refletir sobre as últimas tendências do setor das frutas e legumes. A 18.ª Conferência Internacional de Organizações de Produtores de Frutas e Legumes (ICOP) juntou representantes do setor das frutas e legumes de diversos países europeus. O evento decorreu no Algarve e a Portugal Fresh deixou a mensagem: “maior escala e poder negocial só são possíveis com mais organização do setor”. A iniciativa é promovida anualmente pela empresa austríaca de consultoria gfa-consulting gmbh (fundadora do ICOP) e contou com a coorganização da Portugal Fresh, da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas e da CCDR Algarve. Esta foi a segunda vez que a conferência ICOP decorreu em Portugal. O ICOP tem como objetivo debater as mais recentes tendências económicas e políticas, promover o intercâmbio entre produtores e divulgar o setor hortofrutícola europeu. Além de debates, incluiu visitas a organizações de produtores.
7 Comissão anuncia medidas de apoio a catástrofes climáticas em Portugal A Comissão Europeia tomou novas medidas para apoiar os Estadosmembros afetados por catástrofes sem precedentes relacionadas com o clima. A Comissão Europeia propõe alterações a três regulamentos da UE para assegurar que os fundos europeus possam ser rapidamente mobilizados para apoiar a recuperação pós-catástrofe, tal como anunciado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante a sua visita à Polónia em 19 de setembro de 2024. As alterações dizem respeito aos regulamentos que regem o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e o Fundo Social Europeu Mais (FSE+), para o período de programação de 20212027, bem como o regulamento do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) no âmbito do quadro para 2014-2022. Estas propostas são a resposta direta aos incêndios florestais que assolaram Portugal em setembro de 2024 e às inundações que afetaram os países da Europa Central e Oriental. Ambas as propostas, na sua totalidade, possibilitarão a sete Estadosmembros (Polónia, Roménia, Áustria, Chéquia, Hungria, Portugal e Eslováquia) mobilizar cerca de 18 mil milhões de euros (cerca de 17,7 mil milhões de euros ao abrigo do FEDER e do FSE+ e 588 milhões de euros ao abrigo do FEADER) para apoio no contexto de catástrofes relacionadas com o clima. As medidas garantirão igualmente a possibilidade de apoio flexível da UE aos Estados-membros afetados por futuras catástrofes desta natureza. EDITORIAL O setor agrícola em Portugal despede-se de 2024 com um dinamismo promissor que não descarta a necessidade de responder aos (muitos) desafios que enfrenta. Entre inúmeros eventos promovidos neste último trimestre, o regadio foi a temática em destaque no X Congresso Nacional de Rega e Drenagem, onde empresários e agricultores manifestaram a sua preocupação relativamente à gestão futura dos recursos hídricos e do planeamento estratégico do regadio. No evento organizado pelo COTR foi apresentada a Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio, cujas prioridades Gonçalo Morais Tristão destaca, em entrevista. Também a Fenareg debateu, no final de novembro, a modernização e o futuro do regadio em Portugal. Na 15ª edição das suas jornadas, dedicadas à ‘Resiliência Hídrica’ e que contaram com a presença do ministro da Agricultura e Pescas, a Federação apresentou um estudo sobre o ‘Financiamento para o Regadio no Horizonte 2030’, matéria de que daremos conta na primeira edição de 2025 da Revista Agriterra. No âmbito do ‘Dossier Maquinaria Agrícola’, onde lhe damos a conhecer as últimas novidades em equipamentos agrícolas, destaque para mais um evento, desta feita o Open Day STET. Em entrevista à margem do encontro com clientes e colaboradores, realizado na sede da representante da Caterpillar em Portugal, o diretor comercial da STET revela as novidades da empresa para o setor agrícola e florestal. Já a Kubota deu a conhecer no seu 50º aniversário, celebrado em Tarragona, importantes lançamentos e os planos estratégicos da empresa. Bruno Pignatelli, gerente da Tratores Ibéricos, comenta a presença da marca no mercado português com “uma gama muito completa”. O Algarve será o anfitrião do 17° Congresso Internacional de Citrinos em 2032, setor cuja campanha 2023/24 regista um acréscimo na produção na ordem dos 30%. Isto, “apesar das dificuldades”, analisa a AlgarOrange nesta edição. Descubra ainda o potencial da investigação tecnológica que alimenta os projetos que lhe apresentamos no Dossier ‘Fertilizantes e Aditivos Biológicos’. Boas festas e Feliz 2025! Agripremissas para um futuro promissor
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Campanha mundial de pistácios aumenta 40% para 1,1 milhões de toneladas A campanha mundial de pistácios 2023/2024 aumentou 40% para um volume recorde de 1,1 milhões de toneladas de pistácios com casca. Apesar do declínio na Turquia, a produção de pistácios com casca aumentou 70% nos EUA e no Irão, compensando assim o volume total, diz um relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Com o aumento da produção dos principais exportadores, as vendas mundiais cresceram quase 55% em relação ao ano anterior, para um recorde de 634 mil toneladas exportadas. Também o consumo aumentou mais 30%, para um recorde de 1 milhão de toneladas. Potenzia é o novo importador da Massey Ferguson A Potenzia é o importador oficial da Massey Ferguson em Portugal. Vocacionada para equipamentos, serviços e soluções para o mercado agrícola, a nova empresa aposta em inovação, distribuição mista e expansão para fortalecer a marca no mercado agrícola. Fundada em 2024, a Potenzia, com sede nas Caldas da Rainha e liderada por Arnaldo Sapinho, afirma- -se no mercado com uma equipa experiente e um compromisso com a inovação e a sustentabilidade. No evento inaugural a empresa apresentou um modelo de negócio centrado numa distribuição mista, com atuação direta em zonas estratégicas como Évora, Beja e Oeste, e uma forte parceria com concessionários no restante território. Perante uma plateia de mais de 70 participantes, a Potenzia deu a conhecer os planos da empresa, incluindo como importador oficial da Massey Ferguson em Portugal, prometendo elevar a quota de mercado da marca do Grupo Agco, que é uma das principais marcas de equipamentos agrícolas a nível mundial. Durante o evento a empresa anunciou ainda que vai promover eventos como o MF eXperience Tour em 2025 e expandir o seu portfólio com novos equipamentos e tecnologias agrícolas. A Potenzia aposta em soluções abrangentes, como financiamento, aluguer operacional e formação, com vista a contribuir para a profissionalização do setor. Consulai disponível para elaborar candidaturas em investimento agrícola Estão abertas as candidaturas às medidas de investimento produtivo agrícola (modernização) e investimento agrícola para melhoria do desempenho ambiental, do PEPAC. A Consulai pode ajudar a preencher a candidatura. A Consulai anunciou que já se encontra disponível a Portaria n.º 274/2024/1, que estabelece o regime de apoios das medidas do PEPAC 2023-2027, C.2.1.1 | Investimento Produtivo Agrícola – Modernização e C.2.1.2 | Investimento Agrícola para Melhoria do Desempenho Ambiental A área geográfica abrangida é Portugal Continental e os beneficiários são pessoas ou entidades coletivas que exerçam atividade agrícola O investimento total é superior a 50 mil euros (à exceção dos territórios não abrangidos por Estratégias de Desenvolvimento Local) e os apoios são concedidos sob a forma de subvenção não reembolsável. Fotos: DR.
9 EVENTOS Portugal prepara participação na Grüne Woche em 2025 A Semana Verde de Berlim, ou Grüne Woche, decorre entre 17 e 26 de janeiro de 2025. Portugal está a preparar a participação. A importância da Feira Grüne Woche para a promoção dos produtos tradicionais portugueses no setor agroalimentar esteve recentemente em debate, numa sessão online promovida pela organização da feira no dia 30 de outubro. Jan Bergmann, da organização, falou sobre a importância global da feira, do seu papel na abordagem das questões agrícolas e do programa Startup Days, destinado a ligar inovadores a investidores. Destacou os benefícios para os expositores portugueses, incluindo o reforço da imagem internacional do país, a promoção de produtos locais e a apresentação de práticas sustentáveis. “Ao participar, Portugal pode mostrar os seus produtos e tradições agrícolas a um vasto público internacional, reforçando a sua imagem como um país rico em diversidade culinária e agrícola”, explicou Jan Bergmann. Acrescentou que “os produtos portugueses poderão ganhar reconhecimento e acesso a novos mercados através desta participação”, porque o certame atrai numerosos visitantes e compradores internacionais, “oferecendo uma excelente oportunidade de estabelecer relações de exportação a longo prazo”. A feira é também uma “plataforma para as delegações políticas e associações expandirem as relações comerciais e aprofundar o conhecimento entre Portugal e outros países. Este facto pode trazer benefícios a longo prazo para o comércio e o desenvolvimento económico do setor”, defende Jan Bergmann. Por outro lado, o certame proporciona aos produtores portugueses a oportunidade de apresentarem os seus produtos - desde o azeite e vinho, marisco e queijo, a um público internacional. “Isto permite-lhes encontrar novos parceiros comerciais, aumentar a procura e comercializar os seus produtos de forma eficaz”, detalha o responsável pela organização. Além disso, “ao apresentar as especialidades locais e os destaques culturais, Portugal pode também promover o interesse nas suas ofertas turísticas. Os visitantes que provam os produtos portugueses na feira podem ser inspirados a considerar o país como um destino de viagem”. Finalmente, a Grüne Woche “é também um local de partilha de práticas agrícolas sustentáveis. Os expositores portugueses podem mostrar as suas inovações e avanços em áreas como a produção ecológica, pescas, biodiversidade e energias renováveis, posicionando-se como líderes em comportamentos sustentáveis”. Durante a sessão de perguntas e respostas, Anna Lisa Löcke, da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, facilitou o debate sobre os preços e o apoio financeiro, tendo Jan Bergmann e Barbara Würschmidt manifestado a sua disponibilidade para atender a necessidades específicas e salientado o valor dos pacotes de media para a visibilidade. A reunião terminou com o compromisso de apoiar os expositores portugueses na preparação de eventos futuros, nomeadamente a celebração do aniversário de 2026. n GRÜNE WOCHE 2024 - Área de exposição: 119 mil m2 - Expositores: 1.400 provenientes de 60 países - Visitantes: 300 mil visitantes e participantes no congresso, durante 10 dias, incluindo 51 mil visitantes profissionais. Copyright: Messe Berlin GmbH.
10 EVENTOS Corteva reúne mais de 800 agricultores para debater importância da inovação contínua para a rentabilidade 'Mercados Agrícolas e Conjuntura Atual’, ‘PAC (Política Agrícola Comum): Objetivos, Evolução e Tendências’ e ‘O Novo Desafio na Proteção das Culturas’ foram os temas em destaque. A Corteva Agriscience, empresa líder no setor agrícola em tecnologia aplicada a sementes, proteção de culturas e agricultura digital, realizou em Santarém o seu III Fórum Corteva e o seu V Fórum Pioneer Indoor, um evento que ocorre a cada dois anos e que já se tornou numa referência para os principais players do setor da agricultura extensiva em Portugal. Javier Lopez, Portugal business manager da Corteva Agriscience.
11 EVENTOS Na edição deste ano, os temas em destaque foram os ‘Mercados Agrícolas e Conjuntura Atual’, ‘PAC (Política Agrícola Comum): Objetivos, Evolução e Tendências’ e ‘O Novo Desafio na Proteção das Culturas’. No discurso de boas-vindas protagonizado por Luís Grifo, diretor comercial Pioneer Hi-Bred Portugal da divisão de sementes da Corteva Agriscience, bem como na sessão de abertura levada a cabo por Nuno Russo, vereador da Câmara Municipal de Santarém, e Manuel Melgarejo, country leader da Corteva Agriscience Iberia, a situação mundial, fortemente afetada pelos conflitos na Europa e no Médio Oriente, foi apontada como um dos principais drivers para um contexto volátil e em constante mudança. Esta situação exige que os profissionais de qualquer setor, especialmente os da agricultura, se mantenham permanentemente ligados à realidade do mercado e disponham de um nível de informação verdadeiramente notável. Este fórum desenvolveu-se em dois grupos de debate. O primeiro, sob o tema ‘Mercados Agrícolas e Conjuntura Atual’, contou com uma apresentação de Francisco Caldeira do GPP sobre Mercados Agrícolas, seguida de uma mesa-redonda moderada por Pedro Santos, da CONSULAI, e na qual participaram Jaime Piçarra, do IACA, Francisco Pavão, da APPITAD, Sónia Vieira, da ViniPortugal, e Domingos dos Santos, da FNOP. Paralelamente, contou também com a intervenção de Eduardo Diniz, diretor geral do GPP, sobre ‘PAC (Política Agrícola Comum): Objetivos, Evolução e Tendências’. O segundo grupo, subordinado ao tema ‘O Novo Desafio na Proteção das Culturas’, contou com uma apresentação de João Cardoso, diretor executivo da Croplife, sobre ‘O impacto económico da retirada de substâncias ativas, balanço e soluções futuras’, seguida de uma mesa-redonda moderada por José Diogo Albuquerque, diretor do Agroportal, e na qual participaram Ana Paula Garcia, sub-diretora geral da DGAV, João Coimbra, da Quinta da Cholda, Filipe Ribeiro, da Associação Nacional da Pera Rocha, e António Saraiva, da Portugal Nuts. A jornada de trabalhos seria concluída por Javier Lopez, Portugal business manager da Corteva Agriscience, e Clara Serrano, south Europe commercial leader da Corteva Agriscience. Finalmente, e já no decorrer do almoço de networking, houve lugar à atribuição dos prémios ‘Corteva Distinção',, que visaram homenagear entidades e pessoas ligadas ao setor agrícola que, pela sua atividade e percurso profissional, muito contribuíram para a valorização desta atividade económica. Os diferentes patrocinadores (Forte, Tecniferti e Irricampo) aproveitaram a ocasião para apresentar as suas mais recentes novidades. O evento terminou com um magusto apoiado pela Câmara Municipal de Santarém e uma prova de vinhos do Tejo patrocinada pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho. n Manuel Melgarejo, Country Leader da Corteva Agriscience Iberia.
12 EVENTOS “A agricultura de precisão é crucial” A 15ª Edição das Jornadas Fenareg | Encontro Regadio 2024, realizada nos dias 26 e 27 de novembro, no Fundão, debateu a modernização e o futuro do regadio em Portugal. Na sessão de abertura o ministro da Agricultura e Pescas considerou que a agricultura de precisão é crucial para melhorar a eficiência no setor. Gabriela Costa A Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg) realizou mais uma Jornada, desta vez dedicada à ‘Resiliência Hídrica’. Durante a conferência a Fenareg apresentou um estudo sobre o ‘Financiamento para o Regadio no Horizonte 2030’ que identifica o valor necessário a investir em Portugal até 2030 na modernização do regadio, defendendo que o mesmo é “uma componente vital da estratégia nacional da água e da qual depende vastamente a sustentabilidade e a segurança alimentar do país”. O encontro destacou também a iniciativa ‘Água que Une’ (que inclui também o Plano Rega), a qual constitui “uma importante oportunidade de reflexão sobre o setor a respeito dos investimentos disponíveis e dos principais desafios a ultrapassar, num esforço conjunto de se alicerçar uma estratégia nacional para a água”, considera a federação. A água é “um recurso escasso que Portugal tem em abundância, mas que urge gerir para assegurar o futuro do país, das regiões e das populações”, alerta. A este propósito, José Manuel Fernandes proferiu, perante uma audiência de profissionais do setor, que este “é um projeto nacional”, que o ministro considera “que será dos mais estruturantes que temos, porque vai permitir não só coesão territorial, como competitividade, mas também defesa do ambiente”. RESILIÊNCIA HIDROAGRÍCOLA É ESTRATÉGICA Num primeiro dia de conferência que reuniu mais de 20 oradores, distribuídos por palestras e mesas-redondas, houve lugar para uma mesa-redonda subordinada ao tema ‘Resiliência Hídrica, é possível?’ e uma outra que juntou os presidentes das várias Câmaras Municipais que integram o ‘Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira’, assinalando a relevância das regiões no contexto da estratégia nacional da água e da rega. Foram também apresentados alguns dos projetos mais emblemáticos de aproveitamento hidroagrícola da região. Já no dia 27 de novembro destaque para a realização da Assembleia Geral da Fenareg, de uma sessão técnica sobre os Sistemas de Rega e o Uso Eficiente da Água, e uma visita à Barragem da Meimoa. As jornadas foram organizadas pela Fenareg, em colaboração com a Associação de Beneficiários da Cova da Beira, e reuniram as entidades gestoras dos aproveitamentos hidroagrícolas de todo o país - que representam cerca de 98% do regadio coletivo público -, as autoridades do setor e os agricultores da região num grande debate nacional em torno da Resiliência Hídrica, “num momento particularmente relevante para o setor, dada a convergência da reformulação e/ou lançamento de vários dossiers e iniciativas sobre temas essenciais, e que são o alicerce da agricultura”, divulgou a organização. Neste momento estão em fase de conclusão o PDR2020 e viabilidade de nova fase de investimentos; está em curso a reprogramação do PRR no contexto do regadio público nacional; a elaboração de um novo plano de armazenamento e de distribuição eficiente da água para a agricultura portuguesa; e está prevista a abertura dos investimentos do PEPAC para janeiro de 2025; bem como a reformulação orçamental da PAC e a discussão sobre a possível criação de novos fundos europeus destinados ao tema da água na UE. n “Ao contrário do que as pessoas pensam, temos hoje uma agricultura onde a robótica, a inteligência artificial e a conectividade estão lá” – José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura
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ENTREVISTA 14 GONÇALO MORAIS TRISTÃO, PRESIDENTE DO COTR “As políticas e estratégias devem ser pensadas com a participação dos agricultores através das suas organizações representativas” O X Congresso Nacional de Rega e Drenagem reuniu entre 13 e 15 de novembro, em Alcobaça, especialistas, empresários, académicos e agricultores, revelando “a grande preocupação do setor nas decisões que venham a ser tomadas acerca da gestão futura dos recursos hídricos e do planeamento estratégico do regadio”, como sublinha Gonçalo Morais Tristão, presidente do COTR. Gabriela Costa Que balanço faz do X Congresso Nacional de Rega e Drenagem a nível de afluência e participação nacional e internacional, networking e mobilização dos profissionais do setor para o objetivo de “melhorar o uso e gestão da água de rega”? Neste tipo de eventos o COTR pretende promover o debate sobre temas atuais referentes ao regadio em geral, trazendo para o palco especialistas de várias áreas que possam apresentar as suas perspetivas e o seu conhecimento acerca das várias matérias. O COTR tem incentivado também as várias universidades e politécnicos com ensino agrário a fazerem apresentações dos seus projetos dedicados aos temas da rega e do regadio nestes eventos. Gonçalo Morais Tristão, presidente do COTR - Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio.
ENTREVISTA 15 O X Congresso Nacional de Rega e Drenagem foi um sucesso nestas duas modalidades, com excelentes apresentações dos oradores e comentadores convidados, que proporcionaram uma viva troca de impressões e de pontos de vista. No que se refere aos projetos dinamizados pela academia sentiu-se a preocupação das escolas que promovem o ensino agrário de estudar novas vias que conduzam a uma utilização da água na agricultura cada vez melhor, mais sustentável e sem esquecer a produtividade. Finalmente, e sendo o congresso um encontro entre especialistas, empresas relacionadas com a rega, academias e agricultores, realço a importância de se ter proporcionado o debate e o diálogo entre todas as partes, mantendo um networking muito interessante. Quais foram as temáticas mais debatidas pelos três keynotes e demais oradores, no âmbito das áreas em análise: Alterações Climáticas; Gestão Integrada da Água; Inovação e Tecnologia; e Comunicação? O congresso foi dividido nestas quatro áreas temáticas, iniciando-se a apresentação de cada tema com a intervenção de especialistas convidados. Na primeira sessão, em que se abordou a gestão integrada da água, coube ao consultor Pedro Serra a intervenção inicial, na qual, como profundo conhecedor destas matérias, defendeu a gestão integrada dos recursos hídricos em modelos de empreendimentos de fins múltiplos, dando como exemplo de sucesso o caso de Alqueva. Defendeu ainda a necessidade da construção de um quadro legislativo que possa absorver a realidade atual. Na mesa-redonda que se seguiu, foi realçada a necessidade de desburocratizar e simplificar o licenciamento na área dos recursos hídricos, bem como a continuação das obras de reabilitação e modernização dos aproveitamentos hidroagrícolas, com o objetivo de reduzir as perdas de água. Foi defendida ainda a atualização da legislação, nomeadamente o Regime Jurídico das Obras dos Aproveitamentos Hidroagrícolas, adaptando-a à realidade atual. O diretor-geral de Agricultura deu nota que o PDR2020 já tinha uma taxa de execução de 96%, faltando apenas executar os restantes 4% em 2025. Na parte da tarde abordou-se o tema da Inovação e Tecnologia, com apresentações iniciais do professor José Maria Tarjuelo, da Universidade de Castilla La Mancha e do Investigador Joan Girona, do IRTA. O primeiro falou da importância dos dados e dos diversos instrumentos digitais de apoio à decisão no meio agrícola, com especial enfoque na monitorização e na racionalização da utilização da água na rega das culturas. Com muito trabalho de investigação no tema do uso eficiente da água na agricultura, Joan Girona destacou a evolução da eficiência dos sistemas de rega, na medida em que fornecem cada vez mais informação detalhada do estado hídrico das plantas. Advertiu também para a necessidade de se conseguir um equilíbrio entre a informação que o agricultor obtém através das várias ferramentas de que dispõe e a observação que faz no campo. Na mesa-redonda que se seguiu, os vários intervenientes destacaram que a transformação digital da agricultura precisa de mais literacia e capacitação dos agricultores, apontando o papel crucial da academia neste domínio. No segundo dia do congresso, o professor Miguel Miranda, antigo presidente do IPMA, deu uma lição magistral sobre as consequências das alterações climáticas, advertindo para que se deve começar a pensar no cenário mais pessimista, o RCP8.5 [que representa um nível mais alto de emissões e um cenário de mudança climática mais severo]. Enalteceu, no entanto, o percurso feito pela agricultura e pelos agricultores nos últimos anos, sobretudo em Portugal. A mesa-redonda sobre este tema manteve um debate muito vivo, onde se confrontaram duas visões opostas, uma mais na perspetiva da proteção do ambiente e da biodiversidade e outra pondo ênfase na produção e na produtividade das culturas. Neste ponto, e decorrendo o congresso em Alcobaça, foram bastante evidenciadas Mesa Redonda 'Água, Agricultura a Ambiente - Uma abordagem Integrada da Gestão da Água'. Segundo o diretor geral de Agricultura, o PDR2020 tem uma taxa de execução de 96%, faltando apenas executar os restantes 4% em 2025
ENTREVISTA 16 as grandes dificuldades por que está a passar a cultura da pêra-rocha, que não consegue erradicar nem controlar a doença do fogo bacteriano, em face das restrições impostas pela regulamentação europeia, nomeadamente o Green Deal, que limita muito o uso de pesticidas na agricultura. Finalmente, o último tema trazido ao congresso foi o da comunicação. Por se sentir que o setor agrícola tem, em geral, dificuldade em comunicar para a opinião pública as suas externalidades positivas, a organização do congresso convidou uma especialista em comunicação, Carla Rocha, completamente externa ao setor, para abordar esta temática. A oradora defendeu a ideia de que a mensagem é tanto mais percebida pela opinião pública quanto mais simples for. Os intervenientes no debate que se seguiu foram unânimes em considerar que o setor agrícola ainda tem de fazer um percurso longo neste domínio, mas não deixaram de dar exemplos de boas práticas e de sucessos já alcançados em alguns setores da produção de alimentos. Que principais conclusões se podem retirar do evento a nível de desafios e oportunidades do regadio nacional no setor agrário? Como conclusões principais deste X Congresso Nacional de Rega e Drenagem pode-se apontar a grande preocupação do setor nas decisões que venham a ser tomadas pelo poder político acerca da gestão futura dos recursos hídricos e do planeamento estratégico do regadio em Portugal. Nesse sentido, existe alguma expetativa para perceber o que o governo atual vai decidir e implementar neste domínio, a partir do relatório que o grupo de trabalho ‘Água que Une’ irá produzir até ao final do corrente ano. Outra conclusão é a necessidade de formação contínua dos agricultores e dos técnicos para o uso da multiplicidade de ferramentas da designada agricultura de precisão, postas à disposição do agricultor para ser mais eficiente no uso dos recursos e mais produtivo. Outra conclusão que me parece evidente, considerando as diversas formas de olhar para as condições em que o setor agrícola europeu produz alimentos, é a de que as políticas e as estratégias devem ser pensadas com a participação dos agricultores através das suas organizações representativas. A proteção do ambiente e a defesa da biodiversidade não devem estar de costas voltadas para a agricultura, que produz os alimentos necessários a todos. Neste sentido, o diálogo estratégico idealizado pela presidente da Comissão Europeia é muito bem-vindo. O que revelam os trabalhos técnicos e científicos apresentados, ao nível de tendências na agricultura? Qual é o atual papel da tecnologia e da inovação na gestão da rega e do regadio? A maior parte dos trabalhos científicos e técnicos apresentados durante o congresso têm um escopo comum, que é o de proporcionar ferramentas que auxiliem o setor agrícola a ser cada vez mais eficiente na utilização dos recursos e na proteção do meio ambiente. Mencionou-se, entre outros assuntos, o uso das previsões meteorológicas na rega de determinadas culturas, a disposição de painéis fotovoltaicos para apoio da rega, serviços de apoio à decisão na rega, proteção dos recursos hídricos em determinados agroecossistemas, o potencial de reutilização de águas residuais em contexto agrícola, soluções baseadas na natureza e Living Labs para reutilização da água em meio rural, qualidade da água da rega. Outros trabalhos, noutra perspetiva, mostraram, por exemplo, o sucesso do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), com a apresentação dos ‘grandes números’, o desafio da gestão hídrica em cenários climáticos futuros, a necessidade da implementação de um simplex ao nível do licenciamento dos recursos hídricos, dada a excessiva burocratização existente, ou mesmo o desafio da implementação de uma rede nacional da água. Mesa Redonda 'Regadio, Inovação e Tecnologia'. A proteção do ambiente e a defesa da biodiversidade não devem estar de costas voltadas para a agricultura, que produz os alimentos necessários a todos
ENTREVISTA 17 Quanto ao papel da tecnologia e da inovação na gestão da rega e no regadio ficou bem evidente nos debates que tiveram lugar que o regadio eficiente deve usar formação e informação, bem como as tecnologias que tem à disposição, e que esse caminho deve prosseguir com a ajuda da academia e das empresas. Quais são as grandes preocupações do COTR no que respeita a rega e drenagem, tendo em conta o seu propósito de potenciar o desenvolvimento agrário? O COTR foi constituído em 1999 com a preocupação de auxiliar o meio agrícola na transformação da agricultura de sequeiro em agricultura de regadio, na zona em que nascia o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA). No cumprimento dessa missão, o desígnio principal era o de promover e divulgar o conhecimento técnico e científico no sentido de incentivar o agricultor a seguir as boas práticas no uso eficiente da água na rega das suas culturas. Longe de ser um chavão, esse objetivo continua a ser fundamental nos dias de hoje. Para o atingir, o COTR tem estabelecido, ao longo da sua história, uma relação muito direta com os agricultores regantes, caminhando com eles no percurso da eficiência do uso da água, e auxiliando-os quer no conhecimento do funcionamento dos seus sistemas de rega e da sua manutenção, quer no fornecimento de dados agrometeorológicos das 14 EMAs do COTR, quer na formação, nomeadamente, sobre equipamentos. Por outro lado, ao nível das grandes áreas dedicadas ao regadio (perímetros de rega), o COTR tem feito trabalhos de monitorização de solos de modo a que se perceba a evolução do estado dos solos com a introdução do regadio e dos novos sistemas culturais. Esta relação do solo com a rega é, hoje, um tema que merece estudo. Outra preocupação sentida pelo COTR tem a ver com a situação de escassez ou limitação de recursos hídricos, pelo menos, em algumas áreas. Esta realidade pode obrigar à implementação de práticas de rega diferentes, por exemplo a rega deficitária, para as quais temos de estar atentos, desenvolvendo estudos de benchmarking e experimentação. Quais são as prioridades da Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio, apresentada no evento, especialmente no que respeita ao uso eficiente e sustentável da água de rega? A Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio, apresentada sob a forma de proposta no congresso, constitui uma das obrigações do COTR, reconhecido como Centro de Competências para o Regadio Nacional em 2018. Entendeu-se que apenas a partir do conhecimento, da investigação e inovação, da tecnologia e da formação entre todos os agentes envolvidos será possível alcançar um modelo de crescimento mais equilibrado e sustentável do regadio. Neste sentido, a Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio pretende delinear um conjunto de estratégias e de ações no setor do regadio que configurem mudanças estratégicas e que permitam, por um lado, a resolução de problemas e conflitos, e por outro, identificar e divulgar boas práticas a implementar e já implementadas. As prioridades identificadas na Agenda dividem-se nos seguintes cinco eixos ou áreas temáticas: Disponibilidade e Qualidade dos Recursos Hídricos; Inovação e Melhoria das Infraestruturas Hidráulicas e de Rega; Sustentabilidade e Rentabilidade do Regadio; Tecnologias e Sistema de Informação de Suporte ao Regadio; Formação, Comunicação e Divulgação. Dentro de cada área temática é elencado Mesa Redonda 'Alterações Climáticas e Regadio - Medidas de Adaptação'.
ENTREVISTA 18 um conjunto de ações e medidas que se considerou ser importante para melhorar a sustentabilidade e eficiência no uso da água no regadio em Portugal. Todas as medidas foram consideradas essenciais para a prossecução do objetivo, pelo que não se pode priorizar umas em detrimento de outras mas, para dar exemplos, posso referir a promoção de projetos que estudem e viabilizem opções culturais de acordo com as disponibilidades hídricas; a promoção da aplicação de novos materiais, soluções técnicas ao nível do perímetro de rega que permitirão melhorias nas condições de armazenamento e no transporte de água; a definição de estratégias de rega deficitária controlada, por cultura, e a determinação das produtividades médias da água, tendo em conta outros fatores (poda), numa lógica de gestão de risco; o estudo e a definição dos limiares das necessidades hídricas das culturas por região e a promoção do estudo da adaptação de novas culturas/variedades com aptidão ao regadio; o desenvolvimento de estratégias de comunicação para transmitir uma nova imagem e valor do regadio (externalidades positivas do regadio). Visita técnica à Campotec. Espera-se que a Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio crie no setor uma vontade de contribuir para uma agricultura cada vez mais eficiente Na prática, o que poderá mudar no setor com a aplicação desta Agenda, considerando que em Portugal o regadio é responsável por 60% da produção agrícola, mas apenas 16% do total de hectares de superfície agrícola utilizável estão equipados para regadio? A nossa expectativa é que a Agenda sirva efetivamente como um referencial para a orientação de políticas públicas no domínio do regadio, uma vez que resulta dos contributos não só do COTR mas de muitas outras entidades, públicas e privadas, que pensam e atuam neste setor. A agricultura de regadio tem mostrado o seu dinamismo, contribuindo fortemente para o sucesso, em termos de produtividade, de alguns produtos, com reflexos muito positivos na balança comercial do setor agroalimentar. As áreas de regadio têm também um papel determinante na fixação das populações no interior. Esperamos, assim, que as medidas previstas na Agenda possam ajudar a que a opinião pública tenha uma melhor imagem da agricultura e do regadio, que reflita, com exatidão, as suas externalidades positivas. Finalmente, sendo a Agenda um documento aberto e dinâmico, que será atualizado regularmente, espera-se que crie no setor uma vontade de contribuir para o desenvolvimento de uma agricultura cada vez mais eficiente na utilização dos recursos. n
INOVAÇÃO NA AGRICULTURA COM ÁCIDOS FÚLVICOS ® www.tecniferti.com VANTAGENS • Melhor assimilação do elemento químico; • Aumento da taxa de fotossíntese (+ clorofila); • Acelera a divisão celular; • Aumenta a vida microbiana dos solos; • Estimula o desenvolvimento radicular; • Menor lixiviação do elemento químico; • Mais retenção de Água; • Menor evaporação de Água. A TECNIFERTI® desenvolveu uma nova linha de fertilizantes líquidos com ácidos fúlvicos (AF) e com vários equilíbrios N, NK, NP, NPK, Cálcio, Magnésio e Carbono Orgânico. Os ácidos fúlvicos têm uma ação reconhecida no metabolismo e crescimento das plantas, influenciando a absorção e transporte de nutrientes. São solúveis em água e embora semelhantes estruturalmente aos ácidos húmicos, apresentam um menor peso molecular, maior quantidade de compostos fenólicos e de grupos carboxílicos e uma menor quantidade de estruturas aromáticas. Estas características conferem-lhes melhor solubilidade em água e maior capacidade de troca catiónica. A influência dos ácidos fúlvicos na estrutura física do solo ocorre através da maior retenção de água, melhoria do arejamento e por consequência maior resistência à erosão devido às suas partículas coloidais que são capazes de formar uma emulsão em contacto com a água. Como agentes complexantes desfavorecem a manutenção de iões metálicos na solução do solo promovendo a redução da toxicidade destes elementos. Os ácidos fúlvicos aumentam ainda o poder tampão dos solos reduzindo as variações de PH.
20 CULTIVO: CITRINOS Campanha de citrinos 2023/24 aumenta 30% A campanha de citrinos no Algarve correu bem, apesar das dificuldades. A produção aumentou 30% em relação ao ano anterior. A escassez de água e as pragas e doenças não impediram a qualidade dos frutos. O setor enfrenta dificuldades, mas a campanha de citrinos 2023/24 correu bem. A produção aumentou 30% em relação à campanha anterior e cerca de 10% quando comparada com a média dos últimos anos, disse José Martins de Oliveira, presidente da direção da AlgarOrange, maior associação portuguesa de operadores de citrinos, que representa cerca de 40% da produção de citrinos no Algarve e 30% da produção nacional. O Algarve combina condições de clima, relevo, temperatura, solo, vento e humidade do ar de excelência para a produção de frutos de qualidade e em quantidade. Segundo informação disponibilizada pela AlgarOrange, 70% da área de plantação de citrinos encontra-se no Algarve, o que corresponde a 88% da produção de laranjas, tangerinas, limões, tângeras e toranjas, entre outras variedades de Portugal. As estimativas da associação apontam para que, da totalidade de citrinos produzidos, cerca de 84% tenham sido laranjas, 8% tangerinas e clementinas e 7% limões. Apesar do crescimento, a produção enfrentou dificuldades, à semelhança de anos anteriores. Por um lado, a escassez de água, por outro as pragas e doenças que foi necessário combater. Ainda assim, “em termos de qualidade, a campanha pode considerar-se razoável a boa”, embora “as pragas e doenças, a falta de meios de controlo, a falta de água e as condições climáticas fora dos padrões” tenham condicionado os calibres produzidos, lamenta José de Oliveira. As estimativas da AlgarOrange apontam para que, da totalidade de citrinos produzidos, cerca de 84% tenham sido laranjas, 8% tangerinas e clementinas e 7% limões. Foto: Taryn Elliott/Pexels.
21 CULTIVO: CITRINOS Os principais destinos de exportação das laranjas portuguesas são Espanha, França e Alemanha, no entanto, o ranking é ligeiramente diferente quando se fala da produção da região do Algarve. A maioria da produção tem como destino o mercado nacional, sendo que 30% se destinam à exportação principalmente para França, Alemanha e Espanha, seguidos de destinos como Suíça, Dinamarca e Países Baixos, explica José de Oliveira. Segundo a AlgarOrange, os citrinos algarvios são dos frutos mais exportados por Portugal. Em 2023, as exportações ultrapassaram os 197 milhões de euros, mais 10,4 milhões do que no ano anterior, disse a associação. DESAFIOS E OPORTUNIDADES DO SETOR Olhando para a campanha em curso, José de Oliveira apontou os principais desafios e oportunidades da produção e comercialização de citrinos. “A água continuará a ser o grande desafio do setor, pois condicionará o investimento em novos pomares”, explica, acrescentando que “as alterações climáticas e as mudanças nas temperaturas afetarão a qualidade” da produção. Outros grandes problemas do setor são a falta de mão de obra e as pragas que “continuarão a ser um grande desafio devido às continuas dificuldades na disponibilidade de produtos a utilizar”. Além disso, a conjuntura económica europeia “poderá condicionar fortemente a comercialização” dos citrinos. A concentração será certamente outro grande desafio, mas será igualmente “uma grande oportunidade como fator de capacidade de comercialização para mercados internacionais”, assinala o responsável. Entretanto, a escassez de água tornou legalmente impeditiva a criação de novas áreas de regadio na região do Algarve. O presidente da AlgarOrange assegura que “existe a vontade” de aumentar a área de produção, mas neste momento os associados “estão completamente condicionados” e, “lamentavelmente, estas restrições apenas se aplicam ao setor agrícola. Os outros setores de atividade da economia do Algarve podem continuar a aumentar as suas atividades e, por consequência, o consumo de água”, salienta José de Oliveira. O responsável lança o alerta: “para nós não é aceitável esta forma discricionária de tratar aqueles que fazem da agricultura o seu modo de vida”. Com a impossibilidade de aumentar a área de cultivo, o setor deverá continuar a centrar o investimento em tecnologia, quer na produção quer nas centrais de operação. O PAPEL DA ALGARORANGE NA DEFESA DOS CITRINOS DO SUL DO PAÍS A AlgarOrange defende a necessidade de união da produção para obtenção de maior poder comercial e divulga a certificação Indicação Geográfica Protegida dos citrinos da região (IGP – Citrinos do Algarve). Quadro 1 – Exportações de laranjas DESTINO QUANTIDADE (toneladas) VALOR (1000 Eur) Espanha 95.737 82.069 França 35.360 34.498 Alemanha 3.247 3.664 Cabo Verde 1.846 2.098 Polónia 942 1.056 Roménia 957 817 Países Baixos 838 802 Suíça 491 649 Grécia 299 399 Bélgica 222 277 Luxemburgo 111 139 Abast/provisões de bordo no âmbito das trocas UE 67 133 Outros países 564 589 TOTAL 140.681 127.190 Fonte: Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral. Quadro 2 – Exportações de limões DESTINO QUANTIDADE (toneladas) VALOR (1000 Eur) Espanha 29.819 30.397 França 1.770 1.812 Cabo Verde 359 442 Polónia 292 339 Suíça 136 155 Alemanha 122 130 Países Baixos 65 73 Roménia 54 72 Abast/provisões de bordo no âmbito das trocas UE 3 44 Hungria 16 38 Outros países 62 71 TOTAL 32.698 33.572 Fonte: Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral.
22 CULTIVO: CITRINOS A associação tem procurado fazer do conhecimento uma forma fundamental de apoio aos produtores, através da formação e divulgação de dados de produção, preços e necessidades de certificações. “O conhecimento do mercado é, do nosso ponto de vista, de grande importância para a produção. Através de ações de formação fazemos chegar aos técnicos toda a inovação e novas tecnologias”, explica José de Oliveira. A divulgação da certificação IGP – Citrinos do Algarve é de “extrema importância para se consolidar a exportação, pelo que continuamos a promover junto dos produtores e operadores a necessidade de produzirem e comercializarem com este rótulo que deverá ser a marca dos citrinos do Algarve”. Os IGP – Citrinos do Algarve são produzidos numa área geográfica específica e possuem características que os distinguem de outros: casca fina, colorida e brilhante e um elevado teor de sumo, doce e de sabor inconfundível. A produção está limitada aos concelhos de Albufeira, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Monchique, Olhão, Portimão, S. Brás de Alportel, Silves, Vila Real de Santo António, Loulé (exceto a freguesia de Ameixial) e Tavira, (com exceção da freguesia de Cachopo). Finalmente, a AlgarOrange tem uma candidatura de um Projeto de Internacionalização que tem como objetivo a comunicação e marketing e o aumento do interesse pelos citrinos produzidos no Algarve, visando os mercados de França, Alemanha e Canadá. SETOR CONTINUA A PEDIR CADASTRO REGIONAL A AlgarOrange lidera a Plataforma de Inovação Recursos Endógenos Terrestres – Agroalimentar, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) Algarve, na qual se vai apresentar a proposta de realização do Cadastro da Agricultura do Algarve. José de Oliveira lamenta que a região continue sem cadastro “apesar de todos reconhecerem a sua importância”. E detalha: “a existência de um Cadastro Regional é essencial para que possamos produzir de uma forma mais inovadora e sustentável. Necessitamos conhecer o que produzimos, onde produzimos e como produzimos. Necessitamos conhecer áreas de produção por variedade, idades das plantações, compassos e os porta-enxertos”. O cadastro permite ter um conhecimento fidedigno do território, criar mapas para avaliação de risco e impacto de pragas e doenças e respetivas estratégias de controlo. Permite ainda o desenvolvimento de um sistema de avisos para passar indicações de onde e quando fazer o controlo de pragas e doenças, bem como para desenvolver estratégias integradas que permitiriam produzir de forma mais sustentável. n Gráfico 1 - Produção nacional de laranjas nos últimos cinco anos Gráfico 2 - Produção nacional de limões nos últimos cinco anos PRODUÇÃO LOCAL EM VALÊNCIA PREJUDICADA POR CHUVAS TORRENCIAIS Valência, em Espanha, é uma das grandes regiões de produção de citrinos na Europa. No final de outubro, no dia 30, em apenas oito horas caiu o equivalente a um ano de chuva em algumas partes daquela que é a terceira maior cidade do país vizinho. Esta situação levará a “produções locais mais reduzidas, com as normais consequências comerciais”, explica José de Oliveira. No entanto, ainda é cedo para ter “uma perceção clara relativamente à quantificação das consequências”, esclarece o responsável da AlgarOrange. RUBRICA Unidade 2019 2020 2021 2022 2023 Área ha 17.129 17.221 17.252 17.210 17.501 Produção tonelada 346.510 355.284 363.918 378.452 278.706 Fonte: Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral. RUBRICA Unidade 2019 2020 2021 2022 2023 Área ha 1.620 1.644 1.666 1.675 1.760 Produção tonelada 23.187 25.197 27.189 30.618 36.213 Fonte: Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral.
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