ENTREVISTA 33 caudais derivados do sistema do Alqueva’. A interligação entre Alqueva e a barragem de Santa Clara, via Monte da Rocha, é a solução que, estruturalmente, melhor permite garantir a disponibilidade de água que o sudoeste alentejano necessita, e da forma mais eficiente, para todos setores: indústria, turismo, agricultura e, também, o setor doméstico. Apesar desses apoios que ainda não chegaram, os produtores da Lusomorango utilizam hoje cerca de 25% da água que usavam há apenas sete anos. Como? Fruto dos investimentos consideráveis que têm realizado ao longo do tempo e que lhes têm permitido fazer uma gestão cada vez mais eficiente do uso da água. Os produtores não têm qualquer interesse em gastar água, pelo contrário. A água é também, além de um recurso vital à produção agrícola, um recurso financeiro. A produção agrícola evoluiu imenso nos últimos dez anos e a tecnologia é hoje um motor da transformação do setor. Os produtores da Lusomorango não estão alheios a isto e as poupanças de água que têm conseguido são fruto desta consciência e do investimento em sistemas de rega inteligente e eficiente, assim como de sistemas de reaproveitamento e recirculação de águas, entre outros. Quais devem ser as prioridades na atual visão estratégica para a indústria agroalimentar, e concretamente para o setor hortofrutícola? A visão estratégica que defendemos para o setor visa eliminar as principais barreiras que limitam o crescimento e o desenvolvimento desta indústria. A água é um recurso fundamental que, atualmente, representa uma das barreiras mais significativas a este desenvolvimento, se não a mais importante de todas. Por outro lado, a redução da burocracia e de entropias entre os diferentes organismos do Estado e destes com os produtores e empresários são igualmente travões à prosperidade do setor. Ainda, temos a questão da mão-de-obra, como a da comunidade migrante, que é essencial à economia nacional. Não podemos correr o risco de perder esta capacidade produtiva, da qual dependem muitos setores de atividade em Portugal. Face ao atual contexto socioeconómico nacional e europeu, como projeta o potencial do setor de frutos vermelhos em 2025? O consumidor é o motor de todos os mercados. Com os estilos de vida cada vez mais exigentes e com o cuidado cada vez maior com a saúde e o bem-estar, existe um crescente interesse pelos pequenos frutos devido às suas caraterísticas nutritivas. Esta é uma realidade em todo o mundo. O contexto socioeconómico, nacional e europeu, só vem reforçar a exigência dos consumidores que, reconhecendo valor ao produto, procuram mais e melhor qualidade. E é aqui que nos distinguimos: em Portugal, dispomos de condições ímpares para a produção de pequenos frutos, conferindo-lhes um sabor, qualidade e frescura inigualáveis e que são muito apreciados pelos mercados das mais variadas geografias. n A concretização do projeto ‘Água que Une’ deve ser uma prioridade na implementação da estratégia que garanta a modernização dos perímetros de rega antigos e novas fontes de água
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