BA16-Agriterra

FERTILIDADE DO SOLO 55 Figura 1. Efeito da agricultura intensiva sobre diferentes parâmetros estruturais e produtivos do solo. O SOLO COMO ENTIDADE DINÂMICA O solo é um dos ambientes mais complexos da Terra a nível microbiológico. Nos últimos anos, tem-se estudado a forma como as comunidades microbianas influenciam a composição dos solos a vários níveis, desde o teor de nutrientes até às propriedades físico- -químicas do solo. O conhecimento destas comunidades e da forma como atuam ao nível edáfico representa um impulso para o desenvolvimento de novas estratégias de melhoria das culturas, permitindo atuar de modo mais eficiente quando as condições do solo o exijam. As plantas, como todos os seres vivos, têm uma série de requisitos nutricionais necessários para a vida e para o desenvolvimento. Por exemplo, sabe-se que necessitam, nomeadamente, do fornecimento correto de 17 elementos, sem os quais o rendimento da produção será afetado. Destes, existem três, o carbono, o hidrogénio e o oxigénio, que são de origem não mineral e cujo fornecimento é obtido através do dióxido de carbono atmosférico e da água. Os restantes 14 são de origem mineral, ou seja, são obtidos a partir do solo. Estes são classificados principalmente em três grupos. Os macronutrientes primários, que incluem o azoto (N), o fósforo (P) e o potássio (K); os macronutrientes secundários, que incluem o cálcio (Ca), o magnésio (Mg) e o enxofre (S); e os micronutrientes, que são o ferro (Fe), o manganês (Mn), o zinco (Zn), o cobre (Cu), o boro (B), o molibdénio (Mo), o cloro (Cl) e o níquel (Ni) [1]. Todos estes nutrientes são obtidos pelas plantas a partir do solo, pelo que a composição dos solos em que as plantas são cultivadas desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da agricultura. O balanço destes nutrientes no solo deve estar em equilíbrio. Num ecossistema natural as plantas obtêm nutrientes do solo, crescem e desenvolvem-se, e a matéria vegetal que perdem cai no solo. O solo é habitado por milhões de microrganismos capazes de transformar esta matéria vegetal em novos minerais que farão parte do solo, fechando assim o ciclo (Figura 1). No entanto, a agricultura altera o ciclo natural dos elementos no solo, devido à extração de nutrientes e à alteração das condições através da lavoura. Tradicionalmente este problema tem sido atenuado com a aplicação de fertilizantes químicos inorgânicos e fontes orgânicas de nutrientes, como o estrume ou o composto. No entanto este sistema é ineficiente, uma vez que é necessário um grande fornecimento para se alcançar o desenvolvimento pretendido das plantas, o que facilita a acumulação excessiva de nutrientes que, quando sujeitos a processos de escoamento e lixiviação, facilitam a contaminação das águas superficiais e subterrâneas circundantes. Por exemplo, os solos com baixos níveis totais de fósforo podem ser suplementados com fertilizantes fosfatados, mas grande parte passa a não disponível ao chega ao solo. Entre 75 e 90% do fósforo adicionado é precipitado por complexos catiónicos metálicos. Quase de imediato acaba retido nos solos e tem efeitos negativos a longo prazo, como a eutrofização, o esgotamento da fertilidade do solo e a pegada de carbono. Os microrganismos que vivem nos solos desempenham um papel essencial, com tarefas fundamentais, como por exemplo, completar o ciclo dos nutrientes e da matéria orgânica. Também estão relacionados com a fertilidade do solo, a saúde vegetal e a

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