BA16-Agriterra

OLIVAL Figura 1. Imagem corporativa do Grupo Operacional Douliva. 31 deste ano, dos quais 75.000 hectares irrigados. O motivo não é apenas a modernização do olival, mas também o facto de ser uma cultura de “refúgio” para muitos agricultores que não encontram rentabilidade no milho ou no tomate, nem a tranquilidade de ter água todos os anos para outras culturas, como o arroz. Toda esta produção tem de ser transformada pelos 137 lagares de azeite (o maior número da história recente) e pelas 99 indústrias de transformação da Extremadura. Apesar deste aspeto muito positivo para a economia estremenha, o olival e as indústrias que transformam a sua produção apresentam várias debilidades e ameaças que reduzem a sua competitividade na produção e comercialização dos azeites e azeitonas de mesa obtidos quando comparados com com outras zonas olivícolas do país. No entanto, a situação olivícola da Extremadura é radicalmente diferente quando se analisa cada província separadamente: • Badajoz tem 234.118 ha de olival, dos quais mais de 26% são de regadio. Nesta província, os olivais mais competitivos do mundo encontram-se nas zonas de planície e de regadio, em quadros super-intensivos e com capacidade para produzir 1,5 t de azeite/ha, enquanto nas zonas de montanha os olivais são pouco competitivos e têm um elevado valor ambiental, de bem público e paisagístico. A produção de azeitona de lagar ultrapassa os 500 milhões de quilos e a de azeitona de mesa cerca de 80 milhões de quilos, principalmente a Manzanilla de Sevilla. A tendência nos últimos anos tem sido o aumento da superfície dos olivais de regadio, mas também para a diminuição dos olivais de sequeiro, que se estaria a transformar num olival mais competitivo. • Cáceres tem 58.130 ha de olival, dos quais apenas pouco mais de 10% são irrigados e a superfície está a diminuir, principalmente devido ao abandono dos olivais de montanha. Esta província não se caracteriza pelos seus grandes olivais em quadros super-intensivos, mas sim pelos seus olivais de montanha, com variedades rústicas que são a marca da sua produção olivícola, principalmente a Manzanilla Cacereña, com baixo rendimento em gordura e utilizada principalmente para azeitonas pretas oxidadas. A produção anual da província situa- -se entre os 50 e os 100 milhões de quilos de azeitona de lagar e os 60 e os 80 milhões de quilos de azeitona de mesa. O elevado nível de vinhas faz com que o leque de produção seja amplo. O OLIVAL DA EXTREMADURA NÃO SE LIMITARÁ A FORNECER AZEITONAS A evolução da cultura da oliveira na Extremadura nos últimos 20 anos foi muito grande. A olivicultura teve uma importância primordial do ponto de vista ambiental, paisagístico, histórico, cultural e antropológico, com uma preocupação com preservar as tradições e a biodiversidade locais (variedades locais) e para evitar uma grave erosão dos solos. Do ponto de vista da sustentabilidade, a olivicultura tem um baixo impacto ambiental e um elevado valor social, mas é geralmente pouco rentável (ou seja, os olivais são mantidos por mão de obra familiar não remunerada), embora os lucros sejam muitas vezes partilhados por pequenas comunidades e famílias para as quais representam uma importante (se não a única) fonte de rendimento. Estes olivais tradicionais, muitos dos quais são de altitude e de sequeiro, são os mais vulneráveis a futuras alterações climáticas. Nos últimos anos, o olival de regadio, em quadros intensivos e superintensivos, tornou-se a principal cultura de regadio, ultrapassando a cultura do milho em 2018. Além disso, este tipo de olival atingiu um nível de competitividade muito elevado. O provavelmente mais competitivo olival do mundo está localizado nas planícies férteis do rio Guadiana. De um ponto de vista social, foi proposta uma relação direta entre a intensificação e a noção de desterritorialização, na medida em que os sistemas agrícolas intensivos estão menos enraizados nos conhecimentos tradicionais, nas peculiaridades e nas ecologias regionais do território e da comunidade. Por outro lado, tem sido descrito que o potencial de sequestro de carbono dos olivais aumenta com a intensificação da plantação, embora com algumas exceções, devido à maior biomassa produzida em resposta ao maior volume de água utilizados na rega. A competitividade não tem de ser incompatível com a sustentabilidade nem com a procura do cumprimento das linhas estratégicas da nova PAC, reduzindo o impacto ambiental, possibilitando a conversão do olival em sumidouro de carbono e favorecendo a biodiversidade através de práticas culturais.

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