70 DOSSIER PEÇAS DE SUBSTITUIÇÃO CAMPOAGRÍCOLA José Goicoechandia, gerente: “A continuidade é cada vez mais difícil para as pequenas empresas” 1. 2023 foi um mau ano no que diz respeito ao consumo de peças de substituição para o setor agrícola. Estamos imersos numa seca severa, que fez com que, por exemplo, não houvesse campanha de primavera e que em muitos sítios não fosse possível semear milho ou girassol. A realidade é que não choveu de fevereiro a setembro e isso fez diminuir de forma drástica o consumo de peças de substituição para o setor agrícola. Assim, o balanço do ano quanto ao consumo foi negativo. 2. Há muito tempo que foram ultrapassados. Este problema fomos nós próprios que o criámos. Com a crise de fornecimentos de matéria-prima de 2021, todos tentámos aumentar os nossos stocks para evitarmos ruturas e esses stocks excedentários que todos tínhamos no início do ano, juntamente com o efeito da seca, fizeram com que o mercado tenha virado agora em sentido contrário e já não existem problemas de abastecimento, mas sim quase o oposto, um excesso de oferta. 3. Os preços baixaram ao longo do ano. Os transportes provenientes de países terceiros, como a China, a Índia ou o Brasil, também diminuíram. Estamos agora confrontados com stocks comprados a preços elevados, tanto de matéria-prima como de produto acabado, o que significa que 2024 começará como este ano está a terminar, com uma grande incerteza em relação às condições meteorológicas e às campanhas, e com pequenas descidas de preços que se prolongarão até maio/junho, momento em que se conseguirá regular os excessos de stocks e se equilibrará a oferta e a procura. 4. As pequenas empresas não se podem defender como as grandes, não têm acesso a comprar em países terceiros e, geralmente, não exportam, pelo que as suas vendas são maioritariamente internas. As suas estruturas são mais pequenas, mas o seu mercado é mais limitado e os seus preços menos competitivos. Estas crises tornam-nas muito mais vulneráveis em relação às multinacionais e aceleram o processo de globalização. A continuidade é cada vez mais difícil para as pequenas empresas. 5. De referir que, este ano, a nossa empresa foi adquirida por um fundo de investimento com a ideia de criar um grupo de empresas de peças de substituição tanto para o setor agrícola como de jardinagem. Criámos um departamento de exportação com agentes em França e Itália, com a ideia de internacionalizar a empresa. E aumentámos as gamas de produtos, como os rolos de fresas, mais grades com placa de carboneto e dois novos modelos de cultivadores que lançaremos no mercado no final do ano. 6. Na CAMPOAGRÍCOLA, esperamos que até maio/junho o mercado siga a mesma tendência de agora, permanecendo algo contido, mantendo os preços e os consumos. No entanto, esperamos uma mudança positiva a partir daí, com um consumo muito maior. Devemos ter em conta que o mercado agrícola deve permanecer indiferente aos restantes mercados, uma vez que somos de primeira necessidade e somos agora 7000 milhões de pessoas e esperamos ser 10 000 milhões em 2040. E todos nós queremos comer todos os dias, pelo que esperamos um aumento do nosso mercado por pura lógica. O campo não pode parar. n
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