16 EVENTO Agroflorestal de toda a Península Ibérica se envolvessem neste evento. Durante três dias, foram debatidos em profundidade os últimos avanços em áreas como a agricultura de precisão, energia, projetos, tecnologia de estufas, construção e infraestruturas rurais, solos e água, etc. Este congresso consolida-se como um fórum de partilha de avanços no conhecimento científico que podem depois ser reunidos por outras associações do setor agroalimentar, mais orientadas para a transferência, para os “processar e reelaborar”, de modo a que cheguem às empresas e possam, efetivamente, ser aplicados para aumentar a eficiência e competitividade das mesmas e conseguir-se assim a transformação que procuramos no setor e na sociedade. Outro aspeto em destaque deste fórum foi a elevada presença de jovens investigadores que quiseram partilhar o seu trabalho no âmbito da agroengenharia. "É essencial que as novas gerações se envolvam nos desafios da agroengenharia, pois serão elas a impulsionar as inovações e descobertas que farão a diferença no futuro. Trata-se de um compromisso partilhado entre a juventude e os veteranos, essencial para avançarmos com coragem rumo a um futuro melhor", afirmou Manuel Pérez Ruiz, diretor do Mestrado em Agricultura Digital e Inovação Agroalimentar da Universidade de Sevilha. O último dia do congresso foi dedicado a uma visita técnica ao grupo empresarial alimentar Ybarra, uma referência na Andaluzia e um dos maiores em termos de volume de negócios em Espanha. Está presente em mais de 90 países. Fundado em 1842, surgiu dedicando-se à produção de azeite. Mais tarde, alargou o negócio ao mercado das maioneses, molhos, vinagres, legumes, azeitonas, tomates e sal. Além disso, este centro industrial, dotado de 550 equipamentos de produção e 15 linhas de embalamento de molhos e óleos, conta com a tecnologia “Mes 4.0” para gerir o gás, o ar comprimido e o vapor. Trata-se de uma indústria 4.0 que dispõe de uma rede de comunicações industriais de fibra ótica e de um sistema central de supervisão e controlo. Toda a informação dos processos produtivos é conhecida e analisada em tempo real e o sistema de supervisão está preparado para integrar novas tecnologias que possam surgir no futuro. REFLEXÕES O congresso também nos deixou algumas mensagens muito contundentes sobre as quais devemos refletir: (1) as consequências da renúncia europeia à sua independência tecnológica, (2) a necessidade de demonstrar o benefício económico da adoção de tecnologias através da experimentação aplicada nas explorações agrícolas, de modo a que os agricultores incorporem as inovações que se estão a desenvolver nos centros de investigação, (3) a utilidade dos modelos de inteligência artificial para ajudar a resolver problemas complexos com a necessária colaboração humana, (4) os biocombustíveis podem ser uma alternativa eficaz à utilização de combustíveis fósseis para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, e (5) a conveniência de abordar a resolução de problemas em sistemas complexos, como o agrícola, com equipas de trabalho multidisciplinares. O Congresso Ibérico de Agroengenharia, que se realiza bianualmente, voltará a ser realizado na cidade portuguesa de Coimbra em 2025, naquela que será a sua décima terceira edição. n
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