BA13 - Agriterra

HORTÍCOLAS 72 cidos, como a produção de compostos orgânicos voláteis ou VOC (do inglês Volatile Organic Compounds). Os VOC são substâncias químicas de baixo peso molecular que podem ser emitidas por bactérias e, quando detetadas pelas plantas, conseguem desencadear uma resposta positiva nas mesmas, melhorando o seu desenvolvimento e crescimento. Todos estes mecanismos PGP atuam em diferentes níveis nas plantas, induzindo mudanças que não só favorecem o crescimento vegetal, mas também podem causar maior resistência ou tolerância a diferentes stresses abióticos, como a salinidade do solo. Por exemplo, a produção de biofilmes bacterianos nas raízes e no solo leva a um aumento da porosidade do mesmo e atua como uma barreira entre o sistema radicular e o ambiente salino, mantendo o potencial hídrico da planta mais estável. A solubilização bacteriana de K+ ou P+ permite uma maior absorção desses iões pela planta, o que aumenta a sua concentração contra outros iões tóxicos, como o Na+ (que em condições salinas tem concentrações elevadas, produzindo efeitos negativos nas plantas). Além disso, a exposição das culturas aos VOC bacterianos pode desencadear determinadas respostas moleculares na planta, o que pode neutralizar os efeitos negativos da salinidade no solo. Desta forma, os PGPB atuam nas culturas, não só melhorando a sua produtividade e o valor nutricional em condições ideais de crescimento, mas também ajudando a resistir a condições ambientais adversas que causam uma redução na produção vegetal. Portanto, a obtenção de estirpes bacterianas com capacidade de PGP e inócuas (ou seja, com elevado nível de biossegurança para o homem e o meio ambiente) é uma alternativa de grande interesse nas condições climáticas cada vez mais desfavoráveis/ hostis que a agricultura enfrenta. BIOFORTIFICAÇÃO BACTERIANA CONTRA A SALINIDADE Os PGPB são um grupo heterogéneo de bactérias, incluindo os rhizobia, utilizados há décadas pela sua capacidade de estabelecer relações simbióticas com as plantas e fixar o nitrogénio atmosférico em nódulos radicais. O género Rhizobium foi o primeiro grupo descrito dentro destas bactérias, conhecido normalmente pela fixação de nitrogénio atmosférico em simbiose com as leguminosas. Nos últimos anos, tem sido descrita a capacidade deste taxon bacteriano de interagir com culturas não leguminosas, melhorando a sua produção e seu valor nutracêutico, mesmo em condições de stresse abiótico (como a salinidade). Em estudos realizados na Universidade de Salamanca, observou- -se que a aplicação de estirpes deste género bacteriano em plantas de alface provoca melhorias em parâmetros vegetativos e produtivos, também em condições de salinidade (Figura 1). Assim, os testes em estufa mostraram que a inoculação da cultura da alface com essas bactérias gerou melhorias de até 80% em diversos parâmetros produtivos e de qualidade desta cultura: peso da parte aérea, número de folhas e teor de clorofila das folhas. Portanto, a aplicação de estirpes de Rhizobium não só favorece o crescimento da planta e o seu rendimento comercial, mas também ajuda a manter um melhor aspeto da parte comercializável desta cultura. Por outro lado, em condições de salinidade, a inoculação com Rhizobium também apresentou melhorias de até 30% nos parâmetros analisados, em relação às plantas não inoculadas. Desta forma, pode-se estabelecer que a biofortiFigura 1. Efeito da biofortificação de plantas de alface através da aplicação de Rhizobium, em condições normais (em cima) e salinidade (em baixo). Planta de controlo não inoculada Plantas não inoculadas (salinidade) Planta tratada com biofortificante Plantas tratadas (salinidade)

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx