BA13 - Agriterra

ENTREVISTA 27 Qual tem sido a evolução do Congresso Ibérico de Agroengenharia nos últimos anos, em termos de estrutura e conteúdo? A edição deste ano é a décima segunda e tivemos a sorte de organizá-la na nossa casa, a Universidade de Sevilha. Acho que a organização de um evento com estas características a cada dois anos, numa área de especialização tão específica como a nossa, tem muito mérito. Quanto à estrutura do encontro, desde a organização que temos vindo a construir evoluções sobre as conquistas das edições anteriores. A mudança mais óbvia em relação às últimas edições ocorreu no que diz respeito à evolução das novas tecnologias. O avanço na sustentabilidade e nas ferramentas destinadas à otimização dos processos tem-se refletido muito bem nas 94 publicações apresentadas no Congresso deste ano, todas de excelente qualidade. Qual é o estado atual da formação em engenharia agronómica em Espanha? Talvez a visibilidade dessa formação universitária seja minoritária entre a sociedade se a compararmos com outros cursos. No entanto, estamos num momento em que a produção profissional e a empregabilidade deste curso é de, praticamente, 100% no presente. Sendo necessária uma especialização subsequente, a carreira de engenheiro agrónomo permite que obtenha um emprego de acordo com a formação sem qualquer problema. Os estudos de engenheiro agrónomo também têm uma característica muito definida que é a multidisciplinaridade. Um engenheiro agrónomo pode trabalhar numa empresa de insumos, seja como consultor de agricultores no campo ou a participar na construção de uma adega. Por isso, acredito que a carreira de engenheiro agrónomo oferece essa versatilidade aos alunos para que, ao concluírem os seus estudos, possam ter uma ampla gama de opções para trabalhar. De todo o trabalho dos investigadores apresentado no Congresso deste ano, que aspetos em particular considera que se destacaram? Acredito que todas as questões que foram abordadas no Congresso serão muito relevantes para todo o setor agroalimentar a curto e médio prazo. No entanto, gostaria de destacar um tópico como os biocombustíveis, mais especificamente o bioetanol. Pode ser um fator- -chave, não tanto para a mobilidade dos veículos, mas para a reindustrialização do meio rural. Este tipo de indústria permite fixar postos de trabalho em áreas rurais e pode ser muito importante para o fenómeno denominado de 'Espanha Vazia'. Outro aspeto a ser destacado é o trabalho de determinação do teor de micotoxinas no cultivo do trigo. Trata-se de um problema de segurança alimentar, devido ao perigo que estes fungos podem representar para a saúde humana e animal. A linha de trabalho atual é baseada na monitorização remota da doença e na realização de controlos e tratamentos de prevenção para evitar o seu aparecimento. A questão da cibersegurança tem sido um dos tópicos mais recentes deste ano, embora no momento não seja muito difundida no âmbito agrário. No entanto, é sem dúvida uma das preocupações para o futuro, ao haver cada vez mais exposição a qualquer tipo de ataque dessas características devido à enorme ligação que ocorre hoje entre todos os elos da cadeia alimentar. Qual a importância do assessor técnico na atividade agrícola nos próximos anos com a entrada em vigor da nova PAC, o caderno digital...? O consultor, tal como o conhecemos atualmente, deve ser formado através de formação complementar para enfrentar todos os desafios colocados pela entrada em vigor da nova PAC. O primeiro passo, portanto, é atualizar-se com pós-graduações ou, simplesmente, formações não regulamentados como cursos que permitam compreender e gerir todas as novas ferramentas que chegam ao mercado para, por exemplo, preencher o caderno de campo digital. O que o técnico não deve fazer é percecionar todas essas mudanças como um obstáculo ao seu desempenho profissional. Na minha opinião, a chave para facilitar essa tarefa é a recolha de dados por máquinas agrícolas e sistemas de gestão das explorações. Esses dispositivos podem, por si só, aglutinar e processar todos os dados necessários para preencher o caderno de campo digital. Acredito que dentro de pouco tempo, o caderno de campo digital já não será um desafio. Por outro lado, pode sê-lo a automatização no momento de o preencher. A fórmula deve ser fazer agricultura intensiva, mas de forma sustentável

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