BA12 - Agriterra

41 FNA23 públicas e privadas na promoção da importância dos jovens agricultores. O vencedor conquista um passe direto para representar Portugal no Congresso e apresentar o seu projeto no Concurso Europeu de Jovens, que se realiza anualmente sob o patrocínio do Parlamento Europeu. De sublinhar que Portugal venceu três vezes esta competição, revelando a nível europeu “o dinamismo, inovação e qualidade” da sua agricultura. OS BLOQUEIOS À TRANSFORMAÇÃO GERACIONAL Numdia que, segundo o CNEMA, “registou uma grande moldura humana”, pela presença de vários líderes políticos e pelo lançamento do concurso da CAP dirigido aos jovens, Nuno Melo participou na 10ª Conferência de Jovens Agricultores. À margem do evento, o eurodeputado e presidente do CDS-PP defendeu, em entrevista exclusiva à Agriterra, que “o que falha no PEPAC - Plano Estratégico da PAC 2023-2027, “são medidas em concreto que sejam percetíveis” e também “direcionadas aos jovens agricultores”. Jánoâmbitodamesa redonda “Os desafios para os jovens agricultores no novo PEPAC”, Nuno Melo sublinhou o imperativo de “resolver o problema estrutural da agricultura emPortugal”, criticando a “ausência de regulamentação que permita que os agricultores se candidatem a projetos”, bem como a “situação das Direções Regionais de Agricultura”. A autonomia alimentar “é um dos melhores projetos europeus”, defende, mas “o seu sucesso não é garantido se não houverem estímulos à renovação geracional do setor”, alerta o eurodeputado, que dinamiza diversas iniciativas de divulgação dos produtos agrícolas nacionais em Bruxelas. Integrado na 10ª Conferência dos Jovens Agricultores, este debate contou ainda, entre outros oradores, com a presença de Luís Mira, secretário- -geral da CAP. Na sua intervenção, o responsável criticou o PEPAC, afirmando que o documento “não tem só uns erros”, mas antes, “é um erro”. A taxa de execução do PDR [Programa de Desenvolvimento Rural] é uma das mais baixas e o PEPAC não tem em conta as necessidades dos jovens, porque, como a CAP vem pedindo ao Ministério da Agricultura, “é preciso ouvir os jovens”. Luís Mira concluiu que “os jovens agricultores deveriam ter apoio técnico e económico por parte doMinistério”, lamentando quemesmo quando há verbas “não haja vontade”. Numa mesa-redonda que analisou os constrangimentos que estes jovens enfrentam relativamente ao acesso à terra (seja para compra ou arrendamento); acesso ao crédito; falta de projetos de apoio ao investimento; aos desequilíbrios entre produção e distribuição; e à premência de adotar o setor como estratégico na centralidade política, as ideias de que a conservação da biodiversidade é o único garante da resiliência financeira, e os créditos de carbono são um ativo que valoriza e “que as pessoas querem perto de casa e longe do greenwashing” foram igualmente abordadas pelo painel constituído por Nuno Melo, Luís Mira, Pedro do Carmo, presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia da República, Nuno Russo, vereador da Câmara Municipal de Santarém e Pedro Santos, da Consulai. Este último recordou que, num setor que representa apenas 1,2% do PIB e onde o emprego diminuiu de 11,5%, em 2010, para 5,3%, em 2020, “há cada vez menos jovens: apenas 1,9% dos agricultores têm menos de 35 anos”. Como comenta Nuno Melo à Agriterra, sem “mecanismos políticos que ajudem a fixar os jovens no interior”, é difícil “criar estímulos para que a agricultura seja uma opção de vida”. Ao problema geracional acresce o problema político, que se prende “com a assunção pelos governos de que a agricultura é, por si mesma, estrategicamente uma prioridade”. Falta reconhecer “a capacidade decisória do setor”, conclui o líder centrista. n “O PEPAC não tem só uns erros, é um erro” – Luís Mira, CAP

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