69 TOMATE DE INDÚSTRIA Na opinião da APH, apesar de a meta proposta “ser bastante ambiciosa e pouco realista, é certo que tem havido uma evolução natural da agricultura em reduzir a aplicação de produtos fitofarmacêuticos, com a adoção de medidas de produção integrada”. No entanto, e como clarifica Fernando Pires da Costa, “o grau de intensificação obriga a uma estratégia de defesa sanitária bem dirigida e específica” ao longo do ciclo produtivo. Algumas empresas já utilizam modelos preditivos para determinadas pragas e doenças, “permitindo atuar apenas quando é necessário”, detalha. As novas tecnologias associadas à agricultura de precisão permitem, de uma forma direta, reduzir a aplicação de produtos fitofarmacêuticos, seja por variação do volume da aplicação ou através do mapeamento da produtividade, explica o responsável. Existe também uma tendência, neste mercado, para o desenvolvimento de produtos mais respeitadores do ambiente, mais inócuos e específicos. De acordo com a FNOP, a produção “tem vindo a experimentar as soluções de resíduo zero, e a testar a sua eficácia no combate às pragas e doenças da cultura”. Dado que a persistência destes produtos é inferior aos de síntese química, para garantir a sua eficácia é necessário repetir a sua aplicação mais vezes, “aumentando os encargos da cultura”, explica fonte oficial. Para João Geada, os agricultores, que “sãomuito resilientes”, têmvindo a retirar substâncias ativas” das culturas, incluindo de tomate, mas “o problema é não haver alternativas no mercado: retiram-se os produtos, as produções diminuem, provoca-se um incremento no preço e o consumidor é que vai pagar a fatura”, lembra. Os fitofarmacêuticos “devem ser retirados, mas encontrando alternativas para os produtores”. As empresas “estão a adaptar-se com muita dificuldade”, porque se “atual- “À data o nosso objetivo ainda é recuperar alguma margem”, João Geada, produtor de tomate de indústria da Herdade do Caldas mente o preço é mais barato”, só o é “porque há apoios a nível europeu”. Mas esses apoios “são sempre para os consumidores, nós não temos subsídios”, lamenta o produtor, sublinhando: “os subsídios que existem são para baixar o preço do alimento, basicamente”. Quando afinal, e como sugere o presidente da Portugal Fresh, “os agricultores contribuem para a coesão territorial, ocupam e cuidam de territórios de baixa densidade, e utilizam cada vez mais os recursos de forma eficiente”, produzindo mais com menos. Destes que são “os maiores protetores do ambiente e da biodiversidade”, até à indústria, seja no setor do tomate ou em qualquer outro de frutas e hortícolas, toda a cadeia deverá preparar-se para aumentar a produção sustentável de alimentos na UE. n
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