BA11 - Agriterra

58 CEREAIS 2021 uma produção de 752 492 toneladas, o que representa um aumento face a 2020, mas uma diminuição face a 2019. Os dados revelam ainda que “que apenas cerca de 5% do milho grão no nosso País se destina ao consumo humano, sendo que o restante se destina ao consumo animal”. Feitas as contas, constata Domingos Godinho, o balanço de aprovisionamento revela uma forte dependência das importações, dado que, na campanha 2020/2021, o grau de autoaprovisionamento foi de apenas 23,7%. Na verdade, as exportações de milho são insignificantes face às importações. Na campanha de 2020/2021 foram exportadas cerca de 260 mil toneladas, quando as importações atingiram as 2 457 mil toneladas”. Firmino Cordeiro tem uma opinião diferente. Para o representante dos jovens agricultores, e no conjunto dos cereais, o milho tem vindo a acentuar o seu papel de liderança, representando atualmente cerca de 40% do total dos cereais. A justificação, aponta, está na análise dos dados estatísticos disponíveis: o nosso País produziu em 2010/11 cerca de 630 mil toneladas de milho, passando este ano a produzirem-se cerca de 700 mil toneladas de milho. Portugal passou de um grau de autoaprovisionamento de 29% para cerca de 37%. O responsável afirmamesmo que, analisando a evolução da área de milho pela Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP), “podemos constatar que o maior aumento de área, relativamente a 2010, se verificou na DRAP Alentejo (mais 5.995 ha), seguindo-se lhe a DRAP de Lisboa e Vale do Tejo (mais 2.208 hectares). Pelo contrário, a área demilho reduziu-se nas DRAP's do Norte (-2.269 ha) e do Centro (-1.584 ha), devendo-se tal facto à difícil situação que atravessa o setor leiteiro nacional, embora muito recentemente se registem algumas melhorias”. A produção nacional versus o real consumo torna-nos “bastante vulneráveis aquilo que são os humores dos países que nos fornecessem o milho, nomeadamente o Brasil e a Ucrânia, os dois principais fornecedores de milho para Portugal”, afirma o responsável da ANPROMIS. Significa isto que a produção portuguesa é totalmente absorvida pelo mercado interno? Não necessariamente. Como aponta Jorge Durão Neves, há algumas situações de exportação para Espanha, nomeadamente a nível da alimentação humana. E porque é que isto acontece? A verdade, aponta o responsável da ANPROMIS, é que Portugal tem visto decrescer as áreas de produção – principalmente desde que acabaram as ajudas – situação que é agravada pelo facto de se ter registado um aumento no consumo. E isto, para Jorge Durão Neves, é a grande novidade. Há 10/15 anos a Europa era autossuficiente em milho. Hoje é o maior importador mundial, “ultrapassando largamente o Japão”, que ocupava o primeiro lugar. “A Europa passa a ser o maior importador porque também passou a ser um grande produtor de carne”, o que significa que “tornámo-nos (a Europa) extremamente vulneráveis à importação de milho porque temos toda uma fileira de produção pecuária que, neste momento, está dependente dessa importação”.

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx